Fanfic: Aconteceu no Verão (Terminada)
De fato, a praia onde
estavam não era a única com problemas. Duas
outras praias também tiveram árvores tombadas na estrada.
A primeira, logo após a praia de onde saíram,
ainda no trecho em serra, tivera meia pista obstruída
por um grande olmo, cujas raízes não
haviam resistido ao vento e se desenterraram da encosta acima. O tronco e boa
parte da copa e raízes caíram sobre a estrada, em
sentido longitudinal, deixando um dos lados livre. O que mais assustou Anahí
foi o fato de ter de passar com uma das rodas próxima a uma ribanceira,
um desnível de quase dez metros em relação
à praia,
abaixo deles.
Alfonso passara, com a
caminhonete, fazendo sinal para que ela permanecesse onde estava. Depois saíra
do carro e viera até ela pela chuva, oferecendo-se para guiar o
carro dela através do obstáculo. Anahí aceitou,
pois apesar de guiar bem, não fazia a menor questão
de enfrentar os elementos, principalmente quando uma pequena hesitação
podia custar um tombo até a praia.
Observou-o dirigindo o
pequeno carro para fora da estrada, admirando a forma como ele se movia com
precisão e concentração, as feições
iluminadas pelo painel interno. Tentou relacionar o homem que lhe dirigia o
carro com tanta habilidade e cavalheirismo, ao que a fizera delirar de prazer
tantas vezes, minutos antes.
Se alguma amiga lhe
tivesse contado que fizera amor na lama, e pela quarta vez no mesmo dia, não
sabia se iria acreditar. E o mesmo homem estava ali ao seu lado, manobrando o
carro para acompanhá-la em casa, como se fosse seu par no baile de
formatura.
Outra coisa que não
estivera nos planos de Anahí. Desde o início, pensara naquilo
como uma arma de um tiro só. Não
imaginara encontrar seu companheiro de escapada mais do que uma vez.
Seduzir e abandonar, exatamente como os homens
faziam. Como as aranhas faziam.
O problema é
que fora tão bom que seria uma pena desistir de Alfonso
para sempre. E se ele fosse mesmo sua outra metade?
Tentara, com sua
teimosia, realizar as coisas à sua maneira, quando saíra
da cabana sozinha. Em vez de um ato de coragem fora uma fuga covarde, para não
ter que dar explicações sobre sua vida a ninguém.
Mesmo ao homem que tanto prazer lhe dera. Agora sabia que poderia até
ter sido levada pelo mar, aonde fora parar, do lado oposto ao que pretendia
chegar. Ainda bem que ele tivera o bom senso de usar a lanterna para orientá-la.
O gesto de enxergar uma luz na tempestade lhe dera a orientação
necessária para reconhecer que estava indo para o lado
contrário. Ficou observando o perfil concentrado de Alfonso,
enquanto filosofava. Talvez fosse uma espécie de metáfora
para todo o resto de sua vida. Quando menos esperava, alguém
acendera uma luz para ela, e mostrara que o caminho certo era para o lado
oposto. E quando esse alguém era capaz de satisfazer
seus prazeres físicos da forma como Alfonso fizera, talvez
fosse mais do que apenas coincidência. Afinal, do que
estaria fugindo?
Quanto mais pensava no
assunto, mais se convencia de que gostaria de partilhar toda a sua vida com
aquele homem, capaz de guiá-la e conduzi-la pela
tempestade. Ou pelo deserto que seria sua vida emocional quando se imaginava
devorando os machos depois do prazer.
A solução
não
estaria em fugir de vez em quando e explodir daquela forma, e sim em viver de
forma constante e feliz, com uma pessoa que a amasse e a satisfizesse, como
ele.
- O que foi? - indagou ele, depois de
atravessar o trecho perigoso, percebendo que ela o estava fitando.
-
Nada. Ou melhor, tudo... Onde é que você
estava até agora?
-
Bem aqui, na praia, procurando você.
-
Não
estou dizendo agora. Quero dizer esse tempo todo - explicou Anahí.
-
Bem aqui, na praia, nos últimos seis anos, esperando você
-
repetiu Alfonso, encarando-a.
-
Pode dizer o que quiser, porque estou procurando uma explicação,
qualquer que seja.
-
Bem, eu comecei a pensar enquanto estava procurando você,
no escuro. Para mim havia uma possibilidade de nunca mais ver você,
e era isso o que me apavorava. Ter acabado de encontrar você
e perder no mesmo dia.
Essa idéia
me fazia sentir um vazio maior do que em todos esses anos, e se a gente pensar
bem parece a história do cego que enxergou por dez minutos, e
depois perdeu a vista outra vez. É muito pior do que nunca
enxergar nada.
-
Comigo também - confessou Anahí. -
Acho que saí por orgulho, por medo de me prender e
principalmente com medo de ser rejeitada... você me olhou diferente
desde que soube que sou médica.
