Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Encostamos na frente do pequeno cabo onde minha irmã mora. Há luzes acesas, e o jipe verde de Vinnie está na entrada.

- Ele está aqui! - digo, descrente.

- Não, ela está usando o carro dele enquanto o dela está trocando o escapamento - explica Sara. - Devia ter ficado pronto hoje, mas houve algum problema, então ela vai pegar amanhã de manhã.

- Que alívio. - Não estou a fim de ver meu ex-cunhado infiel. - Fico surpresa por ele permitir que ela dirija o Explorer.

- É só para ele não precisar ficar levando as crianças de um lado para o outro enquanto o carro dela está na oficina - diz Sara. - Vince Júnior tem treino de beisebol e os dois têm aula de natação, e sua irmã sempre tem de levar os dois e outras crianças para algum lugar. E não se preocupe com Vinnie... ele pegou o carro da mãe enquanto Mary Beth usa o dele.

O rosto da minha irmã aparece na janelinha, e então ela abre a porta da frente.

Saio do carro, dou um abraço rápido em Sara e tento arrancar minha mala de Joey, que insiste em levá-la para dentro de casa por mim.

- Tentei ligar para você no trabalho hoje à tarde - diz Mary Beth, conduzindo-me pela sala sempre atulhada de brinquedos. - Mas caiu na secretária eletrônica.

- A empresa fechou ao meio-dia por causa do feriado - digo a ela.

- Que legal.

- É. - Principalmente porque eu não precisei gastar uma desculpa de estar doente nem pedir uma tarde de folga para Jake. - Por que você me ligou?

- Não lembrava se tinha dito que a festa amanhã vai ser formal. Mas tudo bem. Se não trouxe nada, pode pegar alguma coisa minha emprestada. - Ela arregala os olhos para mim. - Ou talvez não. Olhe só para você, Anahí! Emagreceu uma tonelada!

- Não emagreci! - protesto, adorando a situação. - Não foi uma tonelada.

Não por enquanto, pelo menos.

- Quanto?

- Quase seis quilos no total, da última vez que chequei. - Não vá exagerar - avisa ela, falando igualzinho a minha mãe.

Olho para minha irmã ali parada com um conjunto de moletom que não é muito eficiente em esconder a barriga, o quadril e as coxas dela, e sinto pena.

-Pode acreditar, não estou exagerando - garanto a Mary Beth. -Ainda faltam mais uns dez quilos para eu perder.

- Dez! De jeito nenhum!

- Mary Beth...

- Talvez mais dois quilos - diz ela. - Quer beber alguma coisa? Tem refresco.

Refresco. Com certeza não estou mais em Nova York.

- Tem alguma coisa light? - pergunto a ela.

- Claro. Quer comer alguma coisa?

- Não, obrigada.

- Você comeu no ônibus?

- Comi - minto, porque não estou a fim de ser alimentada à força. Ela e minha mãe entram em pânico quando ficam sabendo que alguém pulou uma refeição.

Fico observando quando ela sai da sala e me sinto culpada por imaginar se minha bunda já chegou a ser do tamanho da dela. Eu adoro minha irmã. Ela é minha pessoa preferida no mundo.

Mas somos muito diferentes.

Pelo menos, é o que eu sempre disse a mim mesma.