Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Não...

É que eu não quero pertencer a este lugar.

Tento imaginar o que vai acontecer quando Will e eu ficarmos noivos e minha família tentar planejar nosso casamento. Vão ficar arrasados se eu disser a eles que queremos fazer a cerimônia em Nova York. Vão dizer que o casamento sempre tem de ser na cidade natal da noiva e que, se vão pagar um casamento, é melhor que seja aqui mesmo em Brookside.

Isso é uma razão a mais para eu guardar dinheiro naquele pote de molho Prego, que preciso levar ao banco agora que tenho uma quantia respeitável (quase 500 dólares) por causa de todos os trabalhos que fiz para Milos nas últimas semanas.

Will e eu vamos ter de economizar e pagar por nosso casamento se quisermos que aconteça em Nova York.

Ou, então, vamos nos ver aqui, no salão da igreja Mãe Preciosa, dançando ao som de Kool and the Gang e fazendo a dança do passarinho (coisa que Chaz impôs aos convidados não uma, mas duas vezes).

Estou sentada em uma cadeira dobrável, bebendo vinho tinto zinfandel em um copo de isopor. Observo Vince Júnior e Nino na pista de dança sacudindo os cotovelos como uma ave antes de se jogarem no chão morrendo de rir. E me pego pensando que talvez a dança do passarinho não seja assim tão ruim.

Mas, então, tento imaginar Will dançando, e não consigo. Ele simplesmente não se encaixaria aqui. E isso não é ruim.

Eu daria a vida por um cigarro. Deus sabe que eu poderia roubar um de alguém. Já que há fumantes a dar com pau, mas eu nunca acendo um na frente dos meus pais. De algum modo, sei que, se eu continuar fumando aos 50 anos, quando eles estiverem com 80, vou continuar fumando escondido.

A dança do passarinho dá lugar à tarantela, que faz muito sucesso com este pessoal. Trata-se de uma dança tradicional italiana que envolve muitas palmas, pulos e braços dados. Alguém se senta ao meu lado. - Oi, Anahí.

Ergo os olhos e vejo Bruce Cardolino. Os pais dele e os meus são amigos há anos. Aliás, o pai de Bruce era amigo de meu pai, e a mãe dele era amiga de minha mãe, e eles marcaram um encontro às escuras entre os dois. Foi assim que eles se conheceram.

Bruce usa calça social cinza (não é calça de terno) e uma camisa preta com aparência de seda e colarinho aberto que revela os pêlos do peito dele e uma cruz de ouro. Em outras palavras, ele estaria totalmente em casa no cenário de filmagem de A família Soprano.

- Oi, Bruce, como vão as coisas? - Eu sempre gostei dele. Aliás, fui com ele a alguns bailinhos quando éramos adolescentes e nunca consegui ficar com ele. Não nos beijamos nem nada... éramos só amigos. Mas sempre o achei bonitinho, e se não tivesse namorada o tempo todo (ou se ele estivesse pelo menos um pouquinho a fim), eu teria mesmo muito interesse por ele.

Ele continua bonito, com aquele jeitão de italiano. Cabelo preto penteado todo para trás, alto, corpo bacana. Não o vejo há alguns anos: ele foi estudar na Faculdade St. John Fischer, em Rochester, mas ouvi dizer que voltou a Brookside e está trabalhando com o pai.