Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 9 – Procura Infinita

Esse agouro de cemitérios não me agradava, causava arrepios e andar pelos vários túmulos enfileirados na parede me angustiava. O próximo podia ser de minha mãe e sinto que vou desabar a qualquer momento. Percorri as varias fileiras ao longo do corredor olhando atentamente os nomes grifados em prata ou ouro. Talvez estivesse procurando no lugar errado, mas o esforço era o mínimo a fazer.

            — Procura algo senhorita? – perguntou uma voz cansada a minhas costas.

Virei-me para olhar o senhor com idade avançada e seu chapéu de coveiro.

            — Procuro minha mãe. Marichelo Portilla – disse sentindo minha voz falhar – na verdade eu não sei se ela esta aqui.

Por um momento baixei a cabeça procurando o ar para encher meus pulmões. O velho senhor encarou-me pensativo analisando o fato.

            — Desculpe, mas não foi registrado ninguém com esse nome recentemente, eu saberia senhorita – disse compreensivo – todos os corpos têm que ser registrados.

Assenti forçando um sorriso não muito convincente. Agradeci-o pela compreensão e segui rumo contrário donde estava procurando. Se minha mãe não estava ali tinha certeza que meu pai estava. Visitei seu túmulo situado em céu aberto perto de uma árvore.

Sentei na grama rala encostando-me na extensão de seu troco e olhei a pedra de mármore a minha frente. Lia-se gravado em prata na pedra de mármore escura:

 Henrique Portilla

Pai e Amigo

Pergunto-me há quanto tempo não visitava meu pai. Olhando sua jazida a minha frente às lembranças afloraram em minha mente. Sentia falta da minha antiga vida, de meus passeios ao lado de papai, do sorriso estampado na face de minha mãe. Éramos felizes, vivíamos bem. Até Juan aparecer e ameaçar-nos, até obrigar parte da sociedade dos pequenos e lucrosos negócios. Até ele morrer misteriosamente assassinado.

            — Sinto sua falta – falei contornando as letras prateadas.

Deixei minha cabeça arquear para trás e fechei os olhos. Respirei o ar fresco que as arvores traziam. Fiquei assim tentando relaxar-me e esquecer por um momento em que havia me metido. Estranhamente a sensação de estar sendo observada cresceu nos minutos seguintes. Abri os olhos e verifiquei o espaço em minha volta, não havia ninguém aos arredores, nem mesmo um mosquito planando sem rumo. Levantei-me depressa apoiando-me na arvore, uma passo adiante uma tontura fraqueou meus sentidos. Segurei-me no troco mantendo-me em pé. Esperei a tontura passar pra depois sair logo daquele cemitério. Meu corpo estava pedindo por química, a tontura sempre fora um sinal disso. A questão era que tinha pouca droga e apenas alguns comprimidos de ecstasy, de agora em diante precisaria pagar por elas. 

            — Droga! – reclamei vendo os carros a minha frente.

Quando sai do cemitério, carros de policia faziam ronda por ali. Olharam-me de solário incapacitando minha volta ao cemitério. Minha única saída era passar diante deles. Em todo tempo de erros evitava policiais, uma vez quase fui em cana escapando graças ao Christian. Agora com todos os problemas que me cercam deveria evitar ainda mais. Levantei a cabeça segurando firme as alças de minha mochila tentando parecer normal. Caminhei normalmente passando por eles.

            — Mau dia? – surpreendeu-me um dos policiais.

Paralisei alguns passos à frente. Droga!

            — Não muito – virei-me para que não desconfiassem – Apenas uma visita de rotina.

Se algo aprendi é que nessas horas não se podia dar as costas, você estaria afirmando culpa. Afinal não estava fazendo nada, mas se esses malditos resolvessem revistar minha mochila eu estava ferrada. 

            — Sinto muito por quem quer que seja – disse ele apontando com a cabeça os portões do cemitério.

Assenti esboçando um sorriso, julgo compreensivo. Virei-me com as pernas tremendo e recomecei a andar. Senti o olhar do policial seguir-me até virar a esquina. Suspirei aliviada e aumentei o passo antes que levasse outro susto. A próxima pergunta que poderia ter feito é pra onde eu iria? Sinto que vou rir se responder essa pergunta. Só tinha um lugar em mente, e foi pra lá que eu fui.