Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 20 – Uma Promessa P.1

Ele não me olhou, eu não o olhei. Por mais que não quisesse magoá-lo era isso que eu fazia. Final da história. Droga! Fui logo achar algum banheiro. Encontrei-o depois de averiguar cada porta a minha frente. Tomei um banho e meus pensamentos não saiam de Alfonso. Quando deixei a ducha dei-me conta que não tinha nenhuma roupa. As molhadas estavam ensopadas mediante a brincadeira e nem blusa tinha. Sai enrolada na toalha e acabei encontrando uma camisa de Alfonso vasculhando um armário no quarto. Cheirava a “guarda-roupa”, mas era melhor do que nada. Observei-me no primeiro espelho que encontrei tentando ajeitar os cabelos. Vi meus lábios vermelhos e minha pele corada do pouco tempo que fiquei no sol, meus olhos eram marcados pelas olheiras. Elas pareceram mais claras pela falta de droga. Aquele era um sintoma padrão quando estava “limpa”. Diferente de minha garganta que me alertava a todo momento que precisava ingerir algo. Naquele instante me dei conta que não tinha nada pra saciar a vontade.  Senti-me tontear com a idéia e meu corpo começou a se alterar novamente. Precisava de droga! Me odiei por isso sabendo que Alfonso estava por perto, tenho medo de fraquejar diante dele. Que merda! Sempre Alfonso. Porque ele não saia da minha mente e alterava meus sentidos desse jeito? Nunca me preocupei com o que os outros pensavam, mas com ele é diferente, é intuitivo. Almejava ter coragem suficiente para subir e dizer tudo que há preso dentro de mim. Dizer o tipo de pessoa medíocre que eu sou o que eu fiz e o que sou capaz de fazer por um vicio. Meu corpo de repente sentiu-se fraco, deslizei até o chão e escondi o rosto nas mãos tentando buscar controle. Jurei que não iria mais chorar, mas a cada fragilidade parecia impossível. Segurei o máximo deixando uma lagrima escapar. Limpei-a com raiva e levantei em seguida buscando forças. Alfonso. Alfonso. Alfonso. Precisava dele por perto e bastava pensa-lo pra minha mente criar outro objetivo. Subi ao seu encontro as pressas, não o encontrei onde tinha visto pela ultima vez. Rodei o iate e ele não estava. Nem na cabine nem em lugar nenhum. Quando avistei uma escada para um andar superior pareceu que seu aroma transbordava de lá. Subi e ali o encontrei. Estava deitado sobre uma espreguiçadeira, o corpo meio de lado e a cabeça caída no ombro. Dormindo. Seu cabelo já estava seco e encontrava-se apenas de short como antes. Aproximei-me cautelosamente e sentei ao seu lado no espaço que sobrava em sua cadeira. O simples fato do seu cheiro adentrar minhas narinas pareceu acalmar-me, ele estava ali. Não totalmente, mas estava. Queria que ele me envolvesse em seus braços e me protegesse de tudo.

            — Alfonso! – sussurrei chamando-o.

Observando ele daquela maneira, percebo o quanto é maravilhoso. Mesmo dormindo conseguia me passar alívio, isso sem dizer uma única palavra. Sem contar seus traços. Toquei seu rosto delineando os olhos tão intensos que se punham fechados. Passei os dedos por seu nariz de leve e cheguei aos lábios. O mais macio que já provara e que sussurravam as mais doces palavras. Que instigavam vários lados com apenas um sorriso.

            — Poncho! – chamei novamente tocando sua bochecha.

Aos poucos percebi que ele ia despertando. Seus olhos iam se revelando devagar e caiam de encontro ao meu. Só queria que o mundo parasse naquele momento e eu pudesse cair na profundidade dos seus olhos. Seus intensos olhos, seus divinos olhos, seus lindos olhos que me fazem suspirar e perder-me em ternura. Aos poucos vi que ele levava sua mão até a minha que ainda estava sobre seu rosto. Acariciou-a de leve fechando os olhos novamente sentindo o toque sutil.

            — Não queria que você se chateasse! – disse apreensiva.

Sua expressão não mudou, tão pouco ele falou apenas abriu os olhos mirando-me de novo. Ele poderia fazer isso milhões de vezes que sempre iria me sentir diferente, não importa o momento.

            — Não teria como eu me chatear com você – disse ele apertando um pouco minha mão.

Sem mais nem menos ele sorriu, sorriu como se nada tivesse acontecido.

            — Isso é compreensivo demais! – disse caindo minha mão no próprio colo.

Desviei seu olhar temerosa. Alfonso ergueu o corpo e subiu um joelho sentando-se próximo de mim.

            — Você que deveria me desculpar por ser um insensível e não perceber que você não queria. Nunca te forçaria a nada. – falou serio olhando meu perfil.

            — Não, não! – maneei a cabeça olhando as mãos – A questão não é querer Alfonso...não quero, eu não posso me envolver com você.

Por um momento pensei que fosse chorar, por outro me senti paralisada com as palavras presas na garganta.

            — Porque não?

Cogitei a possibilidade de contar a ele o que escondia, mas a possibilidade dele me odiar me assustava. Ocultei mais uma vez e disse parte da verdade.

            — Eu tenho medo... – quase sussurrei.

            — Medo de que? – retirou uma mecha de cabelos que esvoaçava em meu rosto.

            — Não quero te decepcionar. Por mais estúpido que isso soe!

Devagar ele virou meu rosto com suas mãos, como se o contorno delas fosse o encaixe perfeito para sempre estarem ali. Busquei seu olhar e vi com exatidão o brilho intenso e acalorado que me acalmava. Sempre, sempre protegida se estivesse ali, como se nada existisse. Era tão vulnerável a isso que me perdia do resto.