Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Queria aceitar aquela proposta nem que fossem as cegas. Engraçado como de uma hora pra outra minha opinião mudou tanto apenas conversando com ele, apenas parando para analisar as opções.

            — Sabe... Parece que já vi esse lugar antes... – mudei de assunto olhando ao redor – É como se estivesse dentro de um sonho...

            — Eu fazia parte dele? – perguntou sorrindo obrigando meu olhar voltar-se ao seu.

Me fez rir, quase gargalhar diante do tom de voz brincalhão. Era tão fácil ficar bem ao seu lado, vê-lo sorrir novamente com verdadeira alegria, não pensar em nada que não fosse estar ali.

            — Você sempre está! – sorri.

            — É tão bom ouvir isso! – deslizou seu nariz sobre o meu.

Seus lábios alargaram-se ainda mais. Nossas bocas se encontraram devagar provendo um beijo maroto cheio de cumplicidade.

            — O que acha de descansar um pouco? – perguntei sentindo realmente meu corpo cansado.

Ele riu assentindo. Movi-me de seu colo e sentei na grama fofa entre suas pernas deixando minhas costas buscarem o apoio do seu torso. Fechei os olhos ao saborear o deslizar das mãos dele ao meu abdômen, adorava aquele gesto protetor que intuía aquilo. Era como se nada pudesse me tocar enquanto estivesse rodeada por ele. Tão acolhedor... Fechei os olhos e permiti-me por um momento não pensar em mais nada. Mas era impossível não pensar. Abri os olhos novamente e tentei concentrar-me na paisagem a frente, na respiração de Poncho ao meu ouvido onde seu rosto descansava.

            — Posso te perguntar algo?

Ele assentiu no meio dos meus cabelos.

            — Há quanto tempo você cogitou um tratamento?

Por um minuto achei que ele não tinha ouvido, por outro senti seu suspiro e suas mãos apertando-se mais fortes ao meu redor. Pensei que ele tomaria as rédeas desse assunto, mas me surpreendi pôr saber que a mim mesma os detalhes daquele tratamento queimavam por dentro.

            — Desde o momento que a vi se drogando! – disse sincero.

            — E porque naquele dia não desistiu de mim? – pausei sabendo que a pergunta era difícil – Nunca entendi porque você voltou... Errar não era exatamente um motivo!

            — Eu sei que não... – falou baixo – Eu fui um estúpido, mas não podia deixá-la sozinha no momento que mais precisava de mim... – pausou – Eu senti tanto... Eu prometi...

            — E foi só pela promessa? – instiguei incapaz de olhá-lo, agradecendo por visualizarmos o horizonte.

            — Não foi só a promessa Annie... Você sabe!

É eu sabia, mas queria... Ignorar. Havia tantas coisas que eu queria descobrir, sentir, instigar. A mulher do telefone é um exemplo. Eram perguntas sem respostas, medos sem curas. E eu não podia cobrá-lo, por tudo que ele me fez e também ainda mais por esconder algo dele.

            — Como vai ser? – mudei ao tema principal.

            — O tratamento? – perguntou e eu assenti mirando nossas mãos que formaram um entrelaço sobre meu colo – Contratei uma enfermeira há algum tempo...

            — Quem? – cortei-o agitada.

Com medo, com agonia por saber que alguém mais entraria naquilo.

            — Calma! – riu-se me confortando – É de confiança e você conhece...

            — Como assim eu conheço? – instiguei olhando-o sobre meu ombro.

            — Isso eu não vou contar, só espere até amanhã! – sorriu.

Voltei a mirar a frente pensativa, não insisti sabendo que ele não me contaria de qualquer modo. No fundo pensei que fosse apenas eu e ele, mas era uma ilusão da minha cabeça. Talvez fosse Christian... Isso explicaria tudo na verdade, o ar de segredo dos dois e a inexplicável sensação de que se conheciam há tempos. Mas era uma enfermeira... Christian de avental branco e chapeuzinho na cabeça não combinavam. Droga!