Fanfic: Concubina (Terminada)

Anahí
sentia vontade de dançar! Passara no exame físico com notas excelentes
e agora ia se encontrar com o imperador! Isso não era comum no processo de
seleção, mas uma coisa maravi­lhosa acontecera: a rebelião Taiping fora derrotada e
um de seus líderes morrera!

O
imperador decretara que todos na Cidade Proibida fes­tejariam a ocasião comum banquete e Anahí
participaria! E faria o que fosse necessário para brilhar diante do
impe­rador, uma decisão partilhada pelas cinqüenta virgens que restavam.

Arrumar
os cabelos era a parte mais trabalhosa. Tinham de ser enrolados em torno de
placas e colados no lugar. Jóias em formato de
borboletas ou flores eram entrelaçadas com fitas e pregadas.
Depois passavam a tinta branca no rosto, acentuando-a com pinceladas delicadas
em vermelho ou preto.

Uma
imperatriz teria cinco serviçais para ajudá-la, mas as virgens tinham
apenas um eunuco para cinco delas. Embora ti­vessem o dia inteiro, um serviçal apenas não podia atender a cinco
delas, determinadas a impressionar o imperador.

As
primeiras discussões começaram na sala de banhos por
volta de meio-dia; por volta das 2h, as brigas eram tão constan­tes que foi
preciso chamar Poncho. Uma das moças roubara cos­méticos e fora sumariamente
dispensada, mas a decisão apenas aumentou o problema. De repente, todas
conheciam alguém que era ladra ou mentirosa. Ele precisou de duas
horas de investigação para declarar que as acusações de uma das moças eram falsas.

Anahí
poderia ter lhe dito isso desde o começo, mas ele era homem e
achava que precisava investigar. No fim, chegara à conclusão correta e expulsou a
acusadora.

Anahí
ficara impressionada por sua investigação metódica, sem se abalar por
histerias e choros. Ao perceberem que havia riscos em fazer acusações sem fundamento, as
virgens voltaram a raiva contra os eunucos.

Quando
a companheira de quarto de Anahí começou a gritar, Poncho
parecia exausto, no limite, mas Hua Si não percebeu os sinais de
perigo.

Poncho
parou no umbral da porta, os lábios cerrados enquan­to
Hua Si gritava. Anahí tentou ficar o mais distante possível, mas o quarto era
pequeno demais. Então Poncho exclamou, o tom rude e frio:

- O barulho que você faz é ofensivo! Explique-se!

Hua
Si piscou e, ao invés de moderar os gritos, bateu os pés e disse, soluçando:

- Alguém cuspiu nos meus cosméticos! Exijo outros novos!

- Não - respondeu Poncho. Hua Si
ficou atônita.

- Não? Não?

- Não. - Então se voltou e começou a andar pelo corredor.
Hua Si correu atrás dele.

- Não quer saber quem praticou
esse crime? Não vai in­vestigar?

- Virgem Gao Hua Si, não me importa se alguém urinou no seu pote.
Termine de se vestir e pare com isso!

Hua
Si arquejou, o choque diante das palavras vulgares aba­lando sua constituição delicada e fazendo-a
tremer.

- Mas o que vou fazer?

- Sugiro que coma sua maquiagem envenenada, talvez
as­sim você fique em silêncio.

Anahí
sabia que a colega de quarto se queixaria por horas. Ele iria embora, mas ela
teria de suportar a histeria de Hua Si.

- Comer seria uma boa sugestão, mestre Alfonso. Um chá calmante e bolinhos
seriam um bom substituto para as tin­tas. E Hua Si pode usar meus cosméticos.

- Que utilidade sua lama de porcos teria para mim? - gri­tou Hua Si.

- Ouvi dizer, mestre - continuou Anahí -, que a falta de alimentos
pode alterar o humor de mulheres que têm cons­tituição delicada. Não tivemos nada para comer
desde o chá da manhã.

Poncho
olhou-a, confuso.

- Estão com fome?

- Talvez você esteja com fome, sua vaca
feia - urrou Hua Si, mas não pôde continuar porque o
chefe dos eunucos entrou correndo.

- Quem disse que está com fome? Pensam que
temos comi­da para desperdiçar, para dar a virgens
mimadas que batem nos criados e gritam como vendedoras de peixes?

Anahí
fez uma leve reverência para demonstrar vergonha.

- Minhas desculpas, chefe dos eunucos, apenas
pensei que, com as bocas cheias, as virgens não teriam como reclamar.

- Palavras verdadeiras - disse Poncho. - Chefe dos eu­nucos, não pode trazer alguns
bolinhos? Certamente há alguns sobrando na cozinha.

O
homem estremeceu de indignação.

- E quem vai buscar e servir? Meus eunucos estão ocupados demais para
essa tolice.

- Disse a ela que come demais, mas é do campo e não com­preende que a vida na
Cidade Proibida exige sacrifícios - disse Hua Si.

- Não sou do campo - respondeu Anahí com
calma.

- Viram? Ela discute sobre tudo. Tão exigente! - disse Hua Si, voltando-se
para o espelho e começando a aplicar a tinta. O chefe dos eunucos olhou
com raiva para Anahí.

- Não gosto de moças que reclamam o tempo
todo, Anahí - disse ele, afastando-se.

Anahí
olhou para as costas dele, a injustiça fazendo seus olhos se
encherem de lágrimas. Embora o imperador escolhes­se suas
noivas, o chefe dos eunucos controlava a vida de uma concubina. Supervisionava
os serviçais e os alojamentos e, prin­cipalmente,
era ele quem levava as noivas para a cama do impe­rador. Não ficaria grávida do imperador se nunca
fosse levada aos aposentos imperiais. E nunca iria aos aposentos imperiais se o
chefe dos eunucos se tornasse seu inimigo.

Num
quarto próximo, começou outra discussão e se ouviu o barulho de
vidro quebrando. Pelo espelho viu Poncho estremecer.

- Consegue pentear os cabelos sozinha? Estaria
falando com ela?

- Mestre?

- Seus cabelos, consegue penteá-los sozinha?

Ela
o encarou. Nenhuma mulher conseguia criar um pentea­do elaborado
sozinha. Mas não estava em posição de discutir, então respondeu como ele
queria:

- Farei o melhor que puder.

Poncho estalou os dedos
para o eunuco encarregado de ajudá-la e levou-o com ele.

alguém duvida da gentileza de Poncho com ela???

comentem ok!!! e bem vindas a todas novas leitoras!!!