Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Tentei concentrar-me no que fazia dali à diante, mas por irreverência uma vez longe de Alfonso meus pensamentos pareciam abrir-se. E como se a cápsula de proteção dele explodisse me expondo ao mundo real e nesse mundo haviam ameaças, segredos, todo tipo de crueldade. Tentei não recordar-me das palavras de Christopher na farmácia, mas era inevitável, sabia que ele não estava brincando e por incrível que pareça não entendia porque dentro de mim aquelas ameaças não tiveram efeito nenhum mesmo assim. Talvez ainda estivesse anestesiada por conta de Alfonso, mas quando chegasse o momento de pensar-lo ficaria vulnerável, tinha certeza disso. Depois de ter aceitado o tratamento, apesar disso, senti-me mais confiante em relação a tudo, apesar de não menos temerosa, mas só porque ele estaria comigo. Compreendia agora que ele só queria o meu bem e dava-me proteção sem pedir nada em troca. Admirava-o por isso... Ao contrario do outro lado. Penso o que teria acontecido comigo se aceitasse o termo de Leon para tornar-me sua prostituta de luxo para pagar suas dividas... No dia que cortei as mãos e que Poncho levara-me a ilha, no dia em que fizemos amor pela primeira vez... Querendo ou não penso também na ultima noite que o vi, o dia em que me ameaçara com tamanha crueldade. Suas palavras ficariam guardadas em minha mente, ele sabia como me atingir. Ele tinha-me em mãos. Jurara matar Alfonso, jurara colocar-me atrás das grades se eu não o obedecesse. Ele conhecia meus medos, minha estúpida fraqueza sobre o vicio. Ele sabia me controlar se quisesse e eu tinha medo por isso. Perdera tanta coisa por sua culpa, fizera tanta besteira... E o pior e que cheguei a confiar em sua palavra, pedira sua ajuda como uma boba cega. Se Alfonso não tivesse me aceitado como eu sou não sei o que seria de mim. Provavelmente estaria jogada em um beco escuro drogando-me. Como era de costume... Há quanto tempo não ingeria droga afinal? Fazia tempo, talvez o meu recorde. Mentiria pra mim mesma se dissesse que eu não sinto falta. Eu sinto. Prova disso fora o surto pela manhã, se não fosse Alfonso teria saciado essa vontade. Mais uma vez Alfonso... Tinha as opções em mãos, bastava a mim saber escolhe-la. E apesar de tudo, sabendo qual era a certa, não podia simplesmente ignorar Christopher e/ou Leon. Não queria ir pra cadeia, não queria ser internada e não queria que nenhum mal sucedesse a Poncho. Por mais que eu tentasse ignorar eu tinha medo, tinha muito medo, mais do que eu era capaz de admitir. Não sabia o que fazer, não sei se deveria procurar o Mentor logo de uma vez e acabar com tudo. Droga! Eu sei que precisava fazer isso, mas se Alfonso descobrisse eu o decepcionaria. Não tivemos a oportunidade de conversar sobre, apenas porque eu não permiti, mas sabia que ele o faria. Suspirei. Ambos os lados me prejudicavam... Estava tão confusa, tão vulnerável e amedrontada. Queria ter tanto minha mãe por perto nesse momento para aconselhar-me, ou simplesmente alguém que não fosse Alfonso para confiar...

Em meio a tantos pensamentos e duvidas o tempo passara. Mal me dei conta que fizera o almoço e terminara-o antes das duas da tarde. Decidi dar a Poncho alguns minutos a mais lavando a louça e arrumando a mesa. Apenas depois me dirigi à sala tão silenciosamente quanto sairá para encontrá-lo no mesmo lugar. Dei a volta no sofá e me ajoelhei ao seu lado apoiando um cotovelo na almofada macia. Passei a observá-lo novamente, penso que o tempo poderia explodir lá fora que eu não daria bola. Poncho tinha os traços marcantes que prendiam minha atenção, a começar pelos olhos que mesmo fechados pareciam irradiar brilho, o nariz longo e pontudo, bem desenhado alinhado em seu rosto sobre os lábios carnudos... Ele era tão lindo mesmo com os cabelos desgrenhados e a barba por fazer. Nunca em minha vida, de olhos abertos ou fechados, sonhando, acordada ou alucinando... Nunca o esqueceria. Levei as mãos até a bochecha pálida e acariciei-o. Não queria mais acordá-lo, queria observá-lo e cuidar do seu sono o resto da vida. Como antes, me senti bem cuidando-o. Era uma sensação que invadia meu corpo e me deixava satisfeita, realizada.

            — Poncho acuérdate! – sussurrei.