Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 102

Não sei explicar o que aconteceu comigo nas próximas horas. Eu acho que meu corpo estava em um estagio de dormência e delírio. Tudo o que tinha vivido estava lúcido em minha memória, mas ainda havia flashes que não conseguia identificar ou distinguir. Era estranho. Minha mãe estava viva em meus sonhos falando-me. Abri os olhos lentamente. O quarto rústico e meticuloso estava vazio. Pela primeira vez tive oportunidade de avaliá-lo realmente. Parecia uma suíte, a cama king size e a varanda que proporcionava uma vista do céu. Poderia dizer que ali era o quarto em que Alfonso ficava. Levei as mãos ao rosto cobrindo um suspiro resignado. De repente a porta do quarto se abriu. Por um instante eu achei que não tinha acordado totalmente.

            — Oh Deus! – inclinei-me com esforço até sentar-me.

Tranquei a respiração atordoada, ela estava mesmo ali. Levei um choque ao encontrar a imagem clara de minha mãe a minha frente. Lagrimas marearam meus olhos no mesmo instante. Não era um sonho, ela estava mesmo ali apoiada em uma bengala com os olhos azuis me encarando. Seus cabelos estavam mais compridos do que eu me lembrava, ela parecia mais magra, seu rosto mostrava cansaço e ela tinha uma postura diferente.

            — Não precisa se assustar cada vez que me vê! – disse ela bem humorada aproximando-se da cama.

            — Não consigo acreditar...

            — Christian reagiu pior acredite! – riu sentando-se ao meu lado.

Por instinto estiquei as mãos para tocá-la. Era tão solida quanto eu mesma. Inclinei-me a ela e abracei-a com força.

            — Oh mamãe! Você está mesmo aqui!

            — Querida... – falou-me carinhosamente – Como você está? Senti tanto a sua falta... – acarinhou meus cabelos – Olhe só pra você, pintou os cabelos!

            — Eu estou bem! – garanti voltando a mirar-lhe – Tirando meu pé, mas... – sorri-a acanhada – O que aconteceu com você?

            — Muitas coisas... – disse ao avaliar meu olhar sobre si – Quero ter a chance de contar-lhe tudo!

Desviei seu olhar penetrante. Eu não tinha certeza se queria saber de tudo, apenas estava feliz que ela estava ali.

            — Me abrace? – pedi-a.

Ela assim o fez. Aquilo era o que me bastava no momento. Eu sabia que tinha muitas perguntas a fazer, mas aquela sensação de ter seu abraço era suficientemente satisfatória naquele instante. De repente a porta se abriu de novo. Três rostos apareceram à porta, dois deles eu já conhecia, Ana e Dulce, o outro era quase estranho pra mim não fosse a própria semelhança com minha mãe.

            — Oh acho que preciso apresentá-las... – minha mãe inclinou-se para dar visão a todos – Annie ela é sua irmã Marichelo!

Antes de tudo eu absorvi o meu apelido de carinho sair de seus lábios, depois olhei para aquela mulher. Eu já a conhecia pelas fotos que um dia vi com Alfonso e julguei-o mal. Não sabia o que dizer-lhe, nem como me comportar, quão estúpida eu fora por não ver a semelhança com minha mãe.

            — Me chame de Neni, é assim que costumam me chamar! – sorriu.

Assenti a ela.

— Acho que deveríamos deixá-las conversar não?! – disse em seguida.

 — Tititi viu a minha mãe? Ela é sua irmã! – Ana Paula quebrou a tensão no quarto com o comentário.

— Se precisarem de alguma coisa nos chamem! – disse Dulce.

Quando elas saíram do quarto mirei novamente minha mãe e as duvidas afloraram de repente. Agora eu sentia a necessidade de perguntar-lhe.

             — Como posso ter uma irmã e nem ao menos saber disso?

Dona Marichelo sorriu.

            — Eu pensei que seria melhor assim! Mas cometi um dos grandes erros da minha vida!

            — Ela é filha de Leon? – perguntei.

Alfonso havia me contado toda a história, aquilo me punha a par de muitas coisas e deixava-me intrigada de outras.

            — Não filha. Ela é tão legitima Puente Portilla quanto você, mas quando completou cinco anos tivemos que deixá-la em Guadalajara.

            — Por quê?

            — Leon aterrorizava nossa vida achando que ela era filha dele. Deixamos Neni para sua tia e achamos melhor ocultá-la para seu próprio bem.

            — Por isso você fazia viagens de tempos em tempos pra lá!

            — Sim filha. Ia ver sua irmã.

E agora aquilo me parecia obvio. Eu nunca fora pra Guadalajara com ela por isso nunca soube disso. Depois eu podia bem imaginar porque ela não me contara. Eu era imatura, viciada... Eu não saberia lidar com isso.

            — Então... Depois que papai morreu Leon te ameaçou...

            — Sim. Tornou minha vida um inferno e jurou acabar com você se eu não seguisse o que ele queria! – pausou olhando as próprias mãos – Casei-me com Juan para a sua segurança. Leon não fizera nada com você. – voltou seu olhar ao meu – Te drogava, mas não insistia pra que fizesse mais nada, aquilo fora suficiente pra mim, mas depois me dei conta do quanto aquilo lhe fazia mal! Entenda que eu só descobri disso tempos mais tarde e comecei a brigar com Juan... – parou.

Eu senti a magoa em sua voz. Eu não conseguia ao menos reprimi-la por nada. Até ali eu já compreendi a historia toda.

            — O que houve na-naquela noite em que encontrei você?

            — Oh foi terrível! – lamuriou. Lagrimas começaram a escorrer por seus olhos.

Eu queria poupá-la do sofrimento, mas sentia que era importante eu ouvir aquela historia.

            — Juan chegou bêbado em casa, me ameaçou, quis deitar comigo a força e viu as malas que eu havia preparado. – pausou – Aquilo foi suficiente pra ele querer quebrar tudo. Brigamos, eu lutei contra ele e em certo momento... Oh...

            — Acalma-se mamãe, não precisa continuar! – disse sentindo um aperto no peito.

Ela nem sequer ouviu-me, continuou afastando as lagrimas nos olhos.

            — Ele puxou a faca e usou contra mim cruelmente, rasgou minhas roupas e deixou-me ali. Eu já não tinha mais consciência de nada e não sei o que aconteceu mais...

            — Quando eu cheguei encontrei ele, a casa estava revirada... – contei-lhe tentando ligar os pontos – Ele estava cheio de sangue, fiquei apavorada...

[i]“       — Onde está minha mãe? – perguntei com um tremor na voz.

Juan não me respondeu. Desceu as escadas e veio em direção a mim. Reparei que suas mãos estavam sujas de sangue. Petrifiquei.

            — O que você fez com minha mãe seu nojento? – perguntei.

Ele apenas riu descaradamente. Empurrei-o a minha frente e subi correndo as escadas. Fui direto até o quarto.”[/i]

            — No momento que a vi, foi como se... Se tudo acabasse. Eu perdi tudo!

            — Oh filha! Não queria que passasse por isso!

Neguei com a cabeça.

            — Mas eu não entendo! Como foi que você saiu de lá e veio parar aqui? – indaguei-a confusa.

Dona Marichelo lançou-me um olhar compreensivo.

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