Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

A menina de olhos claros olhou-me assustada com a abertura e a entrada da luz. No instante seguinte corria para meus braços e se agarrava em meu pescoço. Tanto tempo procurei-a que parecia impossível ela estar ali.

            — Poncho é... É a filha de Marichelo! – Christian postou-se atrás de mim tão assustado quanto eu.

Mirei-o sobre o ombro assentindo.

            — Querida você está bem? – perguntei erguendo-me com a menina entre os braços – Te fizeram algo?

            — Não moço... – respondeu chorosa limpando os olinhos cheios de lagrima – O homem mal fechou a porta... – soluçou – E ele vai fazer mal pra Tititi! – escondeu o rosto em meu pescoço.

Abracei-a tentando buscar-lhe um conforto. Seu corpo tremia, as lagrimas escorriam temerosa.

            — Vai ficar tudo bem! – olhei Christian – Você ficara com Dulce enquanto busco sua tia! – expressei como uma ordem.

Christian virou-se imediatamente e pela porta fez sinal a Dulce. Com um olhar pesado passei-lhe a criança que ficou quieta em seus braços.

            — Salva ela tio! – olhou-me em suplica.

Aquele olhar condizia de sua esperança para comigo. Senti-me mortificado. Aproximei-me dela levando a mão à bochecha rosada, limpando-lhe as lagrimas.

            — Como se chama sua tia querida? – perguntei-lhe, sabendo que aquela interrogação queimava-me o peito – Onde ela está?

Seu dedo minúsculo apontou as escadas, olhei em instinto perguntando-me se o silencio combinava a sua afirmação.

            — É tia Annie, ele pegou ela!

Tia Annie. O som daquele nome ecoou em minha cabeça. Não era possível que ambas estivessem ali. Era muita coincidência, muito descaso. Merda!

            — Leve-a Dulce. Fiquem no carro e dirija pra longe se for o caso! – ordenei-lhe apressado.

Ela assentiu. Virou-se e me vi subindo as escadas.

            — Vasculhe a casa! – virei-me para Christian – Suba em seguida!

Ele assentiu. Corri degraus acima. Virei à direita em busca do quarto de Anahí, ela não estava ali. O silencio dos corredores me agoniava. Voltei-me olhando as portas e quanto mais me aproximava do ultimo quarto me dava conta que podia ser ilusão, uma imagem lúcida da minha cabeça... Até que a aflição preencheu meus ouvidos, o gruído flébil da voz que um dia soara tão doce preencheu-me.

            — Ana! Oh céus n-ão... – ouvi-a. Era de Anahí, oh céus era ela – Faça n-ada c-o-m ela!

            — Ela será a próxima não se preocupe! – Christopher ameaçou-a.

Quando alcancei a entrada escancarei-a. Tudo passara rápido naquele momento. A porta acertou a figura pálida de Christopher no ombro esquerdo, sobressaltando-se assustado cambaleou até uma poltrona e sacou a arma da jaqueta. Avancei a ele tentando detê-lo, mas num súbito erro ele esticou a perna acertando-me o tórax. Retrocedi alguns passos enquanto ele apontava-me a arma, mas naquele momento aquilo não me importou. Anahí estava ali, quase imóvel sobre a cama. Mirei-a angustiado, seus lábios tentaram soluçar meu nome, mas foi impossível.

            — Fique longe dela! – gritou Uckermann em ameaça – Se aproximar eu atiro! – bufou.

Fiquei imóvel mal o escutando. O que diabos me importava um tiro quando meu coração se machucou ferozmente ao vê-la naquele estado? Os cabelos não eram os mesmos, morenos, caindo em cachos sobre os ombros magros. Oh céus, mirar seus olhos não fora o mesmo de antes. O brilho doce da sua personalidade continuava ali, mas sua aparição cansada... O estado em que se encontrava, drogada...

            — O que fez a ela? – rosnei mirando Christopher.

Descaradamente ele riu. Debochou de seu estado dando-me a certeza de que aquilo nada tinha a ver com ela. Sim, ela poderia ter se drogado por conta própria, teria desviado do caminho, mas esperançava que não fosse por falta de vontade.

            — O que te importa ela? – desgastou sua voz ecoando pelo quarto – Pode ter quem quiser... É uma drogada Herrera!

            — Eu o mato se algo acontecer! – cerrei os punhos voltando a mirá-lo – Juro que o mato!

Ignorei seu comentário estúpido, ignorei sua risada sarcástica. Só queria pô-la em meus braços e protegê-la daquele sofrimento.

            — Se quer matar a mim peça dicas pra Anahí... – olhou-a – Ela sabe muito bem puxar um gatilho!

            — Do que está falando...?

— N-ão! – ouvi a negação entrecortada – P-poncho...

Mirei-a torturado. Não me preocupei mais com Christopher, não me importei se tinha uma arma apontada pra mim ou não, lancei-me até ela e procurei seu corpo.