Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 48 – Rendições Culpadas P.2

Por Deus!

Vê-lo ali com a cabeça enterrada nas mãos dava-me maior certeza da decepção que eu o fizera passar. Aproximei-me lentamente até alcançá-lo, sequer moveu-se. Ajoelhei-me a sua frente com cautela deixando as costas eretas pra ficar a sua altura, para poder mirá-lo, conectar meus olhos aos seus. Tão perto eu estava percebi o estrago emotivo que lhe causara. Seu rosto escondia-se entre as mãos, mas eu pressentia as lágrimas escorrerem com força. Levei minhas mãos às dele sentindo-as frias e úmidas. Tinha a necessidade de confortá-lo, queria abraçar-lhe e deixar que desmoronasse em meu colo como ele permitira que eu o fizesse. A mim já não havia lamúrias, apenas queria agarrar as dele e vê-lo sorrir novamente. Meu coração apertava-se com cada lagrima percebendo-o como nunca antes: frágil, quase indefeso.

            — Olha pra mim... – sussurrei acariciando-lhe as mãos.

Ele negou levemente com a cabeça e me doía sua reluta. Encostei minha testa sobre suas mãos e fiquei ali absorvendo o momento de silencio até que ele optasse por mirar-me. Levei as mãos aos cabelos sedosos acarinhando-os devagar. Queria mostrar que estava ali não apenas pra sorrir-lhe, mas também pra compartilhar suas lagrimas silenciosamente. Mesmo tendo-o delicado daquela maneira adorava-o, via-o como o ser humano que era por trás daquela barreira de confiança que ele me passava. E por um lado gostara de conhecer esse lado, perceber um pouco dos seus sentimentos... da sua dor, mesmo sendo-a causada por mim.

            — Poncho... – murmurei – Por favor, preciso te ver...

Igualmente ele não ofereceu rendição. Tinha por mim que entrava em combate interno com suas emoções, tentava se controlar para não mostrar-se fraco a minha frente. O que ele não sabia e que não necessitava desse esforço, queria que ele se abrisse, que mostrasse seus olhos. Lancei-lhe beijos sobre as costas das mãos lentamente com todo carinho que eu conseguia colocar naquele gesto. Minhas mãos deslizaram até seus punhos tentando afastá-los.

            — Não faça isso... – sussurrou.

Tão baixo que quase não o ouvi. Mas eu insisti forçando-lhe os punhos a se afastarem. Descobri-lhe o rosto encarando-o infeliz, as lagrimas escorriam dos olhos apertados molhando-lhe a face...

E a culpa era minha indiscutivelmente.

Um aperto profundo em meu coração atingira-me em cheio enfraquecendo-me e congestionando meus olhos novamente. Nunca sentira isso e... Oh como me doía vê-lo sofrer! Nunca pensei que esse sentimento tivesse tanta força, tanta energia focalizando sua dor em mim. Levei as mãos de volta a sua face deslizando os dedos pelas lagrimas desesperadamente querendo secá-las. Queria interrompe-las a todo custo, deter com aquilo e voltar a ser como antes, mas a corrente era tão forte e intensa que se tornava quase impossível fazê-lo. Levei os lábios a sua pele, tracejei seu rosto entre beijos afáveis. Pedia mentalmente pra que ele parasse de chorar, pra que seu sorriso se abrisse e confortasse-me a fazer o mesmo. Mas eu sabia que era inútil, dessa vez eu teria que tomar uma atitude, eu me colocaria no lugar dele observando todos os ângulos do problema. E eu sabia o que fazer, eu sabia que decisão tomar, mas pra isso precisava encará-lo por completo, sorver seu olhar com o meu e emaranhar a paz e a calma que eu precisava.

            — Abra os olhos... – sibilei soprando minha respiração em seu rosto beijando-lhe as pálpebras fechadas.

E como se meu pedido fosse atendido mirei seqüencialmente seus olhos. Mais verdes do que nunca, mais intensos e brilhantes por conta das lagrimas. Vê-lo tornara-se meu ciclo vicioso. Pergunto-me como em sã consciência eu poderia trocá-lo por qualquer droga. Ele era minha droga maior, o vicio bom e prazeroso. Senti a corrente aquecida que trocamos naquele simples olhar e me dei conta que talvez o que eu sentisse por ele era mais forte e real do que eu tentara negar. Tudo parecia possível e acredito que amá-lo como meu homem se aproximava mais da realidade. Amá-lo... Seria isso?

             — Eu aceito Alfonso... – sussurrei parando minhas mãos em seu rosto – Eu faço o tratamento, mas, por favor, não fique assim.

Ele maneou a cabeça envolvendo suas mãos nas minhas.

            — Não quero que seja um s-sacrifício, só q-quero que e-entenda que é o melhor... – disse abatido contendo a respiração.

            — É por mim Poncho... – apressei-me a expressar – Mas entenda que o faço por você, porque não suportaria te perder!