Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Agora que existe uma certa distância entre mim e Will, sou capaz de enxergar nosso relacionamento com mais clareza. Sempre soube que havia problemas. Por exemplo, estou tentando fazer com que ele assuma algum tipo de compromisso há séculos, ao passo que Will parece se contentar em ir levando sem pensar no nosso futuro como casal.

Mas, de repente, os problemas que existiam antes parecem sintomas de algo enorme e penetrante.

Ajeito a túnica nos ombros e lentamente vou abrindo os botões, enquanto reflito sobre o rumo inesperado das coisas.

Talvez Will não seja a pessoa que eu pensava que era.

Talvez ele nunca seja a pessoa que eu preciso que seja.

Talvez exatamente aquilo que me atrai nele (o fato de ser diferente de todas as outras pessoas que conheci em Brookside) seja exatamente o que o torna inatingível.

Como eu, ele fez o que pôde para deixar para trás sua criação de classe média de cidade pequena. Mas não posso imaginar a possibilidade de ele olhar para trás e sentir saudade, como aconteceu comigo na semana passada. Ele não quer mais saber de nenhuma das armadilhas que acompanham esse tipo de vida.

Talvez entre elas esteja o casamento.

E eu...

Bom, eu quero me casar. Algum dia. E não posso fingir que não quero. Preciso saber que pertenço a alguém e que ele pertence a mim. Que ele nunca vai me abandonar.

Claro que o casamento nem sempre oferece essa garantia.

Basta olhar para Mary Beth e Vinnie.

Mas eu não me casaria com um canalha como Vinnie. Eu só me casaria com alguém que me amasse tanto quanto eu o amasse... Alguém em quem eu confiasse tanto quanto ele pudesse confiar em mim.

Como já disse, não sei se algum dia Will poderá ser essa pessoa.

- Mas não posso deixar que você vá embora, Will - murmuro. - Não posso.

Não por enquanto.

Talvez não possa nunca.

E talvez...

Apenas talvez...

Eu esteja errada.

Mas essa possibilidade não me ajuda muito a dormir. Observo quando o relógio marca três, depois quatro, depois cinco horas. Antes que eu me dê conta, o despertador está tocando e minha vontade é ligar para avisar que estou doente, virar para o lado e dormir... até me lembrar que posso precisar usar essa desculpa para visitar Will uma hora dessas.

Consigo fazer o que é preciso para me arrumar e me arrasto para o trabalho.

Estou entrando na delicatessen do prédio quando escuto alguém chamando meu nome.

Naturalmente, é Alfonso. Ergo os olhos e o vejo com a roupa toda passadinha, bem-arrumado e com o cabelo bem penteado, segurando um copo de papel fumegante e um saquinho de papel pardo. Hoje estou cansada demais para ficar abobada, quanto mais com tesão.