Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 49 – Exposições Emocionais

Depois de algum tempo percebi que Alfonso não chorava mais. Sua respiração tinha se aliviado e ele apenas imobilizava-se em meu abraço. Envolvia seus cabelos entre os dedos, poderia logo dizer que ele havia pegado no sono não fosse o movimento leve de sua mão em minha cintura. Seu cheiro emaranhava-me, invadia e revigorava cada esperança em meu interior. De repente tive uma vontade absurda de beijá-lo e isso era algo que eu não queria esperar. Puxei-o suavemente pelos fios morenos fazendo-o erguer a cabeça a mim. Inclinei-me para ele e alcancei seus lábios com os meus. Não queria esperá-lo e nem dar-lhe chance de evitar. Mas ele não o fez, ele o queria também. Precisávamos um do outro, do conforto que só nossos corpos podiam oferecer. Nos beijamos devagar deixando com que nossas línguas se encontrassem calmamente absorvendo todo sabor emocional que o beijo significava. Meus lábios chocavam-se com a maciez dos dele tão ternamente, era tão... Não consegui descrever, só podia sentir. Quando o ar faltou nos afastamos e buscamos manter os olhos em contato. Podia decifrar tantas coisas ali, tantas emoções, frases completas que não precisavam soar para serem reais. Descansei minha testa na dele deixando nossos narizes roçando-se e abri meus lábios num pequeno sorriso. Ele fez o mesmo. Ainda não encontrava o brilho magnético e alegre, mas era melhor do que nada. E ficava feliz por não vê-lo mais chorar e ainda mais pelo peso da minha decisão não agoniar-me. Faria o tratamento que Poncho quisesse e aquilo não me assustava tanto como minutos antes. Talvez precisasse ver o quanto afetava ele pra me dar conta que eu precisava daquilo. E penso que... Se ele tomasse minha mão quando eu precisasse, se ele me olhasse e amparasse cada lágrima, se me dissesse que tudo ficaria bem a cada pontada de dor... Tudo valeria à pena. Extremamente tudo. E apenas porque ele estava ali. Penso que algumas coisas estão destinadas a acontecer e queria que Alfonso fosse parte disto, parte da minha vida... Afinal ele poderia tomá-la inteira também por que...

            — ...Eu não consigo evitar me apaixonar por você... – sussurrei.

Exatamente não sei o que me obrigou a dizer isso, apenas sentia necessário fazê-lo. E senti-me relaxar quando o fiz, como se as palavras confirmassem o que estava acontecendo comigo. E quando olhei para o homem a minha frente com seus olhos imensos e profundos tive a certeza do por que. O jeito com que me encarou, como a tristeza passou a ser esperança. Ele fazia sentir-me como a única mulher do mundo, a mais bela e perfeita. Tão protetor como eu sempre o via.

            — Anahí! – sussurrou meu nome fechando os olhos – Oh meu anjo...

Suas palavras foram ditas tão docemente dos lábios molhados que não me arrependi em nenhum momento em tê-lo exposto meus sentimentos. Confusos ainda, mas sinceros. Acariciei-lhe a face sentindo a barba por fazer arranhar minha palma. Seus lábios afastaram-se em um sorriso franco e meigo. Não queria admitir nada tão cedo com medo de me magoar, ainda estava descobrindo o real significado das coisas, mas era Alfonso. Meu Alfonso. Não queria prometer-lhe nada nem dar-lhe esperanças de um amor... Apenas queria-o.

            — A desejo tanto Annie... – disse ele com rouquidão – Quero amá-la e tê-la em meus braços cada segundo do meu dia!

Percebia o efeito das palavras e em nenhum momento fora sexual. Era emocional, da palavra literal chamada de amor.

            — Sempre que pensar em mim estarei com você... – disse-o quando ele mirou-me – Não importa a distancia!

Devagar ele enlaçou minha mão na sua abaixando-a para seu peito.

            — Você está aqui... – depositou minha mão sobre seu coração – Sempre!

Tão lindo era, tão quase eu chorei de ternura. Mas beijei-o lentamente juntando nossos lábios demoradamente. Seu coração batia freneticamente em minha mão e era agradável sentir as batidas errôneas ao meu controle. E mais uma vez como tantas outras compartilhamos o silencio, deixei-o descansar em meu colo novamente e ficamos curtindo aquela sensação tão boa de ter um ao outro. Tentei não pensar em nada e de certo modo consegui fazê-lo até que meu estomago revirasse alto.

            — Acho que tem alguém com fome! – Poncho ergueu-se sorrindo.

Seus olhos ainda levavam um pequeno inchaço do choro e com certeza eu não estava diferente. Olhei ligeiramente para a mesa do café da manhã e sorri de leve. Poncho ergueu-se segurando minha mão e arrastou-me até lá. Comemos e tentamos conversar sobre coisas banais evidenciando que pra ambos não cabiam mais lagrimas do evidenciado. Apesar disso os acontecimentos não saiam da minha cabeça e sabia que uma questão ou outra não saia da de Alfonso. Mas nenhum queria estragar o ambiente agradável a mesa. Percebi o quanto estava faminta e o quanto ele tinha mãos para cozinhar.

            — O que acha de espairecer um pouco? – perguntou ele bebericando uma xícara de café.

            — Você quer dizer ar puro em um parque quase deserto enquanto descansamos em baixo de uma arvore? – sorri acanhada mirando-o sorrir – Eu adoraria!

            — Não vejo programa melhor para um domingo! – disse ele pousando sua mão sobre a minha levando-a até seus lábios.

            — Acho que vou me arrumar então... – olhei meu próprio corpo vestindo apenas a camiseta dele.

Ele assentiu com um sorriso sem dentes. Reclinou-se na cadeira e eu me levantei seguindo ao quarto. Entrar naquele ambiente pareceu despertar as emoções. A droga, minha família, nossa briga e a cama nossa noite de amor. Eram tantas as sensações que sentia-me confusa na maior parte do tempo. Mas tinha em mente e acima de tudo o tratamento. Tinha medo dele e não poderia escondê-lo, mas até o momento não queria pensá-lo, mesmo sabendo que ir ao parque com Alfonso o assunto seria tocado. Quando o chegasse estaria preparada – pensei e olvidei. Fui logo trocar-me colocando uma calça jeans que retirara da minha mochila. Tentei esquecer que dela tirara droga delimitando-me as roupas. Coloquei uma blusa e segui ao banheiro. Quando sai parei frente ao espelho de corpo inteiro e observei meu corpo. Em toda minha vida sentia-o mais ativo que nunca antes, absorvia todas as sensações e sentia todo tipo de prazer, de dor. Fechei os olhos inspirando profundamente. Não sabia qual era meu lugar realmente, era muito conflito.

            — Se você não estiver disposta podemos ficar... – assustei-me com a voz baixa em meu ouvido.

Poncho envolveu minha cintura com as mãos colando minhas costas em seu peito. Abri os olhos chocando-me com sua imagem no espelho.

            — Estou bem, preciso de ar fresco! – confirmei alisando suas mãos sobre meu abdômen.

Ele assentiu sorrindo e afastou-se. Entrou no closet e deixou-me a pentear os cabelos. Quando o vi de novo vestia uma calça larga de moletom e uma camisa quase como uma segunda pele evidenciando os músculos torneados. Prendi o fôlego involuntariamente quando ele se aproximou.

            — Vamos? – perguntou estendendo a mão.

Assenti segurando-a.