Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 22 – Pôr-do-Sol

À medida que as horas passam meu corpo pede por algo que eu não tenho. À medida que as horas passam me dou conta de que não sei onde estou, ou o que estou prestes a fazer, que posso chegar à beira da loucura ou cair em um abismo de lagrimas. Nem meus sonhos tornam-se acolhedores, são pesadelos. Nada é seguro, nada vale algum sacrifício. Exceto uma coisa, que pra mim tem nome e sobrenome. E que quando acordei não estava ao meu lado. De súbito levantei apoiando-me nas mãos. Como se fosse instantâneo meu corpo tratou de lembrar-me que não estava bem. Estava suando, meu estomago revirava e minha cabeça latejava. Alfonso não estava comigo pra piorar e percebi que a lancha estava em movimento. Levantei-me sentindo o enjôo fluir quase chegando à garganta. Precisava de ar fresco e do conforto dele. Precisava de droga a cima de tudo e meu corpo sabia disso, cada veia pedia. Alcancei a parte externa com dificuldade, segurando-me no que via pra não desabar. Estávamos velejando, em alta velocidade reparei, a frente podia ver uma praia. Estávamos voltando? Não podia, atracamos de um cais, onde estávamos indo?

            — Alfonso! – chamei fraca apoiando na barra lateral da lancha.

Meus olhos viram a agua do mar ricochetear piorando o estado. Virei-me ainda apoiada andando em direção a cabine onde certamente ele estava. Meus olhos borravam a cada passo, manchas pretas quase constantes.

            — Poncho! – reuni toda força para chamá-lo.

Poncho me ajuda. Quando o vi aparecer frente a mim meu corpo desfaleceu em seus braços. Sentia-me um peso morto prestes a desmaiar.

            — Annie! O que aconteceu? – perguntou aflito – O que você tem?

            — Me ajuda! – sussurrei quase inaudível.

As mãos dele envolveram meu corpo e senti-me carregada. Agarrei-me em seu pescoço afundando o rosto em seu peito. Só queria sua calma, seu poder de fazer-me esquecer do resto.

            — Lá não – impedi-o de descer novamente. Poncho parou analisando meu rosto com a expressão preocupada – Só fique assim comigo! – pedi.

            — O que você tem? Está enjoada? – assenti lentamente – Já vamos parar, agüente só mais um pouco!

Parando, correndo ou voando, o que eu queria era ele, seus braços me envolvendo como fazia agora esperando a calma chegar. Por mais difícil que estava sendo naquele momento, por mais que me sentisse prestes a cair, só queria ele. Inspirar sua fragrância na pele quente trazia outro sentido aos efeitos colaterais. O perfume sozinho não faria o mesmo que a mistura em sua pele fazia.

            — Preciso parar a lancha... – sussurrou tirando mechas que caiam pelo meu rosto – Consegue manter-se em pé por um momento?

A idéia de separar-me dele era assustadora, por mais curta que seria. Não podia mantê-lo a mim pra sempre. Apoiei-me em seu peito e fiz esforço para soltar-me de seus braços. A primeira cadeira que decifrei cai. Poncho sumiu da minha vista levando a calma consigo. Escondi o rosto entre as mãos sentindo o corpo suar frio, o vento que batia em meu rosto aliviava o enjôo, mas não os outros sintomas. Só Alfonso tinha esse poder pelo que percebi. Cada quilômetro andado parecia uma eternidade que me afastava dele. Meus pensamentos começaram a girar pra outro lado, para o sentido que há dois dias não tinha. Precisava de química, da sensação do ecstasy nas veias reanimando a virilidade do corpo. Da alucinação queimando minha garganta. Apertei as mãos forçando sair daquele abismo prestes a cair. Abri, fechei, abri e fechei de novo. Apertei os cabelos, olhei pro céu, bati o pé. Alfonso. Cadê Alfonso, minha droga.... Droga... O pó sendo inalado pelas narinas e a sensação de relaxamento.... Alfonso.... Seu perfume.....

            — Annie! – a voz cortou tudo.

Ele estava a minha frente, seus olhos perfuraram os meus. Onde estava?

            — Me tira daqui, por favor! – joguei-me em seus braços a beira das lagrimas.

Abracei-o pra não deixa-lo ir nem que o mundo desabasse, queria-o comigo. Fui levada por ele, até a onde? Não sabia. Ao menos percebi que havíamos parado. O vento continuava soprar, mas meu único ato era esconder-me em seus braços.

            — Fale comigo Annie, o que está sentindo?

Sua voz por mais ingênua e preocupada que soava trazia algo relaxante consigo. Inspirei seu perfume várias vezes seguidas agarrando-me nele com toda força que reunia.

Continua...