Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 89 – Céu Negro

O céu estava negro. Tentei forçar os olhos e visualizar algo a minha frente, tentei mover as mãos e tirar aquele véu sombrio, mas, não podia mover-me. Pés, joelhos, tronco, cabeça, nada parecia obedecer meus comandos. Desisti e quando tomei essa decisão impulsos fortes formaram-se em meu peito, fez luzes piscarem a minha volta. Tentei mover-me novamente, mas fora tão inútil como a outra vez. Percebi os feixes luminosos começarem a forma parte da imagem com mais constância. Consegui levantar o tronco e me vi no meio de arvores, um bosque. Minha cabeça tentou recordar o que estava acontecendo, mas meu corpo queria vagar por aquele saibro de arvores pulsantes e flores que desabrochavam. Uma nevoa de fragrâncias refletia e fazia tudo brilhar. Levantei-me. Senti-me leve, pura, como se eu fosse à pessoa mais leviana do mundo.

            — Anahí! Annie!

Virei-me rapidamente sentindo aquela voz suave chamar-me. Por algum motivo queria seguir aquela voz. Era Alfonso. Era ele quem me chamava.

            — Alfonso! – chamei-o.

Minha voz ecoou pelo bosque. Meus pés sentiram o chão macio afofar meus dedos. Olhei pra baixo e a nevoa tampava-os.

            — Alfonso!

Não ouvi mais a voz dele. Entrei em pânico, olhei por toda parte. Comecei a correr tentando encontrar sua imagem protetora esperando-me, mas, tudo era igual: Quente, brilhante, lindo e sempre a mesma nevoa[1]. Pensei por um momento, tentando explicar a mim mesma o que estava acontecendo. Foi então que me dei conta de tudo. Fiquei sem reação a descoberta. O quarto, a droga, o tiro, da dor... Conseqüentemente levei as mãos ao ventre. Não senti nada, nem dor, nem vida. Lagrimas não foram capazes de caírem por meus olhos. Seria um sonho? Tinha por mim que não, eu sabia a resposta, mas não queria admiti-la. Além do mais, a calmaria daquele lugar trazia-me alivio. Não tinha sede, não tinha fome e nem sono. Não sentia necessidade de drogar-me e parecia que nunca havia feito aquilo. Ali só existia a paz, um lugar só meu. Podia desligar o sol, derrubar a lua, eu não precisava mais disso ali. Não queria estrelas, não queria mais dor...

            — Só você pode curar meu coração meu bem...

Dei um giro com o corpo atrás daquela voz. Novamente ele.

            — Alfonso! – chamei-o.

De nada adiantou. Minha voz ecoou novamente. Comecei a caminhar apressadamente.

            — Não posso te perder... Volte pra mim!

            — Estou aqui! – sussurrei – Aqui!

Comecei a correr. Meus pés pareciam voar sobre a nevoa. Tentei procurar Alfonso através dela, achar uma saída daquele lugar. Começava a assustar-me. Todos os lados pareciam iguais, todos os caminhos pareciam levar ao mesmo lugar. Uma luz intensa vinha de um lado, mas tive medo de aproximar-me dela. Por mim, ali, seria o fim da linha. O fim do sofrimento e da angustia, todos os problemas se resolveriam, mas... Como posso esquecer aquela voz que me atraia pra si? O amor poderia não voltar, a luz podia se apagar, mas não adianta imaginar como seria um mundo sem ele, sem seu amor, que se tornara uma droga que eu era viciada mais do que química ou que qualquer outra coisa. Lamento por não ter percebido isso antes, no final das contas eu não queria estar sozinha ali. Precisava do conforto dos braços dele.

— O tempo nunca vai apagar o que vivemos... – escutei a voz doce penetrar minha mente – Eu te amo...

            — Alfonso! Alfonso eu também o amo! – levei as mãos à cabeça – Escute-me!

Apertei os punhos com força. Eu queria sair dali, mas como o faria agora? A luz começou a ofuscar. Comecei a correr novamente, com mais empenho. Sentia um vazio começar a crescer dentro de mim. A voz dele não soava mais. Tudo pareceu perder o significado, as cores fugiram, as luzes iam desaparecendo. O amor não queria voltar ali, nada crescia, começava a sentir-me mal. Sinto que há um buraco onde minha alma costumava a crescer e a escuridão voltava a tomar conta de mim, vaguei por muito tempo. Tropecei e cai no chão, meu corpo doeu, fez-se frio, contorci-me, gritei, implorei... Era como se eu brigasse comigo mesma tentando controlar uma ânsia desconhecida. Em algum momento, não sei exatamente como, senti-me elevar de volta ao lugar onde tudo era dor, onde minha vida quase não fazia sentido, mas era o lugar em que pude ver novamente olhos enigmáticos mirando-me. Era o lugar, e único, que podia encarar Alfonso novamente. Ele inclinava-se sobre mim com os olhos brilhantes. Olhei profundamente em seus olhos revolvendo a sensação, o calor de sua presença.

            — Alf..onso...

Eu queria viver. Por aquilo, por ele.