Fanfic: Concubina (Terminada)

A
infelicidade de Anahí apenas começara. Quando o jantar
terminou, as moças voltaram em silêncio para o palácio das vir­gens e, com a
porta fechada, todas se voltaram contra ela.

Tudo
sobre ela era objeto de insulto. Pensou que os eunucos pudessem ajudá-la a manter a situação sob controle, mas eles açularam as virgens contra
ela. Era uma diversão.

Então Anahí parou de se
defender. Ninguém queria ouvi-la, estava infeliz demais e tudo o
que queria era se deitar e chorar até dormir. Mas como não a deixaram sair da sala
principal, tentou ignorar os insultos.

Alguém se lembrou de que o
imperador gostara de seu alfi­nete de borboleta. Outra gritou que o alfinete
era dela e correu até Anahí, os dedos em garras estendidos. Arrancou o
alfinete e com ele um punhado de cabelos.

A
dor esgotou a paciência de Anahí. Tinha dois irmãos e sabia lutar. Assim,
agarrou o braço da moça com uma das mãos. Fechou a outra em
punho e lhe deu um murro na barriga.

- Esse alfinete foi da minha avó! - disse Anahí, e tentou
arrancá-lo dos dedos da assaltante. Acabara de pegar uma
das frágeis asas quando sentiu a primeira pancada.

Um
punho fechado e forte atingiu-a nas costelas. Quando Anahí começou a cair, viu um pé voar em direção a seu rosto. Virou-se,
recebendo o impacto nos ombros, o que expôs o rosto do outro lado.
As pancadas vinham de todos os lados e Anahí pôde apenas se encolher e
rezar para que terminasse logo.

Ele
a salvou. Não o imperador, mas o homem que a perseguia
dormindo ou
acordada: Alfonso. Ouviu-lhe a voz, profunda e zangada, gritar acima dos berros
das moças.

Não sentiu mais pancadas,
apenas uma dor surda da cabeça aos pés. A dor ficaria pior mais
tarde, mas sabia que nenhum osso fora quebrado. As moças tinham a intenção de espancar, não de matar. O mestre
estava gritando e ela ouviu o barulho de pessoas saindo. Então sentiu as mãos dele, grandes, mas, oh,
tão
gentis, em suas costas.

- Está ferida, Anahí?

Queria
responder, mas não conseguia.

- Anahí, precisa me responder!

Havia
pânico
na voz dele, então ela abriu os olhos e fitou-o.

- Uma vez, há muitos anos, estava
subindo para pegar uma coisa que não devia. - Piscou para espantar as lágrimas. -
Não me lembro o que era. Um
doce, talvez, ou os pincéis do meu pai. Mas estava num lugar alto demais e
eu era pequena demais, então caí e quebrei o braço.

- Anahí, onde está ferida? - Ele roçou o polegar em sua face.

- A dor foi insuportável, gritei até a garganta doer tanto
como meu braço, e mesmo assim não parei de gritar.

- Anahí... - murmurou ele, frustrado.
Passava as mãos no corpo dela. Não havia nada sensual no
toque dele, apenas tenta­va verificar se havia algum osso quebrado.

Ela
se debruçou e segurou-lhe o braço.

- Isso foi um espancamento, nada mais.

- Já chamei a médica. Anahí balançou a cabeça.

- Mande-a embora, não há nada quebrado. Ele lhe
estendeu uma toalha para limpar o rosto.

- Já foi espancada antes?

Ela
tirou quase toda a tinta do rosto e a placa quebrada dos cabelos.

- Uma vez pelo tutor do meu irmão, por fazer a tarefa dele.

- Você fez o trabalho escolar do
seu irmão?

- Estava sem ter o que fazer e não pensei que o idiota
entre­garia meu trabalho como se fosse dele.

Poncho
sorriu.

- Pode se levantar?

Poncho
acenou e ele lhe segurou a mão, mas havia alguma coi­sa
na palma dela. Ele puxou a mão e viu a borboleta
quebrada.

- Lamento, era uma peça linda.

As
pedras de jade estavam quebradas ou desaparecidas, e o fio de ouro, retorcido.
Ela olhou para aquela beleza destruída e alguma coisa dentro
dela se rompeu.