Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 93 – Um Pedido de Perdão

Quando acordei depois de um sonho estranho e prematuro, uma enfermeira fazia-me companhia esperando-me com uma bandeja ao lado da cama enquanto media minhas vitaminas através da sonda.

            — Olá Anahí! – falou simpática – Como se sente?

Mirei-a um pouco sem graça tentando esboçar-lhe um sorriso. Sentia meu rosto inchado e meus olhos ardendo de tanto chorar. Por instinto olhei envolta do quarto procurando meu porto seguro, mas ele não estava ali. Poderia ter imaginado isso depois de tê-lo mandado embora.

            — Onde está Alfonso?

A enfermeira sorriu.

            — A ultima vez que o vi estava falando com o Dr. Caius!

Talvez aquilo fosse normal, ou não, acho que apenas queria estar presente naquela conversa que provavelmente era sobre mim. Tentei relaxar na cama e ingerir as colheradas que a enfermeira direcionou a mim em seguida. Só no momento que o liquido quente tocou meus lábios me dei conta do quanto sentia fome, não propriamente apetite, mas de sentir o gosto de algo entre os lábios secos. Tive a sensação de sentir-me mais disposta depois de algumas ingeridas, mas um enjôo perpassou-me quando ela quis-me dar mais uma.

            — Não consigo mais... – disse afastando a colher.

            — É normal... – disse depositando a bandeja sobre a cabeceira como se soubesse daquilo – A maioria se sente enjoada depois de abortar!

A palavra aborto fez-me reviver a angustia em meu peito. Desviei o olhar dela constrangida.

            — Desculpe! – falou terna percebendo minha inquietação – Às vezes me esqueço de não usar termos técnicos nessas situações.

            — Não tem problema! – mirei-a.

No final das contas a culpa não era dela e eu deveria acostumar-me com a idéia.

            — Vou deixá-la sozinha!

Vi a porta fechando-se, encostei a cabeça sobre o travesseiro e tentei desviar meus pensamentos, mas, era inevitável obviamente. Senti-me estúpida e culpada por ter rechaçado Alfonso. Ficara tanto tempo longe dele, senti tanta saudade que a idéia de afastá-lo novamente me aterrorizava. Queria-o ali compartilhando tudo comigo, aquela dor era de ambos, não só minha. Aquele filho era uma parte de nós, feita com amor, sem conseqüências ou limites. Deixei as lágrimas escorrerem por meu rosto ao tentar absorver a dor. Fechei os olhos e fiquei quieta esperando que aquela sensação passasse. No instante seguinte escutei o “click” da porta, já não estava mais sozinha, Poncho alcançara-me e rodeara-me em seus braços sem que me desse conta. Agarrei-me nele buscando sua segurança e proteção. Sem dizer uma palavra ele me consolou, deu-me seu amor através daquele abraço forte e envolvente.

            — Oh Poncho, sinto tanto... – funguei abafada.

Desabafei através daquele soluço, seu abraço tornou-se mais quente, mais envolvente.

            — Não sinta, comece a superar! – disse firme.

Era difícil assimilar aquilo. Superar parecia à milhas de distancia de mim.

            — Você precisa saber... – fez uma pausa. Senti sua voz estremecer – Que talvez nunca mais possa... – suspirou – Nunca mais possa gerar um filho! – disse por fim.

Senti o pesar em suas palavras tanto quanto em meu coração. Era uma conseqüência de um ato inconseqüente. Talvez eu merecesse aquilo por minhas escolhas.

— Eu fiz tudo errado... – solucei – Oh Poncho! – soltei-me dele para encará-lo.

Agora eu tinha consciência de todos os fatos, de tudo que eu fiz, da quantidade de mentiras que disse-lhe, das vezes que não soube ser forte e droguei-me sem que ele soubesse. E eu só precisava escutar de seus lábios que ele me perdoava, que daria-me mais uma chance.

            — Não diga que é tarde de mais para perdoar-me... – supliquei-lhe – Eu aceito o fardo de culpa, eu...

Minha voz falhou. Calei os lábios dele quando percebi que ele se expressaria.

            — Eu juro, juro que se pudesse voltar no tempo te colocaria em primeiro em minha vida!

Por um instante quis gritar aos ventos esperando que a história mude outra vez. No outro instante vi o rosto emocionado de Poncho mirando-me, de suas mãos alcançando meu rosto contornando meus traços com os dedos com tanta delicadeza, tanta ternura... Depois disso sua boca se aproximou da minha lentamente enquanto seus olhos penetravam no mais fundo de minha alma. Eu segurei suas mãos pra que nunca mais ele se afastasse de mim, eu fechei os olhos deixando as lagrimas escorrerem, rezando pra que eu tivesse uma nova oportunidade. Então, como um sopro quente e extasiante, os lábios dele colaram-se aos meus.