Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 74 – Era Ele, Com Ele

Deixei que as lágrimas caíssem, cada gota que escorria por meu rosto era uma atrocidade em meu peito. Sentia o ar faltar a cada fungada, cada tremor que meu corpo dava era uma prova real e substancial que eu não era nada! Uma pontada de dor perfurou meu abdômen, segurei-o com as mãos tentando aliviar a carga de cólicas que espalhavam-se por meu ventre. Não movi-me dali incapaz de obter forças pra tal ato. Puxei a mochila contra mim e procurei pelas gases que roubara.  Sentindo as contrações por meu corpo troquei o curativo. Minha respiração era forte, meu cérebro parecia rodar. Céus o que estava acontecendo? Tentei acalmar-me, aquela agitação não me faria bem. Controlei a respiração, deixei o vento penetrar meu corpo quente e aliviar os músculos. Ana Paula deveria estar no andar de cima com frio e fome, deveria seguir até ela e indagar de uma vez o que acontecera a ela e formular algum plano. Quando me senti mais aliviada levantei devagar. Peguei a mochila pesada e segui em direção ao andar de cima. Vi de cara a garota perto da janela espiando pra fora sobre a penumbra da sala. Aproximei-me dela cautelosamente. Assustei-a quando toquei seus ombros e de cara vi o que ela olhava.

            — Shhh fique quieta! – instrui as suas costas olhando o mesmo ponto que ela.

Ao longe vi dois homens conversando. Um era de porte médio com os cabelos loiros, o outro... Ah o outro. Christopher. Indaguei sua presença temerosa de que ele tivesse me encontrado, mas quando vi seus movimentos percebi o que ele fazia ali: Tráfico.

            — Tititi é ele, o homem mal! – Ana Paula sussurrou apontando com o dedo os dois homens.

Abaixei-me a sua altura sem tirar os olhos da rua.

            — O que quer dizer com homem mal? – indaguei-a.

            — Ele me tirou da mamãe... Foi ele! O moreno alto Tititi!

Meu corpo congelou no momento que a sensação de Dejavú percorreu meu sangue. Vi Christopher e o outro rapaz afastarem-se para longe do beco e me dei conta do que estava acontecendo. Só precisaria me aprofundar. Puxei Ana Paula pra longe da janela sabendo que ali estaríamos a salvo. Fiz-a sentar-se no chão a minha frente e encarei seu olhar astuto e assustado.

            — Quero que me conte como aquele homem encontrou você! – falei seria.

            — Eu não lembro muito bem Tititi! – disse assustada.

Percebi que estava falando com uma criança, não poderia exigir nada dela. Levava a inocência, os laços maternais que lhe foram tirados, sabia como era aquilo e se tinha uma coisa que não queria para aquela menina era que passasse pelo que passei.

            — Me escute querida... – alcancei uma mão em seus cabelos – Pode me contar do que se lembra?

Ela assentiu devagar.

            — Acho que sim Tititi – Fez uma pausa de olhos baixos – É importante?

Sorri-lhe lentamente passando-lhe uma confiança que queria adquirir.

            — Sim é importante! Muito importante!

Levantei e recuperei a mochila, trouxe-a pra perto da menina e retirei uma barra de chocolate.

            — Coma isto, não temos pressa certo? – lancei-lhe um sorriso.

            — Chocolate Tititi! – recebeu a embalagem com um sorriso enorme na pequena boca.

Vi naquele olhar ingênuo uma constante carência. Não sei como, mas de algum modo senti-me ligada àquela garota. O simples fato de Christopher ser seu mau feitor intuía que o poder acima disso era de Leon. Planejaria ele algo a ela? Não queria pensar naquela possibilidade.

            — Como foi que o homem lhe encontrou? – perguntei-lhe cautelosamente enquanto ela comia sua barra.

            — Não sei aonde Tititi, minha mãe ia me levar ao shopping e ele apareceu!

Típico seqüestro? O que Leon queria com aquela garota, ou melhor, o que ela tinha de importante?

            — Ele fez ameaças?

            — O que é isso Tititi?

Suspirei compreensiva quase sorrindo diante de sua inocência.   

— Ele falou algo enquanto a levava?

            — Não lembro Tititi! – mordeu mais um pedaço de chocolate lambuzando as bochechas – Eu gritei, mas ele tapou minha boca! Depois ficou tudo escuro!

Era característico de Christopher ser cruel e submeter uma criança a drogas soníferas. Não deveria surpreender-me.

            — Depois te levaram pra onde?

            — Não tinha janelas... – largou o chocolate de repente – Era escuro e sempre me diziam que não veria mais minha mãe!

Seus olhos de repente se contorceram. Chegara ao ponto limite de perguntas, era traumático a ela. Não poderia continuar. Vi as lagrimas escorrerem por seu rosto delicado, levei uma das mãos a face corada e sequei-as.

            — Como fugiu? – perguntei decidindo ser a ultima.

Ela fungou.

             — Não lembro Tititi, um homem alto me disse pra correr e eu corri!

Depois podia imaginar o resto da historia. Assustada ela escolheu um refugio, encontrando naquele prédio um lugar longe de seus temores. Há quanto tempo estaria ali? Muito a julgar por seu estado. Seja como for seria melhor do que estar presa a dois crápulas, bem o fez o feitor que a livrou deles, a pergunta incógnita agora seria clara: Quem era aquele homem?