Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

A água era tão verde que ofuscava minha visão ao brilho do sol. Fiquei encantada com tão bela visão que um sorriso bobo abriu em meus lábios. Desci do cavalo e amarrei Sarah perto do outro. O som da cachoeira ressoava e fazia minha pele arrepiar, porque diabos não fui ali antes? Céus era magnífico! Olhei melhor o lugar percebendo cada mínimo e precioso detalhe, ao passar meus olhos mais próximo a água encontrei Alfonso. Ele me olhava inerte, os braços caídos ao lado do corpo mostrando o peito nu. Ele sorriu e eu sorri de volta. Desci a pequena íngreme e me aproximei dele. Seus braços rodearam-me, sua boca colou-se a minha.

            — É lindo Alfonso, lindo! – disse-o.

Foi à primeira coisa que me veio à mente dizê-lo.

            — Agora melhor com você! – beijou-me novamente.

Soltei-me para andar pela relva distraída com os mínimos detalhes, das flores coloridas ao desenho das arvores. Quando retornei meu olhar a Alfonso vi-o avançar pela água, nu. Por um instante eu quis apenas observá-lo, o mergulhar, a batida dos braços ou simplesmente o cabelo caindo na testa quando emergiu.

            — Venha Annie! – disse ele ao pegar meu olhar no flagra.

Sorri devagar desviando o olhar. Meu corpo arrepiava-se cada vez que meu nome saia de seus lábios. Tirei as botas, desabotoei as calças e joguei-as ao lado. Alfonso mergulhou de novo dando-me privacidade, certamente ele sabia que eu estava envergonhada. Tirei as outras peças e caminhei a água. Esperava congelar ao toque, mas enganei-me ao me dar conta que a água era quente. Afundei meu corpo nela até cobrir os seios, mas aquilo não era o suficiente, era tão convidativo que mergulhei sem medo fazendo com que meus cabelos colassem as costas. Emergi confiante sentindo o sol queimar meu rosto. Agora foi a vez de Alfonso olhar-me, eu tinha muita consciência daquilo.

            — Aprendeu a nadar? – perguntou.

            — Um pouco eu diria...

Ele assentiu sorrindo.

            — Perdi muito tempo não é? – disse enquanto o sorriso sumia e ele se aproximava – Aprendeu a nadar, andar a cavalo... Reencontrou sua mãe e reconstruiu uma parte da sua vida... – fez uma pausa quando me alcançou.

Suspirou colocando suas mãos em meus braços. Percebi novamente seu semblante entristecer-se.

— E acima de tudo... – continuou.

            — Me recuperei do vicio! – completei.

Ele assentiu calando-se. Vi-o ficar sem palavras, raro acontecia, mas ali estava ele sem reação.

            — Não se culpe por ser responsável por isso... – elevei as mãos ao seu tórax. 

            — Acha mesmo que é culpa minha? – sorriu recuperando-se.

            — Sim. Sua. – confirmei convicta – Se não houvesse me atropelado aquela noite estaríamos aqui hoje? – perguntei-lhe. Nada me respondeu – Provavelmente estaria largada por ai, drogada... Ou quem sabe...

            — Cale-se! – segurou meu rosto e apertou com força seus lábios contra os meus – Já entendi e já é difícil pensar que...! Por deus! Não posso pensar não ter você!

            — Então pare de se culpar por algo que já passou, já aceitei o que aconteceu! – afrontei-o.

            — Não estou pensando em nada...

            — Está sim! – acusei – Já lhe disse ontem e vou repetir: Não o culpo por nada!

            — Eu sei que não! – se afastou um pouco levando seus temores.

Eu vi em seus olhos a culpa por não ter podido estar em meu lado naqueles momentos citados. Mas o que aquilo importava? Por ele eu estava ali e não entendia porque se sentia tão atormentado.

            — Fale comigo Poncho! – alcancei abraçando-o.

Meus seios colaram-se em suas costas enquanto rodei meus braços em seu abdômen. Senti sua respiração pesada, seu corpo rígido e por um momento aguardei por ele.

            — Eu presenciei muitas coisas enquanto buscava provas, eu vi com meus próprios olhos o que você sofreu todo esse tempo e querendo ou não parte disso foi minha culpa... – soltou meus braços e voltou-se a mim – Eu fiquei desesperado quando soube que era viciada, eu a machuquei com meu egoísmo, eu deixei você sozinha por muito tempo, fiz você pensar que não a amava que não a queria... Durante o ultimo mês estive sozinho. Sozinho como no passado, antes de você! Aquilo me corroeu por dentro! Fiquei cego de raiva, era um céu sem estrelas pra mim... E isso me trazia a mente... Você! – sussurrou a ultima.

Mirei seus olhos expressando toda sua angustia, aquilo me matava por dentro.

            — Não estou te entendendo Alfonso... – olhei-o afligida.

            — Amor... Quando está em pedaços e não há ninguém para te deitar ou dizer que está tudo bem na pior noite do pior ano... Você transforma sua maneira de ver as coisas... Foi assim minha vida antes de você, eu sofri com meu isolamento, com minha falta de confiança nas pessoas, mas sei que isso não se compara ao que vi você passar...

            — Alfonso! – cortei-o – Já passou, nada mais existe, nem seu passado nem o que passei...

Ele assentiu alcançando meu rosto com os dedos. Achei que ele fosse me beijar, mas ele suspirou com mais tormenta.

            — Eu deveria ter fugido com você... É culpa minha que tenhamos terminado em um hospital naquela noite, que você tenha perdido o bebê...

            — Pare!

            — Até que Leon e Christopher não paguem pelo que fizeram não terei paz... Consegue me entender? – olhou-me profundamente.

            — Está alimentando vingança!

            — É justiça! – replicou.

Apesar de ter mencionado vingança não via aquele sentimento em seus olhos, mas o que poderia pensar?

            — Eu também quero que paguem pelo que fizeram... A todo instante penso no momento que eles vão reaparecer, mas eu estou vivendo um momento que nunca tive antes... Essa paz que sinto agora é nova, e não quero perdê-la.

            — Oh querida! – segurou meu rosto acarinhando-o com a ponta dos dedos – Logo não terá mais nada que impeça de reconstruímos tudo... Vou fazê-la feliz, é só isso que prometo! Vou recompensar cada momento que fizeram com que chorasse... – contornou meu rosto.