Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Pergunto-me o que fazia aí sem ele e até mesmo em sua presença. Fora tão cômodo passar os dias, não fizera nenhum acordo, nem meias palavras simplesmente, estava. Era estranho e aconchegante ao mesmo tempo, mas conseguia ver naquele momento que precisava tomar novamente minhas próprias liberdades. Quem sabe Alfonso concordasse com isso porque eu sabia que se tomasse a atitude sem seu consentimento ele me buscaria onde quer que fosse. Fora assim desde o momento em que ele me atropelara. Dei de ombros sorrindo. Querendo ou não ele era parte da minha vida. E eu gostava daquela sensação. Quando desci os elevadores me pus a andar decidida fazer o caminho até a Herrera’s a pé permiti-me pensar e refletir tudo que estava acontecendo. Dispus do sol brilhando no alto e o vento gélido golpeando-me os cabelos. Sorvi daquele momento libertino e pensei seriamente: Não tinha como me afastar de Alfonso. Pensara que podia desvincular-me dele, mas cada dia sentia-me mais ligada e agora tendo-o longe me dava conta disso. Mudara a mim mesma, o jeito de pensar e de agir. Sinceramente não sentia falta da antiga Anahí mesmo ela querendo tomar o meu lugar a cada instante que pensava em droga. Como era possível? Como duas personalidades mútuas cabiam em mim? A pergunta morreu quando alcancei o edifício da empresa. Entrei por ele vendo o lugar quase vazio. Era cedo para o horário de trabalho.

            — Bom Dia senhorita Portilla... – a recepcionista Sabrine cumprimentou-me como fazia todos os dias.

Seu evidente entusiasmo abria-me um sorriso cada vez que passava por ela.

            — Bom dia... – retribui-lhe o comprimento.

Continuei meu caminho até o elevador. Era a primeira vez que subia ali sem Alfonso. Sentia-me estranha, quase como uma intrusa, mas confiava nos passos que dava. Trabalhar, querendo ou não, era novo pra mim. Quando cheguei ao trigésimo sétimo andar encontrei-o vazio. Arranjei um café expresso pelo caminho e segui diretamente a sala destinada a mim e Maite aproveitando-me do silencio do ambiente. À medida que avançava ao espaço me dava conta das rosas imóveis em minha mesa. Abri a porta de vidro com um sorriso nos lábios, peguei a dúzia em minhas mãos, sorvi o cheiro chamejante sentindo a textura em minha pele. As cores vibrantes do ramo verde e das rosas vermelhas acendiam o lugar e meu interior. Junto ao buquê seguia um cartão com os dizeres:

Reli o cartão vezes seguidas deliciando-me com a letra de Alfonso. Era como se ele estivesse as minhas costas sussurrando aquelas palavras. Cheirei as flores uma vez mais antes de colocá-las na mesa retangular que jazia vazia no canto. Voltei a minha mesa, que ironia, minha mesa, e sentei na cadeira larga vendo os desenhos inacabados a minha frente da mesma maneira que os deixara no dia anterior. Sorvi um gole de café sentindo a necessidade da cafeína para manter as energias e os olhos bem abertos. Sentia-me tonta por vezes olhando tantos rabiscos, mas aquilo era algo que agradava-me. Peguei o lápis e propus-me a traçar linhas suaves sobre o papel. Fora quando, ao mover um dos desenhos, vira o papel creme que fazia contraste com os brancos.

“O prazo terminou, você sabe o que fazer”.

Reli o bilhete incontáveis vezes. Qual prazo? O que deveria fazer? Certamente aquilo não fora Alfonso que deixara muito menos Victor ou Maite. Mas quem...? Oh deus! De repente uma avalanche de lembranças invadiu minha mente. O prazo, a letra transversal no papel e a memória do passado que queria evitar. Era ele. Levantei-me assustada esbarrando no copo de café. O liquido quente espalhou-se sobre a mesa alastrando-se sobre os desenhos. Tentei salvar todos retirando-os para o outro lado, mas o estrago já estava feito.

            — Merda! – xinguei alto jogando o que restara a um lado.

            — Mal dia... querida?