Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Mas Vinnie não olha para o meu lado. Vai embora.

E, depois que ele se vai, Mary Beth murcha.

Quero mais do que tudo enfiar juízo na cabeça dela, mas não tenho nenhuma oportunidade. Fazemos pose para fotografias de família suficientes para encher uma dúzia de álbuns e colocamos o resto do bolo em caixinhas de papelão que trazem impresso os nomes dos meus pais e a data do casamento deles, e temos de entregar uma caixinha para cada convidado que deixa a festa.

Quando só sobrou nossa família, Nino está tendo um ataque de criança que comeu doce demais, gritando e chutando feito um louco, e meu irmão Frankie está ajudando Mary Beth a lutar contra ele e enfiá-lo no carro, junto com Vince Júnior.

Então volto para casa com meus pais, que estão em pânico porque ninguém disse a eles que eu vinha e minha cama não está feita.

- Mãe, não faz mal - digo, enquanto ela corre de um lado para o outro, fechando persianas e enfiando coisas no armário. Parece que agora usam meu quarto como depósito de coisas que não têm nenhum outro lugar para colocar: suéteres grandalhões, recortes de revista, catálogos e os brinquedos com que os netos brincam quando vêm fazer uma visita.

Digo a mim mesma que não devo me incomodar, afinal, a casa é deles e não moro mais aqui, mas não consigo deixar de me sentir ressentida.

Será que eu achava que eles iam manter meu quarto como um santuário intocado na minha ausência?

E, parece que achava sim.

- Quanto tempo vai ficar? - pergunta minha mãe ao tirar um conjunto de lençóis floridos desbotados da gaveta de cima da minha cômoda, onde eu costumava guardar minhas calcinhas de algodão e meus sutiãs de força industrial e o dinheiro que ganhava trabalhando de babá e, bem no fundo, meus cigarros e um exemplar cheio de orelhas de A mulher sensual.

- Vou ficar até segunda - digo a minha mãe.

- Segunda! - Ela pára no meio do processo de ajeitar o lençol antigo e encolhido no colchão mole e manchado. - Mas isso é depois de amanhã.

- Eu sei. Preciso trabalhar na terça. - Não pode tirar uns dias de folga? Sacudo a cabeça e ajudo a esticar o lençol.

- Ainda não tenho direito a nenhum dia de folga. Ela parece horrorizada.

- O que você precisa fazer para ganhar folga?

- Nada, mãe. Só preciso trabalhar lá durante seis meses. O que ainda não aconteceu. - Enfio um canto do lençol com elástico embaixo do colchão e a outra ponta solta.

- Bom, eles sabem que a sua família mora a 800 quilômetros de distância? - Ela volta a ajeitar a ponta oposta.

Meu canto solta de novo.

- Mãe, é a política da empresa.

- Que tipo de empresa é essa?

- Eu já disse. É uma agência de publicidade.

- Não. O que eu quis dizer é que tipo de empresa afasta uma moça da família?

Tudo bem. Para mim, chega. Chega dela e da porcaria do lençol. Mas, antes que eu tenha oportunidade de dizer uma palavra, ela prossegue:

- E que tipo de homem vira as costas para uma mulher durante meses a fio para ficar no palco cantando e dançando?

Lá vamos nós.