Fanfic: Minha Adorável Safada - Adaptada - S2 - VONDY

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Christopher sacudiu a cabeça, mas não
abriu a boca. A verdade era que não se podia reprovar Alfonso que duvidasse que
Christopher fosse capaz de dirigir aquele embrulho por sua conta. Afinal, Christopher
era nove anos mais jovem que ele, e Alfonso, avoado como era e incapaz de
guardar um segredo, nunca tinha sido informado da verdadeira origem de seu
amigo.

            Residir e trabalhar em uma
taverna durante os primeiros dezesseis anos de sua vida conferiram a Christopher
alguns talentos insuspeitos: uma tolerância às bebidas fortes que chegou até o
extremo de que bebendo podia tombar a seus amigos enquanto ele continuava
virtualmente sóbrio; uma forma de lutar que podia recorrer ao jogo sujo em caso
necessário, e uma extraordinária capacidade para distinguir um verdadeiro
perigo de uma simples contrariedade.

            Mas sua educação pouco
ortodoxa não terminou quando seu pai descobriu sua existência e recolheu-o.
Não, naquela época Luíz Uckermann continuava afastado de sua numerosa família e
levava a vida despreocupada de um pirata no Caribe, ou um "cavalheiro"
pirata, como preferia que o chamassem. E a diversidade de pessoas da turma de Luíz
se encarregou do Christopher e lhe ensinou ainda mais coisas que um moço de sua
idade não teria aprendido nunca.

            Mas Alfonso não sabia nada
disso. A única coisa que  Christopher lhe
tinha permitido ver era o que saltava à vista, seu encanto de malandrinho, já
não tão malandrinho aos vinte e cinco anos, mas ainda encantador, e tão bonito
que não podia entrar em um lugar sem que todas as mulheres que o  ocupavam se apaixonassem um pouco por ele.
Além das mulheres de sua família, certamente, que simplesmente o adoravam.

            Christopher se parecia
fisicamente a seu tio Anthony; de fato, todo aquele que o visse pela primeira
vez tomava-o por filho de Tony e não de Luíz. Como seu tio, era alto e largo de
costas, estreito de cintura e de quadris, e tinha as pernas longas. Ambos
possuíam uma boca grande e um queixo forte e arrogante, além de um nariz
aquilino e elegante, uma pele bronzeada e um cabelo castanho e abundante.

            Era bastante compreensível
que Alfonso tivesse querido que, em lugar do Christopher, o ajudasse o pai
deste. Por acaso seu melhor amigo, Derek, não tinha acudido diretamente ao Luíz
quando teve problemas delicados? Pode ser que Alfonso não conhecesse o passado
do Luíz, mas quem não sabia que Luíz Uckermann fora um dos libertinos mais
célebres de Londres antes de fazer-se ao mar, e que quase ninguém se atrevia a
desafiar ao Luíz, antes ou agora, tanto no ringue como no campo da honra?

            Alfonso voltara a
estender-se na cama para fingir que dormia. Ao final de uns quantos murmúrios,
giros e mudanças de postura, ficou quieto esperando a seguinte intrusão.

            Christopher duvidava em
dizer a seu amigo que, se encarregasse aquele assunto a seu pai, não teria
conseguido nada, pois Luíz se apressara a ir ao Haverston para  visitar seu irmão Jason no dia seguinte ao
que Christopher recebeu como presente sua nova residência urbana. Estava seguro
de que seu pai foi ao campo para passar ali uma semana ou duas por medo de que Christopher
o obrigasse a acompanhá-lo para comprar móveis.

            Por pouco não passa a Christopher
desapercebida a sombra que avançava furtivamente pela habitação em direção à
cama. Desta vez não ouvira abrir a porta, nem tampouco fechar-se, não ouvira
nada. Se os ocupantes do quarto estivessem dormindo, como era de esperar, a
aparição daquele intruso não os teria despertado.

            Christopher sorriu para si
antes de acender um fósforo e aproximar a à vela situada sobre a mesa que tinha
colocado junto a sua poltrona. O olhar do ladrão se fixou nele imediatamente.
Mas Christopher não se moveu, mas sim continuou sentado muito tranquilo. O
ladrão ignorava que Christopher era capaz de mover-se à velocidade do raio para
lhe impedir a fuga em caso necessário. Mas tampouco ele se moveu, pois estava
visivelmente paralisado pela surpresa de ter sido descoberto.

            - Oh, vá. - Alfonso levantou
a cabeça. - tivemos sorte por fim?

            - Acredito que sim -
replicou Christopher. - Não o ouvi absolutamente. É nosso homem, ou
possivelmente nosso moço.

            O ladrão começava a
sobrepor-se a sua surpresa e provavelmente não gostou do que estava ouvindo, a
julgar pelo olhar de receio que dirigiu ao Christopher. Este não fez conta.
Primeiro se certificou de que o ladrão não levava nenhuma arma. Certamente, Christopher
levava as suas escondidas, uma pistola em cada bolso do casaco, de modo que o
fato de que não visse nenhuma não implicava que o moço não estivesse armado.