-
Eu... é verdade. Fiquei impressionado mesmo, mas depois
passou. O que me deixou surpreso foi a mudança de personalidade
quando você colocou os óculos. Parecia outra. Já
pensou em usar lentes de contato?
Anahí olhou para ele
como se o visse pela primeira vez.
-
Sabe que é uma boa idéia? E, pensando bem,
acho que escolhi esses óculos por necessidade de me impor com os homens,
que não me levavam a sério.
-
Você sempre foi bonita, é
isso? - sorriu Alfonso.
-
Não
sei, mas sempre produzi esse efeito nos homens; nenhum achava que eu podia ser
inteligente. Por isso a necessidade de me defender, parecendo... Não atraente.
Nessa época comecei a usar roupas largas, também.
Uma espécie de negação da personalidade de
mulher-objeto, que tantas amigas minhas escolheram, para tirar vantagem da aparência,
enquanto podiam.
Ele parou o carro ao
lado de sua caminhonete e desligou o motor. Mas permaneceu ali, observando os
pingos grandes a escorrer pelo pára-brisa.
Gente pode aprender com
qualquer pessoa, não importa quem - disse ele. -
Quem dizia isso era meu pai, principalmente quando alguém
da família insinuava que era melhor do que o outro. Ele
contava uma história, segundo a qual todos nós
éramos
perfeitos, cada um com um jogo completo de chaves para abrir todas as portas
do conhecimento e da sabedoria, qualquer coisa. Só que a vida embaralhou
todas as chaves, e agora precisamos buscar as nossas chaves que estão
com os outros. Mas antes precisamos devolver aos outros as chaves que não
são
nossas, para poder abrir espaço e recebermos nossas
chaves de volta. Como não sabemos quem são, entendemos que são
aqueles mais próximos de nós. Por isso precisamos
primeiro dar, para criar espaço e receber.
Se a gente pensar que é
melhor do que outra pessoa, não vai escutar o que ela
tem a dizer. E com isso podemos deixar de apanhar uma chave que era nossa.
Dizia que o mais importante não era se a chave era
banhada a ouro, de prata ou latão, mas se o formato dela
encaixava na fechadura. Havia muitas chaves banhadas a ouro, de metal precioso
e com engastes trabalhados, mas apenas uma, cujo segredo se encaixa com a
gente.
Procuramos sempre essa
chave única.
-
Que história bonita... - disse Anahí, sentindo lágrimas
nos olhos.
-
Seu pai era um homem muito especial.
-
Era mesmo. Não cheguei a conhecê-lo bem, porque morreu
enquanto eu era jovem. Mas ele dizia que um chaveiro contou a história
para ele, quando era pequeno. E esse chaveiro dizia que a história
original era com sapatos, que a escutou de um sapateiro, seu vizinho. Que esse
sapateiro era um espanhol, anarquista, que estudava Cabala. Dizia que essa era
a arte de amar ao próximo, conforme a aprenderam todos os povos que
conviveram na Espanha, durante tantos séculos, na Idade Média.
A arte de amar ao próximo é procurar, no outro,
aquilo que se encaixa perfeitamente com você. Essa é
a parte que interessa. O formato da chave. A forma do sapato no pé.
Aquilo que de dois, pode se tornar um.
-
Uau... - sussurrou Anahí, emocionada.
Autor(a): annytha
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Aquele homem tinha toda a razão, pensou. Como pudera sequer pensar em desprezar um encontro especial como aquele? - Como nós dois, quando estamos fazendo amor - terminou Alfonso, voltando-se para ela. Também ele tinha os olhos úmidos. Que ela beijou com suavidade. - Um encaixe perfeito - concordou Anahí, entendendo o que ele ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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-
jl Postado em 03/02/2011 - 11:20:18
Final perfeito *o*
-
jl Postado em 03/02/2011 - 11:20:13
Final perfeito *o*
-
jl Postado em 03/02/2011 - 11:20:00
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAaa
Amei a história ficou perfeita *---*
Parabens =) -
jl Postado em 03/02/2011 - 11:19:56
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAaa
Amei a história ficou perfeita *---*
Parabens =) -
jl Postado em 03/02/2011 - 11:19:52
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAaa
Amei a história ficou perfeita *---*
Parabens =) -
jl Postado em 03/02/2011 - 11:19:47
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAaa
Amei a história ficou perfeita *---*
Parabens =) -
jl Postado em 26/01/2011 - 19:35:15
AAAAAAAAAAAAa
QUe lindos os dois juntos *--*
Essa história é muito boa...continua D: -
jl Postado em 26/01/2011 - 19:35:09
AAAAAAAAAAAAa
QUe lindos os dois juntos *--*
Essa história é muito boa...continua D: -
jl Postado em 26/01/2011 - 19:35:07
AAAAAAAAAAAAa
QUe lindos os dois juntos *--*
Essa história é muito boa...continua D: -
jl Postado em 26/01/2011 - 19:35:03
AAAAAAAAAAAAa
QUe lindos os dois juntos *--*
Essa história é muito boa...continua D: