Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

— Annie? – chamou-me carinhosamente.

Percebi que havíamos parado. Olhei em volta observando o lugar solitário perto de um lago iluminado por uma única luz ao longe. Não havia ninguém ali além de nós.

            — Preciso me desfazer da arma... – explicou Poncho como se escutasse meu desentendimento – Pode me esperar?

Soltei-me dele no mesmo momento, passei uma perna sobre o banco e fiquei de pé observando suas costas. Alfonso fez o mesmo deixando-me um olhar misterioso, devagar ele caminhou até a extremidade junto à água. Do bolso, retirou a pistola que arrancara de Ucker e jogou-a longe num movimento rápido. Depois do movimento permaneceu imóvel. Vi-o observar o horizonte por alguns instantes como se pensasse no que acabara de fazer ou se tomara a decisão correta. Aproximei alguns passos até estar um metro dele, a curiosidade era maior que tudo e renegava-me por isso, mas era inevitável a pergunta.

            — Porque voltou? – perguntei.

Depois de um silencio constrangedor ele virou pra mim. Seu peito subia em um ritmo calmo, mas forte tornando as inspirações pesadas. Mirou o chão, voltou ao meu rosto e desviou-se a um ponto distante de mim. Percebi pela primeira vez que ele relutava em me olhar.                                                                                                              

            — Voltei porque fui um idiota! – disse baixo reunindo forças finalmente encarando-me.

            — Você não tem motivos pra isso... – disse no mesmo tom baixo – Fez o que qualquer um faria no seu lugar!

            — Não percebe que eu quero reparar o que te fiz? – falou em suplica dando um passo até mim – Fui um estúpido completo cego pela raiva!

            — Isso não muda nada! – dei de ombro indiferente.

Ouvir da boca dele que eu era viciada era o pior castigo que poderia receber. Aquilo marcou um lugar que pensei ser intocado, onde mãos não podem alcançar, apenas onde possa se sentir. A menção de reviver o sentimento empacou lagrimas aos meus olhos, virei-me de costas desviando seu olhar.

            — Annie... – senti-o aproximar-se mais um passo – Por favor preciso te ver!

Sentia sua respiração alcançar minha nuca. A sensação do sabor aromático de sua boca em minha pele provocou arrepios por meu corpo. Virei-me a ele por sentir-me obrigada a isso. Não era uma covarde antes de tudo, mas ia conter as lagrimas rescendentes que queriam cair. Alfonso observou-me e tornou o espaço entre nós nulo. Suas mãos pousaram em meus braços e seu corpo abaixou-se na altura do meu. O contato de nossos olhos era inadiável. Fora como uma explosão se reacendendo quando mirei-o profundamente. Vi o Alfonso, meu Alfonso de volta. Aquele que se preocupava e protegia-me, aquele que dizia palavras bonitas e aplicava gestos ternos. Nada comparado ao de mais cedo ou o de minutos atrás quando estávamos na boate que deixava a raiva apossar-se de si.

            — Me diga que está bem! – pediu calmo.

            — Não estou Alfonso! – respondi sincera olhando seu rosto decepcionar-se.

Em um segundo os braços dele envolveram-me em um abraço. Não um simples, mas o mais terno que já recebera. Relutara aquilo por soberba, mas era a coisa mais tentadora que já experimentará. Cair no abismo de carinho de seus braços envolveu-me de uma forma tão imensamente estranha como se um novo sentimento ardesse dentro de mim. Inevitavelmente as lagrimas correram por meu rosto molhando o ombro de Alfonso onde escondi meu rosto.

            — Me perdoa... – sussurrou magoado – Sei que é minha culpa o que você esta sentindo.

            — Isso não basta! – separei-me dele limpando as lagrimas – Foi cruel Poncho, me fez sentir algo tão doloroso que pensei que sonhara com tudo.

As mãos dele afundaram-se nos cachos revoltos. Vi seu olhar alterar-se e sua base tremer agoniando-se por dentro.