Fanfics Brasil - Capítulo XI Aconteceu no Verão (Terminada)

Fanfic: Aconteceu no Verão (Terminada)


Capítulo: Capítulo XI

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De fato, a praia onde
estavam não era a única com problemas. Duas
outras praias também tiveram árvores tombadas na es­trada.
A primeira, logo após a praia de onde saíram,
ainda no trecho em serra, tivera meia pista obstruída
por um grande olmo, cujas raízes não
haviam resistido ao vento e se desenterraram da encosta acima. O tronco e boa
parte da copa e raízes caíram sobre a estrada, em
sentido longitudinal, deixando um dos lados livre. O que mais assustou Anahí
foi o fato de ter de passar com uma das rodas próxima a uma ribanceira,
um desnível de quase dez metros em relação
à praia,
abaixo deles.


Alfonso passara, com a
caminhonete, fazendo sinal para que ela permanecesse onde estava. Depois saíra
do carro e viera até ela pela chuva, oferecendo-se para guiar o
carro dela através do obs­táculo. Anahí aceitou,
pois apesar de guiar bem, não fazia a menor questão
de enfrentar os elementos, principalmente quando uma pequena hesitação
podia custar um tombo até a praia.


Observou-o dirigindo o
pequeno carro para fora da estrada, ad­mirando a forma como ele se movia com
precisão e concentração, as feições
iluminadas pelo painel interno. Tentou relacionar o ho­mem que lhe dirigia o
carro com tanta habilidade e cavalheirismo, ao que a fizera delirar de prazer
tantas vezes, minutos antes.


Se alguma amiga lhe
tivesse contado que fizera amor na lama, e pela quarta vez no mesmo dia, não
sabia se iria acreditar. E o mesmo homem estava ali ao seu lado, manobrando o
carro para acompa­nhá-la em casa, como se fosse seu par no baile de
formatura.


Outra coisa que não
estivera nos planos de Anahí. Desde o início, pensara naquilo
como uma arma de um tiro só. Não
imaginara encontrar seu companheiro de escapada mais do que uma vez.


 Seduzir e abandonar, exatamente como os homens
faziam. Como as aranhas faziam.


O problema é
que fora tão bom que seria uma pena desistir de Alfonso
para sempre. E se ele fosse mesmo sua outra metade?


Tentara, com sua
teimosia, realizar as coisas à sua maneira, quando saíra
da cabana sozinha. Em vez de um ato de coragem fora uma fuga covarde, para não
ter que dar explicações sobre sua vida a ninguém.
Mesmo ao homem que tanto prazer lhe dera. Ago­ra sabia que poderia até
ter sido levada pelo mar, aonde fora parar, do lado oposto ao que pretendia
chegar. Ainda bem que ele tivera o bom senso de usar a lanterna para orientá-la.
O gesto de enxergar uma luz na tempestade lhe dera a orientação
necessária para reco­nhecer que estava indo para o lado
contrário. Ficou observando o perfil concentrado de Alfonso,
enquanto filosofava. Talvez fosse uma espécie de metáfora
para todo o resto de sua vida. Quando menos esperava, alguém
acendera uma luz para ela, e mostrara que o caminho certo era para o lado
oposto. E quando esse alguém era capaz de satisfazer
seus prazeres físicos da forma como Alfonso fi­zera, talvez
fosse mais do que apenas coincidência. Afinal, do que
estaria fugindo?


Quanto mais pensava no
assunto, mais se convencia de que gostaria de partilhar toda a sua vida com
aquele homem, capaz de guiá-la e conduzi-la pela
tempestade. Ou pelo deserto que seria sua vida emocional quando se imaginava
devorando os machos depois do prazer.


A solução
não
estaria em fugir de vez em quando e explodir daquela forma, e sim em viver de
forma constante e feliz, com uma pessoa que a amasse e a satisfizesse, como
ele.


-  O que foi? - indagou ele, depois de
atravessar o trecho perigoso, percebendo que ela o estava fitando.


-
Nada. Ou melhor, tudo... Onde é que você
estava até agora?


-
Bem aqui, na praia, procurando você.


-
Não
estou dizendo agora. Quero dizer esse tempo todo - explicou Anahí.


-
Bem aqui, na praia, nos últimos seis anos, esperando você


-
repetiu Alfonso, encarando-a.


-
Pode dizer o que quiser, porque estou procurando uma ex­plicação,
qualquer que seja.


-
Bem, eu comecei a pensar enquanto estava procurando você,
no escuro. Para mim havia uma possibilidade de nunca mais ver você,
e era isso o que me apavorava. Ter acabado de encontrar você
e perder no mesmo dia.


Essa idéia
me fazia sentir um vazio maior do que em todos esses anos, e se a gente pensar
bem parece a história do cego que enxergou por dez minutos, e
depois perdeu a vista outra vez. É muito pior do que nunca
enxergar nada.


-
Comigo também - confessou Anahí. -
Acho que saí por orgulho, por medo de me prender e
principalmente com medo de ser rejeitada... você me olhou diferente
desde que soube que sou médica.


-
Eu... é verdade. Fiquei impressionado mesmo, mas depois
passou. O que me deixou surpreso foi a mudança de personalidade
quando você colocou os óculos. Parecia outra. Já
pensou em usar lentes de contato?


Anahí olhou para ele
como se o visse pela primeira vez.


-
Sabe que é uma boa idéia? E, pensando bem,
acho que es­colhi esses óculos por necessidade de me impor com os homens,
que não me levavam a sério.


-
Você sempre foi bonita, é
isso? - sorriu Alfonso.


-
Não
sei, mas sempre produzi esse efeito nos homens; ne­nhum achava que eu podia ser
inteligente. Por isso a necessidade de me defender, parecendo... Não atraente.
Nessa época comecei a usar roupas largas, também.
Uma espécie de negação da personalidade de
mulher-objeto, que tantas amigas minhas escolheram, para tirar vantagem da aparência,
enquanto podiam.


Ele parou o carro ao
lado de sua caminhonete e desligou o motor. Mas permaneceu ali, observando os
pingos grandes a es­correr pelo pára-brisa.


Gente pode aprender com
qualquer pessoa, não importa quem - disse ele. -
Quem dizia isso era meu pai, principalmente quando alguém
da família insinuava que era melhor do que o outro. Ele
contava uma história, segundo a qual todos nós
éramos
per­feitos, cada um com um jogo completo de chaves para abrir todas as portas
do conhecimento e da sabedoria, qualquer coisa. Só que a vida embaralhou
todas as chaves, e agora precisamos buscar as nossas chaves que estão
com os outros. Mas antes precisamos devolver aos outros as chaves que não
são
nossas, para poder abrir espaço e recebermos nossas
chaves de volta. Como não sabemos quem são, entendemos que são
aqueles mais próximos de nós. Por isso precisamos
primeiro dar, para criar espaço e receber.


Se a gente pensar que é
melhor do que outra pessoa, não vai escutar o que ela
tem a dizer. E com isso podemos deixar de apanhar uma chave que era nossa.
Dizia que o mais importante não era se a chave era
banhada a ouro, de prata ou latão, mas se o formato dela
encaixava na fechadura. Havia muitas chaves banhadas a ouro, de metal precioso
e com engastes trabalhados, mas apenas uma, cujo segredo se encaixa com a
gente.


Procuramos sempre essa
chave única.


-
Que história bonita... - disse Anahí, sentindo lágrimas
nos olhos.


-
Seu pai era um homem muito especial.


-
Era mesmo. Não cheguei a conhecê-lo bem, porque morreu
enquanto eu era jovem. Mas ele dizia que um chaveiro contou a história
para ele, quando era pequeno. E esse chaveiro dizia que a história
original era com sapatos, que a escutou de um sapateiro, seu vizinho. Que esse
sapateiro era um espanhol, anarquista, que estudava Cabala. Dizia que essa era
a arte de amar ao próximo, conforme a aprenderam todos os povos que
conviveram na Espanha, durante tantos séculos, na Idade Média.
A arte de amar ao próximo é procurar, no outro,
aquilo que se encaixa perfeitamente com você. Essa é
a parte que interessa. O formato da chave. A forma do sapato no pé.
Aquilo que de dois, pode se tornar um.


-
Uau... - sussurrou Anahí, emocionada.



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Autor(a): annytha

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Aquele homem tinha toda a razão, pensou. Como pudera sequer pensar em desprezar um encontro especial como aquele? - Como nós dois, quando estamos fazendo amor - terminou Alfonso, voltando-se para ela. Também ele tinha os olhos úmidos. Que ela beijou com suavi­dade. - Um encaixe perfeito - concordou Anahí, entendendo o que ele ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • jl Postado em 03/02/2011 - 11:20:18

    Final perfeito *o*

  • jl Postado em 03/02/2011 - 11:20:13

    Final perfeito *o*

  • jl Postado em 03/02/2011 - 11:20:00

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAaa

    Amei a história ficou perfeita *---*

    Parabens =)

  • jl Postado em 03/02/2011 - 11:19:56

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAaa

    Amei a história ficou perfeita *---*

    Parabens =)

  • jl Postado em 03/02/2011 - 11:19:52

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAaa

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    Parabens =)

  • jl Postado em 03/02/2011 - 11:19:47

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAaa

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    Parabens =)

  • jl Postado em 26/01/2011 - 19:35:15

    AAAAAAAAAAAAa
    QUe lindos os dois juntos *--*
    Essa história é muito boa...continua D:

  • jl Postado em 26/01/2011 - 19:35:09

    AAAAAAAAAAAAa
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    Essa história é muito boa...continua D:

  • jl Postado em 26/01/2011 - 19:35:07

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    QUe lindos os dois juntos *--*
    Essa história é muito boa...continua D:

  • jl Postado em 26/01/2011 - 19:35:03

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    QUe lindos os dois juntos *--*
    Essa história é muito boa...continua D:


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