Fanfic: Addictive Life - AyA [Finalizada]

Só então me dera conta da penumbra da sala de jantar. Enquanto desfrutávamos da presença um do outro o sol desaparecera.

            — Eu tenho uma idéia melhor... – segui para a cozinha rapidamente e voltei com um castiçal de velas – O que acha da moda antiga? – depositei-as ao centro.

Com um isqueiro acendi-as sobre o olhar astuto de Anahí. Sentei-me na ponta da mesa enquanto ela sentara ao meu lado em uma lateral.

            — Há muitas coisas que parece que desconheço de você! – comentou.

            — Prometo contar-lhe tudo depois que eu buscar o vinho...se importa?

            — Não há problema! – respondeu descontraída.

Levantei-me pensando se a bebida poderia atiçar seu desejo por drogas. Quando perfilei a pequena adega escolhi um suave sem muito poder alcoólico. Voltei para sala vendo seu rosto refletido na luz das velas, tão bem desenhado e sereno.  Sentei-me e servi a bebida.

            — Se por acaso eu for um péssimo cozinheiro podemos pedir algo!

            — Se livrou da culpa... – disse com um sorriso no canto dos lábios – Já provei e achei ótimo.

Sorri vendo sua sinceridade, provei minha própria comida ficando satisfeito em ter acertado no tempero. Olhei Anahí sorver o primeiro gole de vinho, deti-me a observar sua reação, parecia saber apreciar aquilo da maneira certa me despreocupando.

            — Sabe um vinho não pode me deixar bêbada! – surpreendeu-me largando a taça sobre a mesa.

            — Entenda que fico preocupado... – expliquei – A coisas que preciso controlar.

            — Controlar por mim? – sorriu irônica – Não faça isso Alfonso.

Pensei em sua ironia, tentei colocar-me em seu lugar. Não queria impor limites, mas teríamos que arranjar uma solução.

            — O que pensa em fazer? – percebi a brecha para uma conversa que mais cedo ou mais tarde teríamos – Você não pode apenas evitar o vicio, você precisa tratá-lo.

Senti o tremor apossar-se em seu rosto.

            — Eu não vou me internar! – disse rispidamente.

            — Não sugeri isso!

            — Mas pensou! – manteve um pausa – Eu não suportaria Alfonso!

Oh era mais complicado do que eu pensava. Levantei-me rapidamente e ajoelhei ao seu lado pegando-lhe as mãos entre as minhas.

            — Eu não pensei nisso Annie... – falei a verdade – Só quero achar uma solução racional pra isso!

Ela pareceu lutar contra seus próprios pensamentos, evitou meu olhar por um momento e voltou para mirar-me soltando uma das mãos.

            — Eu já encontrei a solução Alfonso... – pousou a mão livre em meu rosto – Só há uma coisa que me faz esquecer a droga...

Esperei-a continuar depois de mais uma pausa, queria realmente escutar da boca dela.

            — Diga o que...

            — Basta você estar perto... – acariciou-me o rosto ternamente – ...sentir seu cheiro ou apenas te olhar que tudo some. Não compreendo ao certo, mas é como se meu vicio passasse a ser você!

A revelação me tocou diferentemente do que eu estava preparado. Fora uma emoção forte, desejável.

            — Annie...

Sua mão imediatamente calou-me os lábios. Seu olhar bateu com o meu trocando as palavras que ficariam presas em minha garganta.

            — Não precisa dizer nada!

Devagar tirei sua mão do meu rosto, ela estava entendendo errado.

            — Eu quero ser seu vicio! – proferi.

            — Alfonso... – mostrou o rosto ternamente abrindo-se aos poucos em um sorriso.

Daria tudo pra vê-la sorrir assim sempre. Deus como queria!

            — Nunca me abri pra ninguém Annie... – senti necessidade de falar-lhe – Era um homem solitário, quase sem amigos. Vivia para a empresa e por Mai, mas sempre senti que faltava algo. – inclinei-me a ela aproximando-se mais – Procurei me divertir, extravasei muitas vezes e cometi muitos erros... Quando estava farto de tudo... Eu... Eu encontrei você!

Suspirei longamente, estava ficando louco e Anahí me entorpecia cada vez que seus olhos me olhavam e sua mão acariciava-me a face. Senti uma leveza em seguida e consegui sorrir-lhe.

            — Atropelei uma mulher que se tornara minha atenção! Foi à melhor coisa que aconteceu na minha vida!

Anahí abaixou o tronco inclinando-se até mim, sua testa colou-se na minha enquanto suas mãos seguraram meu rosto com firmeza.

            — Você foi à melhor coisa! – sussurrou – Nunca pensei que ser atropelada seria algo bom...me enganei!

Sorrir era inevitável, beijá-la muito mais. Beijei-a delicadamente sorvendo sua boca contra a minha. Não demorei a levantar e finalmente conseguirmos jantar. O clima entre nos pareceu amenizar. Consegui fazê-la sorrir com mais freqüência e respondi suas perguntas inacabadas. Coisas simples focado principalmente em Leon. Percebi o interesse que ela tinha nesse assunto, entendia que ele fazia parte de sua historia e contei-lhe o que descobrira. Nada que ela não soubesse: corrupto, trafico de mulheres, drogas entre outras coisas que não valia a pena citar. Durante o jantar inteiro observei os gestos e o comportamento dela. Poderia afirmar que ela não era viciada. Como fora burro ao não perceber esse fato sozinho, bem entendia porque ninguém me falara.

            — O que acha de um ar fresco? – perguntei encerrando o assunto “perguntas”.

            — Depois de arrumar essa bagn...

            — Não precisamos arrumar nada! – levantei em seguida estendendo-lhe a mão – Amanhã a diarista concerta o estrago.

            — Você tem uma?

            — Não pensou que eu limpava tudo! – sorri maroto.

Anahí aceitou levantar-se. Puxei-a até a sacada principal na sala para observar a lua, tinha uma idéia em mente, só esperava que Anahí aceitasse.