Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

— Me solta! – pedi tentando manter a calma.

De maneira nenhuma deixaria-o saber o que passava em meu interior. Mirei-o novamente, dessa vez seus olhos desviaram-se aos meus lábios e ali ficaram. Eu sabia o que ele poderia fazer, teria e precisava evitá-lo.

             — Sabe Anahí... – falou ele, baixo e controlado voltando a mirar-me – Eu estava disposto a dizer onde esta sua “morta” mãe! – ironizou – Mas se continuar a me enfrentar... – estalou a língua.

            — Cale a boca!

Com força ele próprio empurrou-me contra a porta afastando-se. A dor da batida fora substancial.

            — Te dei tudo! – gritou sobressaltando-me – Tudo Anahí e você me traiu com o mesquinho do Herrera!

            — Ele não tem nada a ver com isso!

            — A culpa é toda dele! – cortou-me voltando-se para mim com agilidade – Você se entregou a pior espécie de homem que há no mundo! Os mentirosos! – completou com desdém – Foi bom pra você deitar-se com ele sabendo que te enganava o tempo todo? – perguntou com raiva.

            — Ele nunca mentiu!

A risada caustica ecoou pelo espaço vazio. Fiquei com receio, com medo. Não podia ser uma ilusão. Alfonso. Não! Leon queria pôr-me contra ele, mas não iria deixar.

            — Eu nunca menti pra você, eu sempre te cuidei, te ajudei...

            — Você acabou com minha vida! – gritei cortando-o – Não te dou o direito de falar dele quando foi você que estragou tudo!

Mais ligeiramente que antes ele me agarrou em seus braços. Temi por algum contato novamente, tentei rechaçá-lo, mas via a inutilidade de meus braços tentando afastá-lo. Em um segundo seguinte estava imóvel e sem saída nos braços dele. Fechei os olhos e abaixei a cabeça tentando socá-lo. Inútil. Apertou-me mais.

            — Você é minha Anahí! Eu a escolhi e você me decepcionou! – falou baixo e raivoso.

Queria gritá-lo, mas no instante seguinte fui calada por seus lábios sobre os meus. Entendi tudo que eu não sabia. Minha relação com ele. Leon queria-me, treinara-me para estar aos pés, mas eu não fora capaz disso. O ódio se misturava. Bati-o com mais força enquanto seus lábios moviam-se com rudeza sobre os meus. Não conseguia soltar-me nem pará-lo. Com raiva investi o corpo para desatar-me. A linha de meus lábios mantinham-se em linha dura e fechada. O nojo invadia-me até que ele parou.

            — Como é ser uma prostituta de luxo? – ironizou penoso apertando-me os braços – Como era estar na cama com um homem que te usou apenas para fodê-la...?

Suas palavras abrandaram em mim a raiva mais profundo que já tinha sentido. Consegui soltar-me dele, e no instante que vi oportunidade golpeei-lhe com força na cara. Leon afastou-se com a mão no rosto. Rindo, gargalhando, tirando gozação daquele momento tão duro pra mim.

            — Ele nunca me usaria! Não como você o fez!  – joguei-o na cara com voz embriagada.

— Você será minha, quando menos esperar... – tocou o rosto massageando-o – Essa é a diferença entre nós, estou te avisando!

Neguei com a cabeça sentindo a repentina corrente de lagrimas acumular-se em meus olhos. Não iria chorar frente a ele, não iria ser fraca ou envolver-me em sentimentos. Queria ir embora e quando me virei a fim de tal ele segurou meu braço fazendo-me virar.

            — Te dou o ultimo aviso! – apertou-me com força machucando meu braço – Eu o mato se pensar que pode me enfrentar!

Mirei-o. Os olhos fundos e grosseiros despejando-me a dura realidade. O que eu poderia fazer?

            — Não fala a serio...

            — Sim o falo! Há coisas que você não sabe querida!

            — Está mentindo! – acusei-o soltando-me dele.

            — Tenho provas e estou disposto a mostrá-las se quiser. – abriu as mãos em indagação.

Não sabia mais o que pensar. Vi-o seguir caminho até as escadas que levavam ao seu escritório. Deveria segui-lo? Ver as tais provas e decepcionar-me ou continuar ilusa em um lugar sem respostas? Alfonso enganava-me realmente? Não podia acreditar nisso. Segui Leon, subi as escadas solitárias que tantas vezes antes traçara. Quando adentrei a sala ele posicionava-se na sua cadeira alta e propensa para a imagem que ele queria passar: [i] poder [/i].

            — Quer mesmo ver o que tenho que mostrar-lhe? – perguntou arqueando as sobrancelhas – Vai se decepcionar minha cara! – sorriu desdenhoso.

Não fui capaz de respondê-lo. Mirava-o tentava digerir o que estava passando, se era um blefe dele. Com rapidez abriu a gaveta e estendeu-me um envelope. Não sabia se pegava-o ou o que encontraria ali.  Mas a curiosidade era maior. Respostas que talvez quisesse e buscasse podiam estar ali.

            — Abra Anahí... – insistiu ele balançando o envelope – Encontra suas respostas!

Oprimida estendi a mão com reluta. Toquei o envelope e o trouxe as minhas mãos. Não tive coragem de abri-lo de imediato. Observei-o por longos minutos esperando talvez transformar aquilo em cinzas.

            — A propósito... – disse Leon acordando-me do medo – Deixei um bilhete dentro do envelope com o endereço da sua mamãe... – riu em seguida – Procure debaixo da terra cara! – riu mais ainda.

Ele sabia que se o falasse da minha mãe eu abriria o envelope. E foi o que eu fiz. Com a mão puxei um maço de papeis. Um único bilhete dizia onde minha mãe estava, os outros. Oh os outros. Meu coração despedaçou-se ao constatar fotos de Poncho e outra mulher. Morena, quase da sua altura e o rosto escondido em seu pescoço. Não era Maite, era outra pessoa que ele abraçava, evolvia em seus braços.

            — Céus! – revirei as fotos.

Todas mostravam um abraço e quase a mesma pose. Quem era ela? Porque Poncho estava com ela? Escutei o riso baixo de Leon, o desdém em seu olhar vendo meu mundo desmoronar naquelas fotos. Deixei-as cair mantendo o endereço em minhas mãos. Virei às costas. Corri dali sentindo-me um nada. Simplesmente não consegui mais sentir... Nada.