Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Uma vez sentado na enfermaria, meu olhar se perdia a qualquer objeto em minha frente. Uma enfermeira de meia idade tomava pontos em meu braço, a bala passara de um lado ao outro abrindo-me um rasgo na pele. Ardia, pulsava no local perpassando uma dor quase insuportável, mas nada era comparado ao meu estado de psicose mental.

            — Levou sorte! – disse ela simpática – Mas poderia ter infeccionado...

Dei uma pausa analisando aquela afirmação.

            — O que vale uma infecção quando o amor da sua vida está à beira de... De... – sussurrei incapaz.

A senhora suspirou parando suas mãos delicadas.

            — Tem fé rapaz? – perguntou-me séria.

Mirei-a, era vivida, tinha experiência e por ver sua idade avançada gostava do que fazia.

            — Tenho! – respondi-a – Mas não sei se é o suficiente...

            — Se você estiver ao seu lado, ela vai querer sobreviver! – sorriu-me confortadora.

E ela sabia pela leitura dos meus olhos o que eu pensava. Abaixei a cabeça deixando que os pensamentos tomassem conta. O que estava acontecendo com Anahí, onde ela estava? E meu filho? Sentia-me morto por dentro sem noticias, era um túnel sem luz. Odiava sentir-me inútil.

            — Pronto... – disse ela completando seu serviço – Descanse um pouco querido, ela vai se recuperar!

Deixando-me sozinho no quarto repus a camisa manchada de sangue e levantei. Um leve tontear apoderou-se do meu corpo. Estava cansado, as horas de sono perdida faziam-me falta, mas não conseguia fechar os olhos e não ver Anahí. Precisava saber dela desesperadamente. Segui pelo corredor do hospital desnorteado, as poucas pessoas que ali circulavam miravam-me apavoradas certamente por ver meu estado. A recepção estava vazia, o relógio marcava sete horas da noite.

            — Quero saber da paciente que deu entrada às seis e quinze... – disse a recepcionista.

Esperei sua resposta, mirando quase impaciente ela teclar em seu computador.

            — Só temos uma paciente, está sem registro. É responsável por ela? – perguntou.

Assenti. Registrei-a no hospital e fiquei sem nenhuma resposta. Apenas o vazio de um olhar sentindo o oco em meu peito crescer. Tentei de algum jeito acalmar-me, mas era quase impossível. Rezei silenciosamente pra que tudo ficasse bem, que aquilo passasse rápido pra tê-la novamente nos braços. Quando meu celular vibrou pareci acordar, saber que estava vivendo a realidade. Vi no leitor o nome de Maite e me amaldiçoei por não poder proteger as pessoas a quem amava.

            — Poncho onde está? Estou preocupada com você... Anahí... E...!

            — Estou bem Mai... – cortei-a surpreendendo-me com minha voz rouca.

            — Eu sei que não... – sussurrou ela em um suspiro – Estou indo pra ai, Christian me acompanhara!

            — Mai eu...

            — Não insista Poncho... – deixou um vago silencio entre suas palavras. Não conseguia discutir, não tinha forças pra tanto – Eu te amo! – disse ela e desligou.

Deixei o celular cair em meu colo e fechei os olhos por alguns momentos. Perguntei-me onde tinha errado, como deixei que as coisas chegassem a esse ponto...

“           — O que eu sou pra você Anahí? – repeti a pergunta ansioso.

            — Você é meu anjo da guarda, que apareceu pra me mostrar às coisas boas da vida, tudo isso em tão pouco tempo e sem esforço algum...– sorri tão satisfeito que me sentia nas nuvens – Você é um bobo rindo desse jeito.

A memória veio clara em minha mente. Tão clara que podia reviver suas palavras em meu ouvido.

            — Menina sapeca!

            — Menino bobão!

Levantei-me impaciente. Nenhuma noticia, aquilo agoniava-me. Estava completamente perdido em minha própria dor. Mil possibilidades invadiam minha mente, da melhor a pior, da mais fácil a mais difícil...

            — Poncho! Oh Poncho! – virei-me para encarar Maite vindo ao meu encontro.

Com os braços abertos me acolheu em seu abraço. Encontrei ali um conforto familiar, um mínimo de alivio que me trazia certa segurança.

            — Céus, seu braço... Você está tão abatido... – levou as mãos ao meu rosto – Poncho... Anahí...