Fanfic: Concubina (Terminada)

Então se obrigou a pensar de
modo racional. Tinha que se esquecer de Poncho. Ele lhe causara o problema,
portanto não era provável que a ajudasse a sair
dele. O eunuco, que subornara para ajudá-la, era seu inimigo atual
e, de alguma forma, tinha que desacreditá-lo.

- Você é um mentiroso.

- Devo trazer os carregadores? - perguntou o eunuco.

Anahí
ergueu o queixo e mandou a modéstia virginal para o
inferno. Precisava de sua inteligência ou seria expulsa
antes de a competição começar.

- Muito bem, havia alguém comigo na liteira.

Todos
ficaram em silêncio, especialmente o insolente Poncho. Olhou-a,
uma sobrancelha erguida. Temia que o acusasse? Tinha péssima reputação, uma associação com ele e seria cha­mada
de prostituta. Com um ar de desdém, foi à porta da tenda e puxou Dulce
para dentro.

- Conte a eles! Conte que nos sentamos juntas na
liteira e conversamos sobre sua família. Conte que é do clã Tatala e filha de Jia
Hai. Gosta de cantar e tem irmãos que costumavam lhe
puxar os cabelos.

A
viúva
consorte pegou a pedra entalhada de Dulce.

- Isso é verdade?

- Sim, viúva consorte.

- Não é verdade! Foi um homem que
caiu de sua liteira! - disse o eunuco.

Anahí
se virou para o homem.

- Está mentindo para se vingar
de mim. Um dos meus colares de contas de marfim caiu e ele o pegou. Quando o
pedi de volta, recusou. Sabe que o acusarei de roubo e inventou menti­ras para
me desacreditar.

- É mesmo? - perguntou Poncho, a voz
preguiçosa.

Anahí
olhou para ele e viu um brilho de humor nos olhos do homem. Estava se
divertindo... a raiva dela aumentou.

- Sim, é. Verifiquem seus bolsos e
encontrão meu colar de marfim.

O
eunuco objetou e foi apoiado pelo chefe dos eunucos. Mas a viúva consorte concordou com
a busca, feita por dois soldados que haviam entrado com Dulce. Descobriram peças de ouro, pulseiras de
jade e o pobre colar de marfim.

A
viúva
consorte se recostou com um grunhido de desgosto.

- Que ele seja chicoteado.

O
eunuco começou a choramingar e foi levado pelos solda­dos. A
viúva
consorte mexeu nas jóias sobre a mesa, pegou as que queria e fez um
sinal para o chefe dos eunucos pegar o res­tante. Apenas o colar de marfim de Anahí
ficou sobre a mesa.

- Pegue-o! - ordenou a viúva consorte. - Não queremos ser acusados de
roubo.

Anahí
não
percebeu que acabara de cruzar uma linha. Todos sabiam que os eunucos recebiam
suborno, mas Anahí expusera sua corrupção. Uma boa virgem ficaria
calada e aceitaria... mes­mo as práticas injustas. Mas, o que
poderia fazer?

Com
passos lentos aproximou-se da mesa para pegar seu co­lar de marfim e o
substituiu por sua pedra entalhada, rezando para os juizes perdoarem sua exibição de emoção.

- Meu mais profundo pedido de desculpas - sussurrou.

A
causa de seu problema pegou a pedra de marfim e se voltou para a viúva consorte.

- Não podemos aceitar apenas
as ricas. É injusto e desper­tará a revolta entre os homens
do pendão vermelho. Foi prome­tido a eles que as filhas
teriam a oportunidade de conquistar o imperador.

Anahí
esperou com a respiração presa. Teria a oportunidade de competir para
conquistar a posição de imperatriz?

- Sim! - Os outros dois
resmungaram a aquiescência.

A
viúva
consorte pegou as pedras com os dois nomes e jo­gou-as sem cerimônia dentro de uma tigela
dourada.

- Muito bem, mas você será o responsável se elas causarem mais
problemas no futuro.

Anahí
sabia que não devia gritar de alegria, mas seus olhos
brilharam de gratidão. Ela e Dulce teriam permissão para entrar na Cidade
Proibida! Ajoelhou-se para agradecer enquanto lágri­mas lhe manchavam a máscara branca. A seu lado, Dulce
fez o mesmo gesto. Outros eunucos entraram para escoltá-las para a Cidade
Proibida.

Anahí
saiu, temendo que os juizes mudassem de idéia, mas não resistiu a olhar para trás. Sabia que Poncho a
observava e, ao encontrar os olhos dele, teve medo. Percebeu que haveria um preço pela ajuda dele, podia
ver naquele olhar frio e calculista que prometia... alguma coisa má. Mas sentiu também uma cor­rente de
sexualidade que fez sua respiração parar e seu corpo vibrar
de forma pouco virginal.

Era
o mestre do festival e responsável por todas as virgens.
Teria a intenção de seduzi-la e desacreditá-la? Teria de pensar num
meio de evitá-lo, de frustrar seus planos.

Mas
quando? E como? Estaria à mercê dele por uma semana,
durante os exames físicos, o exame sobre a família e a exibição artística. Apenas depois de
passar por eles se encontraria com o imperador e teria a oportunidade de
conquistá-lo e se tornar imperatriz. Como evitaria o mestre
do festival por uma semana inteira?

Não sabia, mas encontraria
um meio. Não deixaria que um playboy arrogante destruísse suas oportunidades.
Tinha que se tornar imperatriz, o futuro financeiro de sua família dependia disso.