Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Entrando pelo hospital senti-me mais próximo de Anahí. De alguma maneira respirar o mesmo ar que ela confortava-me. Segui até a sala de espera, pra minha surpresa vi uma cena inesperada: Christian enlaçava-se com Maite em um sofá, beijavam-se. Ela tinha as mãos nos cabelos escuros, separaram os lábios e encararam-se de testas coladas. Os sussurros eu não podia ouvir, mas via em suas expressões o sentimento abrangente que havia entre eles. Senti-me sozinho de repente, senti inveja por não poder beijar Anahí e não tê-la em meus braços. Dei meia volta em silencio sem que eles me vissem, segui até a unidade intensiva sentindo a melancolia invadir-me. Para minha sorte não havia ninguém por ali. Entrei silenciosamente no corredor de quartos espelhados, alcancei o de Anahí. Caius estava acompanhado de uma enfermeira. Examinavam-na. Fiquei a observá-la procurando algum tipo de reação de seu corpo. Alarmei-me por dentro ao ver que nada nela mudara naqueles três dias. Era uma tormenta ver sua imagem frágil e debilitada agarrado aquela cama.

            — Você não deveria estar aqui... – virei-me surpreso por encontrar Caius ao meu lado.

Tão concentrado estava não o vi aproximar-se.

            — Houve alguma melhora? – perguntei.

            — Não creio Alfonso! – decepcionou-me – Mas é possível que façamos a transferência de quarto.

Não sei se aquilo me animava. Parecia que as emoções não faziam-me diferença. Voltei a olhar Anahí e a enfermeira que dela cuidava. Suspirei. Só me sentiria melhor no momento que ela despertasse, no momento que podia dizer novamente que amava-a.

            — Quanto tempo?

Ele deu de ombros.

            — Dois ou três dias!

Assenti a ele. Permitiu-me ficar por mais alguns minutos a observá-la. Minutos que passaram em flash, no instante seguinte já não estava mais ali. Voltava solitário para a sala de espera. Entrei em silencio agradecendo por Maite e Christian não estarem mais grudados.

            — Poncho! – Maite alcançou-me em um abraço – Deveria estar em casa!

            — Uma hora a mais e ficaria louco! – sentei-me no sofá carregando uma bolsa de suprimentos.

Christian aproximou-se dela enlaçando-a pela cintura.

            — Levarei você pra casa... – disse ele – Volto depois pra te fazer companhia Poncho! – completou.

Assenti a ele com um aceno de cabeça. Necessitava mesmo algum tempo a sós pra pôr-lo a par dos novos planos. Uma vez que fiquei sozinho na sala retirei meu notebook e pus-me a trabalhar. Se preenchesse os pensamentos no trabalho a agonia diminuiria. Em parte ajudaria Maite e a mim próprio. Segui por uma hora fixo na tela tentando concentrar-me no que estava fazendo. Dei alguns telefonemas, resolvi alguns problemas. Algumas pessoas entraram na sala, mas, aquilo não interferiu em minha concentração. Era extremamente dificultoso desviar os pensamentos de Anahí, mas era necessário por algum tempo. Depois de mais duas horas senti-me satisfeito em colocar as coisas em ordem. A empresa estava bem, trabalhei dias a fio no passado pra que um dia pudesse me ausentar por tanto tempo. Era um problema a menos. Guardei o computador na mala e deixei-a a um canto. Levantei-me e sai porta a fora exausto daquele lugar fechado. Não poderia ver Anahí naquelas horas, então restava-me caminhar pelos corredores do hospital sem algum rumo. Minutos depois me deparei com uma saída lateral, dali pude ver a pequena capela rodeada dos jardins. A áurea branca do lugar arrastou-me a passos lerdos até lá. Eu não podia dizer que era um cristão nato, mas seguia com minha religião e desejava unir-me perante Deus. Quando entrei e vi o lugar vazio me dei conta da aberta esperança que nasceu em mim. Fora como se a confiança voltasse a interagir em meu corpo. Aproximei-me da grande imagem da Virgem Maria com os olhos mareados.

            — Permita que ela se recupere... – sussurrei baixando a cabeça num mutuo pedido de perdão – Não posso lidar com isso!

Apoiei as mãos sobre uma suspensão de madeira e deixei pela primeira vez que minha cabeça esvaziasse. A onda de confiança voltou-se a apoderar-se de mim. Parte das minhas forças revigorou-se diante daquele simbólico ato. Respirei fundo antes de levantar a cabeça e deparar-me com Christian logo na entrada da capela. Fiz-lhe sinal pra que se aproximasse. Nada melhor do que uma o silencio daquelas paredes para conversar, estava na hora de fazer alguma coisa.