Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

POV ANAHÍ

Acordei lentamente depois de incomodar-me com a luz que vinha da janela. Pisquei mudas vezes tentando focar o olhar. Uma sensação de moleza apoderava-se do meu corpo fazendo-me fechar os olhos de novo e de novo. Deixei que minha cabeça caísse a um lado, de imediato choquei o olhar com Alfonso, dormindo, na cadeira que ficava ao lado da cama. Um sorriso curto apoderou-se dos meus lábios. Era tranqüilizador vê-lo ali, parecia tão relaxado, tão absorto naquele sono. Quis tocar-lhe o rosto com as mãos deslizando os dedos até seus lábios, beijá-lo. Sentia saudades do seu sabor, do calor que rodeava meu corpo quando me tinha em seus braços. Suspirei fundo e forte voltando à cabeça para o teto. Percebi quando Alfonso acordou lentamente.

            — Annie? Céus cochilei... – reclamou ele.

Voltei a olhá-lo.

            — Não se reprima por relaxar um minuto! – disse-o sentindo minha voz soar mais confiante.

Esbocei-lhe um sorriso cansado. Ele esfregou os olhos elevando as mãos até os cabelos puxando-os pra trás.

            — Perdi você acordar, não tem perdão... – disse marotamente entrando na minha brincadeira.

Ele se aproximou da cama sentando-se ao meu lado. Seu cheiro invadiu minhas narinas matando aquela sensação de afastamento que havia em mim.

            — Como se sente? – perguntou ele com a voz rouca.

            — Bem eu acho... – sorri-lhe curtamente.

Ele delineou meu rosto com os dedos quentes deixando deslizar-se. Fechei os olhos aproveitando-me da sensação que fazia meu corpo arrepiar-se.        

            — Não quero que deixe de descansar por mim... – disse-o – Não mereço tanta atenção...

Ele negou com a cabeça.

            — Você é toda minha atenção! – sorriu lentamente baixando os olhos.

Com esforço levei minha mão ao seu rosto, delineei-o até alcançar as marcas escuras envolta dos seus olhos.

            — Desvie um pouco sua atenção então...

Sorrimos no mesmo momento. Poncho apossou-se de minha mão e beijou-a ternamente, espetando minha pele com sua barba. Por um instante ficamos ali, apenas assim, sem saber o que falar ou expressar-se de outra maneira.

            — Por quanto tempo terei que ficar aqui? – perguntei-o.

            — O tempo necessário! – disse antecipando a reprimida em sua voz – Você tem que lembrar tudo que passou, não foi fácil! – falou serio.

Aquilo intuiu-me a perguntá-lo.

            — O que aconteceu? Poncho eu...

            — Sem perguntas por agora! – cortou-me calmamente – Contarei tudo mais tarde está bem?

Seus olhos não discutiriam, depois de relutar assenti com a cabeça. Milhões de perguntas vieram-me a mente em contrapartida, duvidas, incertezas. Incisivamente levei minhas mãos ao ventre sentindo a carga da única resposta que agoniava-me.

            — Alfonso... – mirei o ventre fazendo-o a pergunta muda.

Por um instante ele pareceu relutar, mas no fundo eu sabia, eu senti que não havia mais nada. Ele levou suas mãos até as minhas, senti o peso delas como chumbo. Não precisou falar-me nada, a angustia em seus olhos dava-me a resposta. Perdera o bebê. Não consegui, não resisti a essa conseqüência, eu... Uma emoção infeliz apoderou-se de mim. Lentamente fui me dando conta, assimilando. Tirei as mãos do ventre como se queimasse minha pele, repeli Alfonso e erroneamente meu coração foi se quebrando.

            — Annie... – tentou segurar-me o rosto.

Virei evitando-o.

            — Me deixe sozinha... – pedi sentindo minha voz embargar.

Não queria desmoronar frente a ele.

            — Não há necessidade disso...

            — Alfonso! – cortei-o – Por favor, eu preciso!

Foi estranho como aquela sensação de melancolia tomou conta de mim. Queria fechar-me em um canto escuro e chorar desesperadamente. Queria gritar e expulsar aquela sensação carregada. Não mirei Alfonso, ele foi obrigado a aceitar minha decisão, deu-me as costas e fechou a porta ao sair. Só quando o fez me dei conta de seu olhar ferido. Instantaneamente lagrimas escorreram-se por meus olhos. Chorei por tudo o que não compreendia e que fazia-me sofrer. Acordar de uma hora pra outra chegava a ser assustador. Eu ficara em coma por um mês, longo e extenso. O que acontecera naquele tempo? O que perdera? Não tinha idéia, mal conseguia colocar minhas lembranças em ordem. Solucei obrigando-me levar a mão a boca para abafar o som. Transformara minha vida em miséria. Eu queria aquele bebê, mas antes, tomada pela inconseqüência do meu vicio não me dera conta disso, não realmente como agora. Chorei até que minhas forças acabassem, até que a dor foi tanta e adormeci inconseqüentemente.

EE, leiotras que apareceram façam isso mais vezes *-*