Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 53 – Há Alguém Mais

Assim que Christian acomodou-se com Maite iniciamos o filme. Era um programa tão diferente em minha vida, quando poderia pensar em um domingo assim? Depois de tudo que acontecera não podia realmente. Tentei prestar atenção na tela, mas era quase impossível contando com que meus pensamentos iam e vinham para outras coisas. Não podia parar de pensar naquele tratamento. Remexi-me no sofá depois de uma longa hora e me dei conta que Poncho havia adormecido ao meu lado. Mirei-o em silencio vendo sua expressão serena e relaxada, afinal de contas a pancada havia deixado-o fraco. Trouxe-o pra mim levemente, fazendo sua cabeça descansar em meu colo, próximo o suficiente para seu conforto e agradavelmente perto para poder acariciar-lhe os cabelos espessos. Em um súbito momento de consciência, ele se acomodou em mim e envolveu seus braços ao meu redor num gesto possessivo. Afundei as mãos em seus cachos e ignorei de uma vez o filme. Era tão intimo aquele momento, considerava-o tão somente meu tê-lo em meus braços entregue ao cansaço que cheguei a sorrir sobre seus cabelos. Depois disso pude ouvir um suspiro longo abafando meus ouvidos, não era meu e era muito feminino pra ser de Poncho. Olhei para o lado e percebi duas coisas: Christian dormia como um bebe empertigado no sofá com a cabeça descansando em Maite e ela por sua vez admirava a mim e Poncho com os olhos brilhantes, como se fossemos os protagonistas do filme que ela já não assistia.

            — Oh vocês são tão lindos juntos... – disse ela baixinho ao perceber que eu a encarava.

Sorri abobadamente por ser pega no flagra enquanto partilhava carinho com Poncho, acho que estava tão acostumada tê-lo que não me importava com o que estivesse ao redor.

            — Às vezes esqueço o mundo quando estou com ele. – confessei.

            — E não é pra menos que Poncho faz igual... – disse ela olhando o irmão adormecido.

Olhei-o também pensando naquelas palavras. Poncho realmente esquecia-se do mundo quando estava comigo? Sorri ao constatar que sim. Às vezes em que estive com ele percebia aquela atenção magnética que nos rondava, era fácil esquecer qualquer coisa estando ao seu lado.

            — Annie se importa se eu te fizer uma pergunta?

            — Já fez uma não? – sorri voltando a mirá-la.

Esperei-a e nesse tempo percebi que a pergunta não seria fácil e muito menos a resposta que teria que dar-lhe.

            — Olha... Sei que Poncho está apaixonado por você... – baixei os olhos constrangida.

Por um lado assustei-me com a direta dela. Maite endireitou-se parecendo não se importar com isso.

            — Eu só queria saber... Na verdade...

            — Maite! – cortei-a sem tirar os olhos de Poncho – Já entendi aonde quer chegar!

Ela queria saber até onde meus sentimentos chegavam em relação a ele, entendia-a e compreendia porque da pergunta. E na verdade fazê-la fez-me perguntar a mim mesma o que realmente eu sentia por ele. Era confuso como sempre, mas começava a me dar conta dos novos sentimentos que aferravam meu peito. Acariciei novamente os cabelos dele, sua respiração estava tão calma, sua expressão era tão terna, tão protetora, apenas olhando-o meu coração disparava.

— Eu também me apaixonei... E acho que só agora me dou conta disso...

Quando reconheci em voz alta fora como se ele me escutasse, porque não teria coragem de admiti-lo frente a ele.

            — Fico feliz em escutar isso... – ela sorriu quando voltei a olhá-la – Pelo menos assim não preciso ser a Santa Casamenteira!

Rimos por seu comentário e fiquei feliz por ela querer-me a ponto de aceitar-me com seu irmão, sabia bem o laço que eles compartilhavam. Subitamente e igualmente senti-me estúpida, ela não sabia da minha condição e agora percebia o erro que era esconder isso dela.

