Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Addictive Life

Capitulo 28 – Na Hora da Descoberta P.1

A noite já se apossava do céu, as estrelas riam de mim brilhando tão alegres, cruzei os braços sobre o colo protegendo-me da brisa gelada. Minha cabeça girou sobre o ar tão puro que era ali fora, nada comparado a Addictive’s. Addictive’s. Aquele nome trazia-me o que eu não queria pensar. A conversa extremamente cansativa que tive com o “Mentor”, as ameaças, as tentativas de... Porque? Porque ele queria que me afastasse da única pessoa que me fez bem? Porque ameaçara matá-lo se não o fizesse...as perguntas sem respostas, o estimulo do vicio que eliminara por tantos dias. Quando entrei na boate com Uckermann tudo acabou pra mim. Tudo. O cheiro de droga foi à primeira prova disso, dei-me conta que não poderia lutar contra isso. Depois veio ele. Sua raiva por mim exposta nos olhos negros. Os tapas não foram suficientes pra raiva cessar, colocou o vicio em minha frente, fez-me implorar por aquilo, humilhou-me. Jogou na minha cara o tipo que eu era e que iria pagar por tudo que fizera passar. Surpreendeu-me atirando uma foto do corpo morto de Juan. Era um canalha da pior espécie por fazer aquilo, ele não sabe o quanto me segurei naquele momento. Chamou minha mãe de vagabunda e negou-se a dizer onde havia enterrado-a, afrontei-o contra isso transbordando toda raiva rebatendo as acusações, até ele mencionar... Alfonso. Foi como o fim do mundo chegando, foi como se minha voz sumisse e meu coração fosse esmagado. Ele me tinha nas mãos e não poderia mudar aquilo. Estou me perdendo cada vez mais, tentando competir com coisas que não posso lutar. Queria ser apenas eu mesma, mudar meu jeito em vez de sempre ser fraca. Mas eu não consigo sozinha e agora a única pessoa, meu porto seguro... Ele não está comigo. Eu não posso procurá-lo. Eu tenho que afastá-lo para não causar-lhe mal. Eu não quero ter medo. Eu não quero... Eu não quero... DROGA! Eu tenho medo, muito medo. Sinto-me perdida, com um vazio dentro do peito. De repente percebi pra onde ia, apertei os olhos e não sei por que escolhi aquele lugar. Só traria lembranças ruins, mas pensando bem pior do que estava não poderia ficar. Parei em frente à casa, as luzes apagadas e tudo do jeito que eu me lembrava. Entrei pelos fundos e observei os moveis empoeirados cobertos por lençóis brancos.

            “— Vai ignorar seu papai vagabunda? Que acha de um programa hein?”

A voz de Juan pareceu irromper da antiga casa. As lembranças corroeram meu cérebro a ponto de poder escutar sua voz ecoar pelos cômodos e visualizar seu corpo como o havia deixado. Subi as escadas observando a volta, sentindo meu corpo fraquejar a cada passo dado. Irrompi no quarto que ocupava antigamente. Muitas coisas daquele recinto traziam-me lembranças e não queria pensá-las queria destroçá-las, queria esquecê-las pra não sofrer mais. A raiva apossou-se de mim, num surto de obsessão comecei a derrubar e quebrar tudo daquele quarto. Rasguei os lençóis, destruí os espelhos e derrubei os móveis. Porta retratos de uma Anahí que não existia joguei contra parede tornando-se migalhas. Acabara com tudo, desistira de tudo. Sentindo-me exausta deslizei ate o chão encostando-me na parede mais próxima. Olhei o que antes era um quarto, pensei no que era minha vida e aos poucos senti meu rosto encharcar-se. Queria lançar tudo pro alto e chorar, mas eu era orgulhosa demais pra isso, não queria lagrimas, não precisava delas. Naquele instante só queria uma coisa: voltar algumas horas, só queria estar... Com ele. Sentindo-me única, normal. Poder sentir seu cheiro e acalmar-me só com aquilo, poder contar com a proteção de seus braços a minha volta. Porque era privada daquilo? Porque um homem que eu odeio tinha o poder de controlar minha vida? Ah você tem a resposta Anahí, o seu maldito vicio...e ele que te controla. E não podia evitar isso, não resistia não é? Além do mais sempre tinha alguém parado a minha frente pra me puxar o pé, apunhalar minhas costas e afundar-me de novo. Enterrei o rosto nas mãos fixando o chão. Mirei meu próprio reflexo num pedaço de espelho bem na direção de meus olhos. Sentia-me tão diferente, meu rosto estava tão magoado. Odiava o que via, repugnava-me por ser assim. O chão estava coberto de cacos de vidros, como minha vida era: um caco. Apertando os olhos como se algo chamasse minha atenção, percebi uma falha no assoalho, rapidamente arqueei meu corpo procurando o vão que daria acesso ao compartimento escondido que tinha ali, o esconderijo que eu tinha criado e que apenas eu sabia que existia. Com certo esforço consegui retirar o pedaço solto e quando o fundo se revelou fiquei paralisada. Estava ali o que evitara e esquecera por três dias, estava li a minha calma ou o meu desespero. Ali tinha tudo que eu precisava naquele momento e quando digo tudo era apenas....droga. Não me lembrava da existência daquilo, e não sabia se agradecia ou repudiava por estar ali. Observei o único sache de cocaína, no mesmo instante minhas mãos suaram e minha mente começou a trabalhar a todo vapor pronta para receber aquilo. Não seria capaz de resisti-lo e no momento não queria. Levei as mãos ao fundo do buraco e retirei o conteúdo. Apertei-o entre a mão enquanto voltava a encostar-me na parede. O cheiro parecia invadir minhas narinas, a consistência do pó sobre minhas mãos refletia minha vontade de ingerir aquilo, minhas veias latejavam ansiosas e o suor constante afetava-me. Não podia ignorar, ansiava, eu precisava daquilo, eu simplesmente não podia adiar. Inclinei-me para o chão, abri o saquinho e distribuí uma quantidade generosa em um caco de espelho retangular. Espalhei o pó com os dedos, meus olhos lacrimejavam de ansiedade, meu corpo tremia em excitação. No momento seguinte inclinei o corpo e ingeri o pó. Uma fungada, duas, três e aquilo não era suficiente. Consumia-me inteira, mas parecia não saciar totalmente, meu corpo abalou-se recebendo a droga pela corrente sanguínea espalhando a sensação anestésica tão prazerosa e intensa. Afastei-me e voltei a escorar-me na parede deixando o efeito estimulante percorrer meu ser. Fechei os olhos e limpei o nariz inspirando os vestígios, aquilo relaxou-me por alguns segundos. Só alguns segundos, por que no instante seguinte percebi que não estava mais sozinha. Abri os olhos pra sentir meu mundo desmoronar de uma vez: Alfonso estava ali. Parado a porta observando-me atônito. Minha primeira reação foi levantar assustada, não sei se olhava-o, se escondia o restante do pó aos meus pés ou....

            — O q-que está acontecendo?

A voz embargada, o olhar recíproco... Era tarde demais.

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