Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Levo meu Snapple para o escritório e, só quando entro no elevador, percebo que esqueci de pegar alguma coisa para comer também. Bom, agora é tarde demais. Não posso voltar à delicatessen, porque sei que há a possibilidade de esbarrar em Alfonso na recepção.

- Como foi? - pergunta Brenda ao colocar a cabeça para fora do cubículo dela quando eu passo.

Como foi? Como é que ela sabe?

- Ele gostou de você?

Devo estar olhando para ela com cara de quem não está entendendo nada, porque ela me ajuda:

- O Milos. -Ah!

- Do que você achou que eu estava falando? De Alfonso.

- Eu sabia do que você estava falando. É só que... acho que estou com insolação - digo, colocando a garrafa fria e escorregadia de Snapple na minha testa ardente.

- Você parece acalorada - concorda Brenda. - Veio a pé nesse calorão todo?

Faço que sim com a cabeça.

- Preciso fazer exercício. Estou tentando caminhar todos os dias.

- Você é louca. Não dá para fazer isso com esse clima. Você vai desmaiar em alguma calçada por aí.

- Está tudo bem, Brenda - digo, sorrindo para a expressão preocupada dela.

- Se quiser se exercitar, compre um vídeo de aeróbica - sugere Brenda.

- Aeróbica? Eu? Sou a pessoa com menos coordenação motora do mundo, Brenda.

- Qualquer pessoa é capaz de fazer aeróbica - diz ela.

- Vou lhe trazer uma das minhas fitas de Jane Fonda amanhã. Você tem um vídeo legal, não tem?

Faço que sim com a cabeça. Ganhei um de presente de despedida da minha família em maio.

- Eu trago a fita amanhã. O que está achando do negócio da sopa de repolho?

- Maravilha - digo, porque não estou a fim de explicar a ela que é impossível viver comendo só sopa de repolho.

- Mesmo? Eu larguei no primeiro dia - diz ela. - Engordei um quilo desde a semana passada.

- Não parece - digo, e é verdade. Brenda é uma daquelas pessoas cujo peso é difícil estimar. Usa muita roupa larga e blazer, e é difícil saber o que existe por baixo. Mas, para mim, não parece ter engordado nada, com o vestidinho largo de verão cor de papoula. Além do mais, a enorme pilha de cabelo por cima da cabeça dela desvia a atenção do resto.

- Paulie quis que eu fizesse uma lasanha para ele ontem

- conta ela. - Ele comeu a metade. Eu comi quase todo o resto.

Minha boca começa a salivar imediatamente. Lasanha. Meu Deus, não como uma lasanha desde... Isso me faz lembrar de uma coisa.

-Brenda, você acha que Jake me deixaria sair mais cedo na sexta, antes do fim de semana estendido do feriado de 4 de Julho?

- Talvez. Porquê?

- Porque quero tomar um ônibus e ir visitar meus pais. E aniversário de casamento deles, e vamos dar uma festa.

- Você devia ir.-Ela abaixa a voz e se inclina na minha direção. - Ligue na sexta e diga que está doente.

- Acho que não devo fazer isso. E se Jake descobrir que eu não estava doente de verdade?

- Como ele descobriria?

- E se ele ligar para minha casa? Ela dá de ombros.

- Você vai estar se sentindo mal demais para atender o telefone.

- Acho que é melhor simplesmente pedir para sair mais cedo. Acho que tem um ônibus que sai às três de Port Authority.

- Não dá para ir mais tarde? Sacudo a cabeça.

- São nove horas de viagem, Brenda.

- Achei que sua família era do interior do estado!

- E é. Este é um estado grande.

- Uau. Tão grande assim?

- Nove horas de distância - digo em tom solene.

Nunca deixo de me surpreender como as pessoas ignoram o restante do estado de Nova York. Para todo mundo, o interior do estado é em Westchester, que é bem pertinho.

- Anahí? É você? - grita Jake do fundo do corredor.

- Parece que estão chamando você - diz Brenda, revirando os olhos. - Adoro como ele se recosta na cadeira e grita, em vez de vir até aqui chamar você, como qualquer ser humano normal.

- Tudo bem - digo, dirigindo-me para a sala de Jake.

Mas talvez ela tenha razão. Nunca tinha reparado como era falta de respeito até ela comentar.