Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

O tiro acertou um latão velho no canto da sala ecoando, quase estourando os tímpanos. Ele não estava brincando. Seja lá o que estava pretendendo tinha em mente que nada iria pará-lo. Aproximei-me rendida, sem conseguir, pensar ou arranjar uma saída. Quando sua mão agarrou meu braço, me preocupei apenas com Ana Paula. Temia, oh céus como temia que algo acontecesse, ainda mais agora...

            — Tititi! – gemeu a pequena.

            — Deixe levá-la Christopher!

            — Cale a boca e ande! – empurrando-nos até o carro estacionado fora da travessa.

Obrigou-nos entrar, largou Ana Paula em meus braços deixando que eu a confortasse em um abraço.

            — Tititi! – soluçou em meu peito.

            — Fique calma meu bem!

            — Tenho medo Annie...

            — Não vou deixar que nada aconteça!

Christopher não ouviu-nos, deu a volta no carro e entrou gargalhando olhando-nos através do espelho.

            — Quem diria que teria duas bastardas hein? Pensou que mudar a aparência ajudaria a se esconder?

O tom de deboche era cada vez mais claro e nesse tempo minha raiva aumentava. O corte que ele fizera dias atrás ainda me incomodava, as conseqüências de seus atos ainda atrapalhava minha vida.

— O que ganha com isso? – mirei seu semblante com raiva – O que ganha Christopher? – perguntei mais alto – Status? Dinheiro ou a atenção do seu protegido?

            — Não fale comigo assim! – rugiu com raiva olhando-me pelo espelho.

Algo havia de estranho em seu olhar e algo mudou em seu semblante de repente.

            — Você vai pagar pelo que fez Anahí! – cortou-me. Os dentes cerrados e o cenho fechado indicavam sua exaltação – No final vai sofrer, verá todos que ama morrer...

            — Não vou refazer sua historia! – abracei-me mais em Ana Paula sentindo-a tremer.

Tendo-a em meus braços tinha a coragem para enfrentá-lo. De alguma forma não importei-me comigo, apenas com ela.

— E o que sabe você de mim? – olhei-lhe os dedos fazendo pressão ao volante até os nódulos dos dedos ficarem brancos – Você perdeu seu pai, viu Juan matar sua mãe, perdeu Alfonso! – fez uma pausa dando de ombros – Sua historia é de longe pior que a minha garota, e ainda tirei o detalhe trágico da historia... – arqueou uma sobrancelha rindo.

Lancei-lhe um olhar. Cruel? Penoso? Não sabia. Fiquei calada por um instante refletindo suas palavras, me dei conta que nada vindo dele me atingia mais. Eu podia controlar minhas próprias verdades, com Alfonso, sem ele, tudo que eu tinha era a mim mesma e naquele momento contava com Ana Paula.

            — Tenho por quem lutar ao menos, tenho por que viver Christopher... Você não tem nada!

O olhar árduo pareceu transcorrer toda a pena que existia em mim direcionando a ele. No fundo aquela era a dura verdade, ele não tinha nada. O carro parou bruscamente um instante depois. Fiquei a observar as feições dele pra me preparar a qualquer movimento. Olhei a volta reconhecendo o bairro miserável de casas frias e sem contexto. Uckermann saiu do carro com agilidade, chegou ao meu lado com rapidez, agarrou-me pelo braço violentamente apertando os dedos longos sobre meus músculos provocando a dor instantânea.

            — Me solta! – gritou Ana Paula quando ele a deteve com o outro braço.

Levou-nos pra dentro da casa que antigamente dizia-se meu lar.

            — Se não calar a boca esqueça que tem mãe menina chata!

            — Não a ameace Uckermann! – tentei esquivar-me.

Com um empurrão forte jogou-me pra dentro fazendo-me cambalear até o chão. A brutalidade em seu gesto fora tão grande que me senti tonta com o movimento.

            — Chega Anahí! Pare de dizer que se importa com a garota!

            — Tititi! – Ana correu até mim quando a soltou.

Apoiei-me sobre a mão sentindo o cotovelo arder, abracei-me a menina com força tentando passar-lhe calma. Precisava de um ponto de fuga, mas como o faria?