Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Baixei os olhos. A que momento tudo isso acontecera? Como Poncho conseguia esconder isso de mim? O que mais ele escondia? Queria fugir novamente, ficar sozinha, mas seria covarde e imatura se o fizesse.

            — Acha que podemos começar? – perguntou ele tocando meu rosto diante do silencio.

Meu olhar correu do dele para o de Dulce. Neles encontrei confiança, sinceridade. Não podia reclamar daquilo, não queria na verdade.

            — Estou com medo... – confessei.

Dulce se aproximou pondo-se ao meu lado, segurou-me o ombro confortando-me enquanto Alfonso mirava-me expressivo.

            — Tudo que se faz sem medo não é um desafio... – sussurrou ele sorrindo. Levou as mãos a lateral da minha face – Não se preocupe, Dulce só vai tirar-lhe sangue hoje...

            — Porque? – perguntei rapidamente amedrontada.

Odiava sangue. Temia por ele depois das cenas que fora obrigada a passar.

            — Temos que fazer alguns exames antes de aplicar-lhe o soro Annie... – explicou Dulce – Pra medirmos a dose que seu organismo necessita, entende?

Assenti. Tentei relaxar.

            — Ok, está certo...

Minha voz era tão nervosa. Meus pensamentos tão embaralhados. Poncho segurou-me a mão com firmeza, puxou-me de volta ao corredor e abriu a ultima porta, uma que por sinal nunca tinha reparado. Quando abriu-a fiquei chocada em silencio. As paredes brancas faziam contraste com os moveis bege. Aparelhos estranhos ficavam de um lado, uma cama larga ficava ao centro do quarto em uma única janela com vista para a cidade. Um mini hospital resumidamente, mas não com aquele ar doentio, tinha uma aparência confortável.

            — Alfonso você...

            — Não fale nada... – sorriu cortando-me.

Levou-me até a cama obrigando-me a sentar. Dulce que entrara atrás fora colocar luvas, preparar os instrumentos. O silencio de nossas vozes instalou-se pelo quarto, cortado apenas pelos instrumentos que Dulce manejava. Poncho sentou-se ao meu lado trazendo a lateral do meu corpo pra descansar no seu. Fiquei quieta assimilando, sentindo meu corpo tremer a hipóteses absurdas.

            — Venha Annie, apóie seu braço aqui... – mostrou-me o local.

Fiz-lhe o que era pedido. Estiquei o braço sobre o instrumento metálico e frio. Dulce colocou uma amarra acima do meu cotovelo. Olhei Alfonso que postara-se comigo segurando-me a mão.

            — Vai ser sempre assim? – perguntei.

Senti meus lábios tremerem.

            — Sobre injeção? – Dulce perguntou, assenti – É a única maneira de introduzir a solução em seu corpo...

Respirei fundo.

            — Converse comigo Annie, assim você se distrai... – olhei dela para a agulha preparada em sua mão com um olhar astuto – Não se preocupe, fiz um curso intensivo pra fazer isso...

            — Pensei que fosse uma bar tender...

— Isso é um hob que pretendo manter nos finais de semana... – riu-se.

Vi-a levar a agulha ao meu braço, fechei os olhos, a mão de Alfonso apertou-se a minha calidamente. A pontada fora mais forte do que eu imaginei, minha pele parecia sensível, o liquido que vermelho que sai do meu corpo era totalmente perceptível ao meu. Abri os olhos tonteada e olhei pra agulha. Fora o suficiente pra sentir-me mal, tonta, desnorteada até que tudo ficou preto.