Fanfic: Aconteceu no Verão (Terminada)

Alfonso cerrou os olhos
com força. Inspirou profundamente. Aque­la era uma
informação do tipo prática e útil
para ambos. Terminara com um dos argumentos que usara para refrear suas reações
até o momento; como seria impensável
naquele tempo e lugar, a ausên­cia do preservativo
era um dos argumentos finais para consigo mesmo. Uma desculpa definitiva para não
ir até o final, ainda que pudesse imaginar outras
coisas agradáveis. Agora não existia mais.

Abriu os olhos outra
vez, fítando-a intensamente.

Involuntariamente sentiu
um movimento de pulsação, restrito pelo calção
vermelho, típico de sua profissão.
O corpo de Anahí era alongado e flexível, bronzeado
uniformemente em todos os locais, e estava entrelaçado
ao seu. Os braços passavam por seu pescoço,
os seios estremeciam firmes à sua frente, e o ventre
achatado exibia o tufo de pêlos loiros, onde as
coxas se encontravam.

Aquele corpo era tão
atraente para ele, que era como se, num momento de devaneio erótico,
ele mesmo tivesse projetado cada curva e medida, cada movimento sensual. Ela o
provocava apenas por existir, sem levar em conta a posição
em que se encontravam.

O que, claro, era impossível.

Principalmente quando se
recordava que não havia nada entre ele e aquela perfeição
toda, úmida e pronta, a não ser o calção
vermelho. Era possível senti-la ali, perceber a pressão
e o calor em seu membro rígido, sentir o odor excitante e almiscarado que
se espalhava entre ambos. Sua vontade, cada vez maior, era a de rasgar o pedaço
de tecido que representava a barreira final, e erguê-la
para a penetração. A única forma de aplacar
aquela agonia de prazer.

Uma das coisas que o
atraía, entretanto, era o verdadeiro paradoxo de
comportamento que Anahí evocava uma mistura de timidez e confiança
sedutora. A mulher que carregava preservativos n bolsa não
combinava com aquela que encontrara na água. Nem com a que
tentara agarrar-se a ele em pânico, quando imagino que
seria obrigada a sair da água sem a parte de cima do biquíni.

 A mulher cujos quadris se atiravam contra sua
ereção não parecia a mesma que
tinha tantos escrúpulos para deixar que ele se aproximasse, ainda
no mar.

Alfonso não
pretendia ser apenas uma conquista, mais um sinal n bolsa de praia que
carregava os preservativos. A despeito de todo o erotismo demonstrado, e a ânsia
de fazer amor com ele, Anahí não parecia uma
aventureira de praia. Tratava-se de um sentimento baseado apenas em sua intuição,
não
em fatos, mas em determinados olhares. Em certos momentos e reações,
na postura corpora` e no jeito de falar. Carente... Vulnerável. Tímida.
E intensa.

Ou então
estava sendo enganado por sua intuição, enxergando o que
queria enxergar, levado pelo desejo.

Precisava de uma
resposta, antes de continuar. Tinha de saber. Suspirando, beijou-lhe o queixo
com delicadeza.

Anahí afastou o rosto e
fitou-o, como se conseguisse ler seus pensamentos.

-
Alfonso, existe algo que preciso dizer. Não fico com ninguém
há
mais ou menos dois anos. Não me faça
esperar muito, por favor.

Ele quase sorriu,
aliviado, com a confirmação de que seus ins­tintos não
o enganaram. Não se tratava de uma mulher que tivesse vários
parceiros, nem representava um risco adicional.

-
É
um bocado de tempo, não acha? Quer dizer, o que andou fazendo em vez disso?
-
indagou ele, tocando os dois mamilos com as pontas dos dedos. -
Como manteve seu equilíbrio?

-
Bem, para dizer a verdade, não sei se mantive o equilíbrio,
mas me mantive trabalhando muito todo esse tempo...

Parou de falar, pois as
mãos
dele percorriam caminhos de pro­vocação em seus seios.
Produziam sensações que perturbavam o raciocínio
lógico,
introduzindo idéias que não eram, em absoluto,
frutos de pensamentos comedidos e controlados.

-
Mesmo assim - insistiu Alfonso, segurando o volume sensual dos
seios nas mãos. - Não
existem homens no lugar onde trabalha?

A vontade de beijar e
sugar os mamilos aumentava, e os olhares de ambos adquiriam uma qualidade
intensa, que não necessitava de palavras.

-
Os homens não costumam me convidar para sair.

-
Não?

-
Não.

Era muito difícil
acreditar numa afirmação daquelas, vinda de uma loira com um corpo
perfeito, totalmente exposto aos seus olhos. Que tipo de homem não a
convidaria para sair? Se não estivesse mergulhado
no interior dos olhos verdes e intensos, po­deria pensar que ela diminuía
a situação, ou mesmo que evitava mencionar algo. Porém,
fitando-a, sabia que ela estava sendo sin­cera. Se não
era verdade, pelo menos era o que ela acreditava ser verdade. Enxergava, nas
pupilas, uma certa mágoa e confusão a respeito do assunto.
De qualquer forma, não pretendia deixar dú­vida
nenhuma a respeito do quanto a desejava naquele instante.