Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 111

O céu amanheceu escuro. Alfonso tinha razão, estava se aproximando uma tempestade. Durante a manhã todos trabalharam por recolher as coisas, proteger os animais e travar a segurança da casa. Por algum motivo quando sentamos para almoçar senti uma ânsia, um tremor por meu corpo. Junto a isso veio um mau pressentimento de que com a chuva viriam problemas.

            — Se acalme meu bem, nada vai te acontecer... – sussurrou enquanto acariciava meu cabelo.

Ele me puxou até a varanda para que respirasse ar puro. Já pude perceber o vento mais forte e o movimento peculiar das arvores. Cada vez mais o céu ficava escuro transformando o dia num final de tarde. Abracei-me a Poncho deixando que meus presságios passassem, era idiotice aquela sensação, era só o medo daquela tempestade, tinha de ser.

            — Está mais calma? Podemos voltar? – perguntou ele carinhosamente.

Assenti. Não deveria deixar os outros preocupados por nada. Voltamos à mesa mais silenciosa que o normal. Não posso dizer que dali e diante todos ficaram pouco apreensivos. Os raios começaram a soar no final da tarde, naquele momento a escuridão já tomava conta do lugar. Nos reunimos na sala, Ana Paula agarrava-se a mãe e percebi nela a mesma sensação que soltava-se de mim.

            — Poncho podemos conversar? – perguntei.

Ele assentiu levando-me a um ponto distante da sala.

            — O que há com você meu amor? – tirou uma mecha de cabelo que caia por meu rosto – Te sinto tão inquieta...

            — Eu estou Poncho, uma sensação estranha, como se algo fosse acontecer...

            — Nada vai passar Annie...

            — Posso dizer que não, mas vi como Ana me olha, parece idiotice, mas ela passa sentir o mesmo que eu...

            — Escute... – abaixou o rosto pra que ficasse a minha altura – Eu estou aqui, ao seu lado e não vou deixar que nada aconteça.

            — Não saia do meu lado! – segurei-lhe os braços.

Ele sorriu assentindo.

            — Quer subir? Tomar um banho? Quem sabe assim você consegue relaxar...

            — Pode ser... – assenti.

Deixei que ele me guiasse até as escadas, que preparasse um banho. Afundei na banheira de água quente sentindo por um momento meus músculos relaxar.

            — Ficarei aqui contigo... – abaixou-se ao lado da banheira.

Fechei os olhos e deixei que seus dedos acarinhassem minha pele. Sentia os reflexos de raios piscarem através da janela, a chuva começara a cair rugindo as paredes. Em certo momento comecei a relaxar, a afastar os tremores, mas cada vez que um raio estourava com mais intensidade a sensação voltava e eu abria os olhos para encontrar os de Alfonso. Em certo momento que isso acontecera fora um estouro surdo que inundara o banheiro. A luz se apagou, vi como a expressão de Poncho se alterou, como sua mão parou sobre minha pele.

            — O que foi isso? – perguntei sentando-me.

Ele negou.

            — É melhor eu verificar...

            — Não vá! Pode ser perigoso! – segurei sua mão entrando em pânico.

            — Se acalme ok? – disse-me – Deve ter sido a caixa de energia... Só preciso verificá-la...

            — Poncho...

            — Tenha calma... – sorriu – Fique aqui, eu já retorno amor...

Eu apertei com mais afinco sua mão, mas soltei-a em seguida. Por deus, não era nada, não podia ser nada a não ser a caixa de energia. Sai da banheira às escuras e saquei uma toalha. A única luz que iluminava o quarto era a que vinha da noite. Um estrondo soou alto na parte debaixo da casa, chegava a ser assustador em minha mente, mas eu deveria saber que nada tinha o que temer. Tentei procurar alguma roupa, achei uma camiseta e calças jeans... Por deus, minhas mãos tremiam, o que estava havendo? Eu precisava verificar se Alfonso estava bem... Outro estrondo. Dessa vez ouvi passos pelo corredor. Sai imediatamente do quarto e bati com Dulce e Maite assustadas.

            — O que está havendo? – perguntei.

            — Não sabemos... – Dulce disse temerosa.

            — Christian saiu há quinze minutos e não retornou... – Maite explicou – E depois soaram esses estalos estranhos...

            — Onde está Alfonso?

            — Desceu... – respondi.

E foi o que comecei a fazer. Segui as escadas rapidamente de dois em dois degraus. Não havia ninguém ali, um primeiro temor passou por meu corpo.

            — Alfonso!

            — Annie não saia! – a voz de Dulce alertou.

Não escutei. Abri a porta principal e um jorro de água entrou pra dentro, o chão já estava molhado, ele havia saído...

            — Annie volte aqui! – Maite gritou por cima daquele barulho estrondoso.

            — Alfonso!

Não vi nada a minha frente. A chuva tomava conta do hall. Minhas pernas já estavam encharcadas, meu coração palpitava forte, um tremor de medo subiu por minhas costas. Voltei-me. Fechei a porta.

— Onde há lanternas Maite? – perguntei-lhe alarmada.

            — Volte pra cima! Eles estão bem...

            — Não estão! – gritei.

Sai da sala até a cozinha. Tropecei no tapete entre a escuridão... Céus. Eu sentia dentro de mim que algo não estava bem... Procurei por lanternas, achei uma na ultima gaveta, acendi-a e fui rondando a casa. Não vi mais Maite nem Dulce nem ninguém e naquele momento não me importei com mais ninguém, porque minha mente sabia que Alfonso era minha prioridade. Segui pelos fundos da casa, sai para a tempestade e de pronto vi que as coisas ali não estavam normais. As cadeiras estavam reviradas, a mesa de vidro espatifada no chão. Aquilo tudo era pesado, como o vento poderia levar tudo? Girei a lanterna em direção a piscina...

            — Alfonso! – chamei.

Nada. Virei à lanterna novamente, foi quando meu coração saltou pela boca. Braços fortes me agarraram, uma mão cobriu minha boca e eu me debati contra aquele intruso.

            — Shhh, fique quieta Anahí! – o sussurro era conhecido. Christian.

Devagar, ao ver que me acalmei ele me soltou. A lanterna já estava apagada em suas mãos, eu me apertei contra a parede que ele nos puxara.

            — O que está acontecendo? Onde está Poncho? – perguntei.

Ele fez sinal de silencio.

            — Há intrusos... Não vi Alfonso...

            — Que intru... – minha voz calou-se.

Nas mãos ele mostrava um soco inglês, eu o reconheci de cara apesar da pouca luz. Era de Christopher. Um súbito ar gelado subiu por meu corpo. Os tremores que eu estava sentindo eram reais e o pior... Estavam acontecendo.