Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

— Desculpe Victor, não deveria perguntar isso, mal nos conhecemos e...

            — E nada! – interrompeu-me. As portas se abriram e ele me puxou pra um corredor amplo – Tenho o dom de ganhar fácil amizade das pessoas... – sorriu fazendo uma mesura enquanto avançávamos pela passagem – Mas minha amizade é difícil de conseguir e acredite... – pausou parando a minha frente – Você já a tem!

Tentei assimilar, mas antes que pudesse distrai-me com outra coisa. Chegamos a um amontoado de gente, parecia um estúdio com vários escritórios individuais. Camareiras andavam de um lado para outro, modelos faziam ajustes e vários montes de roupas estavam enfileirados. Tinha espaço pra tudo o que eu podia imaginar: Fotos, costura, desenho... Se fosse resumir em atelier não seria digno. Era mais que isso. Aquele lugar realmente chamou minha atenção[1]. Assim como, todos os olhares caíram sobre mim.

            — Esse é o espaço mais importante da empresa. – abriu os braços mostrando o local – E essas são as víboras que você tem que tomar cuidado... – acrescentou ao meu ouvido e virou-se para os olhos curiosos – Estou tão belo assim que estão me olhando com essa cara de mosca morta? – ironizou em alto e bom tom.

Em seguida arrastou-me a uma sala no final de tudo, com uma vista panorâmica da cidade.

            — Este é seu escritório. – fechou a porta e sorriu a mim.

            — O que?

            — Isso mesmo, ordens do próprio Herrera. – sorriu ainda mais – Vai dividi-lo com Maite já que ela pretende se mudar pra cá, mas olha essa vista... – virou-se para admirar a visão – Não é maravilhoso?

            — Victor não entendo? Porque tenho que ter um escritório... Aqui? – perguntei confusa.

 Ele voltou-se a mim novamente. Puxou-me pelos braços diante da parede de vidro que mostrava o restante do ateliê.

            — Oh querida, olhe todas essas pessoas... – postou-se as minhas costas – Nenhuma dessas modelos tem cérebro, se preocupam em passar por cima das pessoas e com a imagem que vão passar... Poucas se salvam... – suspirou – As outras querem manter-se, são humildes e dispostas a ajudar. Fazem um trabalho excelente e são a alma disso tudo...

            — Não te entendo Victor... – deixei de olhar a movimentação para encará-lo novamente.

            — Você é brilhante Anahí, mas não se deu conta disso...

Seja lá o que ele queria dizer estava certo: Não me dera conta. Não do que era, mas do que ele estava tentando me dizer. Olhei-o mais intrigada ainda.

            — Lembra-se do desfile? – assenti – Você foi à única tirando Maite e Alfonso ao perceberem o cinismo nas peças... – falou sonhador andando pelo escritório – Naquele momento percebi seu olhar sistemático para a moda.

            — Victor só dei minha opinião, não sou nem entendedora disso!

            — Imagine se fosse... – sorriu levando as mãos ao peito – Te dou um dia aqui e você vai perceber do que estou falando...

            — Não acredito que isso vá acontecer. – falei descrente.

Victor sorriu.

            — Quer começar sua prova? – disse ele arqueando uma sobrancelha.

Mirei-o um tanto desconfiada, mas a palavra “prova” soou como um desafio pra mim mesma. Sorri-lhe e assenti. Victor saiu da sala, segui-o ignorando mais uma vez os olhares que caiam sobre mim. Fomos até outro extremo do espaço, uma pequena sala de luz com um projetor grande reluzia o desenho de um vestido inacabado. Em uma mesa reluzente era possível ver o esboço do desenho, onde certamente os traços mostravam-se a frente.

            — É o meu ultimo trabalho... Mas não consigo terminá-lo... – olhou o teto buscando alguma palavra que se encaixasse – Bloqueio criativo sabe?

Soltei um riso baixo e de novo... Dei de ombros incerta. Não sabia o que era aquilo porque nunca tivera oportunidade de apropriar-me daquilo.

            — Pegue... – estendeu-me uma caneta – É todo seu... – apontou para o quadro de luz onde o desenho estava sendo feito.

Neguei imediatamente com a cabeça.

            — Não posso Victor!

            — Não só pode como fará.

Deu-me as costas apressadamente e saiu deixando-me perdida naquele espaço. Amaldiçoei-o por aquilo. A sala era tão visível a todos quanto a outra, as paredes de vidro não me davam privacidade e nem sequer tinha coragem de sair ou menos ainda o que fazer. Sentia olhos curiosos, sentia que uma energia de rancor vinha daqueles olhares. E agora o que eu ia fazer? Primeiramente afastar aquele alarme. Desafio era isso, era um frio no estomago como se borboletas voassem, era agarrar-se a oportunidade e esquecer o resto... Apenas fazer. Olhei para o desenho e sentei-me na cadeira frente a ele. Estranhamente um furor correu por meu sangue. Sim, sentia-me capaz.