Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

O contato foi lento, foi como um choque em emoções adormecidas fazendo-as renascer. Deslizei minhas mãos por seu braço até conseguir alcançar seu rosto, até tocar os pelos espessos e sentir a textura de sua pele.

            — Annie... – sussurrou.

            — Diga que é ainda temos uma chance...

            — Oh querida! – sussurrou contra meus lábios – Não percebe o quanto a amo? O quanto estou disposto a lutar por esse amor?

 Encostei minha testa na sua. Aquele terreno era novo pra mim, era enigmático e abrasador.

            — Eu errei muito... – disse-lhe – O tempo que passamos afastados... Eu pensei que você desistiu de mim!

Alfonso sorriu negando com a cabeça.

            — O tempo que passamos separados fez nosso amor mais forte! Eu nunca desistiria desse sentimento. Annie... – afastou a cabeça para mirar-me completamente – Eu criei um muro no coração que só foi quebrado por você. Mudei minha maneira de sentir, de ver as coisas...

Baixei os olhos diante de suas palavras. Era confortador ouvir aquilo, era como um abraço que me protegia do mundo.

            — Eu ignorei! – confessei voltando a mirá-lo, sentindo a realidade abater-me – Não soube lidar com isso, te fiz sofrer Poncho!

Ele negou lentamente.

            — Não, sofrer é uma conseqüência... – segurou meu rosto entre suas mãos mantendo nossos olhos ligados – Eu descobri o amor em você e não quero que se sinta culpada pelo que passou!

            — Eu não mereço sua compreensão! – funguei segurando as lagrimas que com custo consegui parar – Estraguei minha vida e compliquei a sua!

Ele sorriu novamente.

            — Você tornou-a melhor! Entenda logo... – mirou-me com ânsia – Eu quero envelhecer com você, quero morrer deitado em seus braços, eu quero estar olhando em seus olhos sempre que fizermos amor... – pausou fazendo meu coração bombear mais rápido – Eu quero estar aqui por você, compartilhando tudo!

            — Oh Poncho! – acariciei-lhe o rosto tocada pela emoção – Não mereço você...

Ele quase gargalhou pela minha insistência, mas aquilo era tudo que eu via. Não merecia-o.

— Vamos construir uma família juntos!

            — Como? Como se nem ao menos posso dar-lhe filhos? – disse-lhe sentindo o pesar em meu peito.

Não segurei as lagrimas que recomeçaram a escorrer por meus olhos. Ele me rodeou em seus braços deixando-me esconder o rosto no vão de seu pescoço, seus lábios ficaram próximos ao meu ouvido pra sussurrar-me, seu perfume emaranhava em minhas narinas trazendo-me a calmaria.

            — Teremos cachorros então, gatos se preferir, mas vamos ter o nosso final feliz!

Sua voz era tão suave penetrando fundo em minha mente, fiquei a escutar suas promessas como se realmente aquilo aconteceria algum dia, era difícil não contagiar-me com um futuro ao seu lado mesmo que aquela realidade parecesse tão distante de mim.

            — Teremos uma casa, um jardim enorme onde os cachorros, ou os gatos... – riu-se me fazendo fazer o mesmo – ...Poderão correr e se sujar e vamos ter um balanço rodeado por flores em que namoraremos até as estrelas aparecerem ao céu! – falou ternamente fazendo-me apertá-lo com mais anseio.

Aquelas juras deixavam-me extasiada. Queria sair daquele hospital e começar tudo novamente, entrar naquele sonho e não sair jamais. Mas mesmo com aquela certeza, uma duvida ainda afligia-me. Dei-me conta do que se passava de repente, não podia construir um futuro sem deixar o passado pra trás. E tinha ainda uma coisa que não confessara a Alfonso. Pausei por um momento sentindo as lagrimas secarem e meu coração apertar-se. Afastei-me dele recebendo seu olhar atônito e penetrante. Não dissemos nada naquele momento, apenas trocamos a cumplicidade até que eu não agüentei aquela energia de seus olhos e baixei o olhar pensando em tudo o que estava acontecendo.

            — Alfonso, preciso que saiba de algo... Tem uma coisa de mim que você ainda não sabe!

Esperei um momento diante da sua calma esperando-me. Criei e puxei a força necessária e disse-o de uma vez.

— Eu matei um homem – confessei sentindo minhas veias dilatarem-se – Matei Juan! – baixei o tom de voz sentindo-me temerosa.