Fanfic: Aconteceu no Verão (Terminada)

Anahí ficou surpresa pela
reação instintiva de seu corpo, que tanto tempo
passara sem sentir a presença de um homem nu, quanto
mais tocando-a daquela forma, ainda que não intencional. Não
devia subestimar as forças da natureza. Ou da privação
de contato sexual, para não mencionar um erotismo decorrente dessa falta.
A calcinha do biquíni vermelho era justa, e a posição
de ambos era tal que a própria força das ondas os
pressionava regularmente um contra o outro. Friccionando a parte inferior de
ambos, que parecia agir de acordo com a própria vontade, destacada
das ordens men­tais para sair daquela situação embaraçosa.

Lembrou de uma coisa que
escutara do próprio pai, desde pe­quena, citando um conhecido
provérbio: Cuidado com os próprios desejos, porque eles correm o risco de se realizar.

Quando viera para a
praia, queria provocar a atração de um dos belos
surfistas que ali estavam, e agora estava lidando com aquela situação,
que não imaginara. Mas desejara.

Nenhum dos dois dizia
nada, agora que o perigo real estava mais distante. O peito dele era maciço
e musculoso, a pele bron­zeada e o cabelo loiro queimado em vários
pontos pela permanên­cia ao sol forte da praia, ao longo dos anos.
Ele a segurava sem demonstrar esforço algum. Sem usar óculos,
o rosto dele parecia um borrão indefinido, o que
aumentava a impressão de estar vivendo a personagem de uma sereia,
num sonho erótico. Como num filme pornográfico.

-
Perdi o sutiã do meu maiô - disse ela, por fim.
Procurou falar para evitar a possibilidade de ter um orgasmo.

-
Eu notei...

Sem a menor sombra de dúvidas,
pensou ela. Seus mamilos rígidos raspavam o peito
dele.

-
Não
quero sair da água porque estou com vergonha. Sou tímida
demais.

A forma como ela o
agarrava não colaborava para que ele acre­ditasse na última
parte da afirmação. Quando ele falava, a vibração
grave no peito fazia com que ela sentisse a presença
masculina na própria pele.

-
Achei que estivesse se afogando... - afirmou ele.

-
Imaginei que isso pudesse acontecer. Obrigada, mas acho que vou ter de ficar no
mar até que todo mundo vá embora - declarou
ela, externando a única idéia que tivera para lidar
com os acontecimentos.

Na verdade, não
conseguia imaginar nada pior do que a situação embaraçosa
na qual estava naquele instante.

Nem acreditava que
tivesse coragem de atravessar a areia como se estivesse numa praia nudista na
Riviera francesa, praticando naturalismo entre pessoas que mal olhariam duas
vezes para ela. A idéia da personagem Anahí Sexy desaparecera com a
parte superior do biquíni.

Ele olhou para o céu,
voltando a cabeça para o oeste, antes de responder.

-
A tempestade está piorando cada vez mais, e vem vindo a toda
velocidade. Não posso deixar que fique aqui -
afirmou ele.

Anahí poderia jurar que
os olhos dele baixaram para seus lábios, mas descartou a
possibilidade como sua imaginação, aliada à
au­sência dos próprios óculos.
Alterou sua posição, tentando afastar os seios do peito dele. Ao
invés do efeito desejado, a parte inferior de seu
biquíni prendeu-se ao calção
dele, baixando um pouco. Anahí engoliu em seco, parando imediatamente o
movimento que poderia culminar com a perda da parte inferior também.
Seria possível divisar... Seus pelos na parte inferior
através da água transparente.

As mãos
dele firmaram a parte inferior de suas costas, as pontas dos dedos passando
pela coluna. Naquele instante, Anahí desejou ter uma vida sexual ativa e
regular, para poder controlar com fa­cilidade o movimento que tanto parecia um
gesto íntimo, uma expressão de carinho vinda de
alguém com quem estivesse fazendo amor.

Porém
a carência sexual e afetiva disparara hormônios
por seu corpo afora, de tal forma que não era possível
controlar a si mesma, nem prever o que faria a seguir. Como se fizessem parte
de uma porção rebelde de sua personalidade, os comandos do cérebro
eram totalmente ignorados, como por exemplo, a vontade de se afastar daquele
corpo tentador, que lhe roubava o controle de uma forma embaraçosa.

Ele sorriu, solidário,
como se entendesse exatamente o que ela sentia.

-
Sou Alfonso, o chefe dos salva-vidas - anunciou ele, num tom
que poderia estar ambientado numa reunião social.

-
Sou Anahí - foi o que ela conseguiu responder.

-
Olá, Anahí.

-
Olá, Alfonso.