            — Acho que preciso dizer-lhe algo... – sussurrei.

Na verdade não tinha certeza se deveria, mas eu o queria.

            — Isso tem a ver com a super proteção do Poncho? – perguntou cautelosa, seria.

Assenti e voltei a encarar os cabelos morenos. Era tão obvio sua conduta sobre mim? Sua proteção deliberada e meu estilo... Frágil?

            — Não se sinta obrigada a me contar, não faço estilo curiosa... – disse ela confortando-me.

Mirei-a em duvida, medo surgiu de repente... E se ela retraísse minha imagem quando contasse que era uma drogada? Tinha duvidas em relação a isso e realmente não queria perder aquela amizade. Encontrava em Mai um ponto de escape, ela era o mais próximo de uma amizade que poderia ter.

            — Mai eu...

Minha voz falhou. Fora como uma pausa que decidia entre o fogo e a água, mas senti a presença de Poncho abraçando-me, aquele gesto era confortante, era uma fala mutua de encorajamento para falar-lhe sem mesmo ele querer. Dizia-me assim que aquilo era a coisa certa a se fazer. Suspirei sentindo-me mais confortável e mirei-a ao dizer:

            — Eu sou viciada... – encontrei coragem e sussurrei – Em drogas.

Pareceu-me seqüencialmente que Maite havia se paralisado. Seu semblante estava impassível e um tanto confuso. Pensei seriamente que ela havia prendido a respiração e tive a certeza quando ela soltou o ar de uma vez.

            — Oh Annie que alivio... – levou as mãos ao peito – Cheguei a pensar que era da máfia mexicana!

            — O que? – indignei-me tentando não rir do comentário.

            — Eu sei, eu sei que no México não existe máfia, mas eu especulei tanto seu comportamento nos primeiros dias, e depois fui viajar, vi tantas coisas que fiquei paranóica!

Fiquei calada assimilando se ela me ouvira bem. Metade da tensão que havia sobre mim dissipou-se com seu comentário, mas ainda não tinha uma resposta concreta.

            — Bem... Isso explicava varias coisas... – disse ela pensativa – Oh Anahí desculpe... – voltou-se a mim – Eu fui tão insensível com você!

Maneei a cabeça.

            — Não se preocupe... – tentei sorrir-lhe – Só quero que saiba que quero mudar...

Ela me olhou com ternura lançando-me condescendência.

            — Sei que isso tem dedos de Alfonso estou certa? – assenti – E fique tranqüila, não te julgarei por seus erros...

Antes que pudesse responder-lhe Alfonso mexeu-se incomodo mostrando a evidencia de sua presença. No fundo sabia que seria melhor acabar com aquela conversa e agradeci-o por acordar naquele momento.

            — Acho que adormeci... – comentou ele olhando-me cúmplice.

            — Você não foi o único... – Maite apontou Christian que ainda dormia – Acho que realmente o fiz andar demais.

Alfonso virou-se pra ela espreguiçando-se, olhou Christian esparramado no colo da irmã e sacudiu-o sem piedade fazendo-o acordar assustado e cair do sofá. Enquanto riamos Christian esfregou o dorso preguiçoso mal se importando com aquilo.

            — Alfonso... dá próxima vez use beijos! – falou carrancudo.

            — Então serei eu a te acordar! – Maite disse com os olhos cravados nele.

Christian sorriu gentilmente enquanto se levantava.

            — Isso foi uma indireta Christian... – comentei.

Ele me olhou confuso depois passou a mirar Alfonso.

            — Maite acho melhor irmos embora, a indireta foi pra nós!

            — Não mandei ninguém embora... – Alfonso defendeu-se.

            — Mas insinuou... – Maite levantou-se igualmente.

Alfonso olhou-me, dei de ombros indiferente. Depois disso foram as despedidas e os dois foram-se para o apartamento abaixo.