Fanfic: Aconteceu no Verão (Terminada)

Uma onda bateu em suas
costas, atirando-a contra ele, num movimento fluido e erótico,
que aumentou em mais um ponto a pulsação de Anahí, a despeito
de seu desejo não realizado de afas­tar-se daquele corpo
tentador. Esqueceu o restante da apresentação que pretendia fazer.
Disse o que lhe veio à mente.

--
Desculpe, acho que estou tendo um ataque de ansiedade. Não
consigo raciocinar direito - confessou ela.

Não
tinha a menor condição de tentar enganar alguém
que a estivesse tocando de forma tão íntima.

-  Eu também -
admitiu ele, provavelmente consciente da mesma impossibilidade.

Aquilo pareceria um
sonho de erotismo a qualquer um que não estivesse vivendo o
momento. Servia para colocar as fantasias em seus devidos lugares, pois uma
coisa era ter o controle absoluto das coisas, no interior da própria
mente; contudo, interagir com outra pessoa, com toda a responsabilidade e implicações
das ações do outro, trazia uma insegurança
inevitável e desconfortável. Por outro lado,
talvez o fator de excitação fosse exatamente esse, o de não
ter controle sobre as ações do outro, nem sobre as próprias.

Anahí Séria
acabava de descobrir que Anahí Sexy desaparecera com o biquíni,
mas que existia algo mais primitivo e rebelde dentro dela, que apreciava e
estimulava aquela situação.

Sentiu que um rubor lhe
subia ao rosto, aquecendo-o, apesar da água fria. Alta e
desajeitada enquanto adolescente, observara as amigas orgulhosas dos próprios
seios muito antes que se tornassem aparentes para ela, o que acontecera apenas
aos quinze anos. Quan­do vieram, Anahí ficara com o sentimento de que não
valera a pena esperar tanto por eles.

-
Não
há
mais ninguém na praia, além de alguns surfistas - observou
ele, retirando o olhar dos seios dela e dirigindo-o para os lados da areia. -
Acho que eles não vão prestar muita atenção,
pois estão ocupados com essas ondas enormes, por causa da
tem­pestade.

-
Está sugerindo que eu corra nua até
meu carro? - perguntou Anahí, arregalando os olhos verdes.

Aquilo parecia cada vez
mais com o pesadelo de andar nua pelo meio da multidão,
que tivera algumas vezes na vida. Quando ado­lescente, sonhava que as pessoas
riam dela quando ela passava, no centro de Orlando, apontando seus seios porque
eram pequenos demais. Mais tarde vira-se nua na sala de aula, ridicularizada
pelos colegas; não fazia muito, sonhara que atendia nua seus
pequenos pacientes, enquanto os pais apontavam escandalizados para ela.

-
Não,
não
estou sugerindo que saia correndo. Mas posso sair primeiro, e você
vem logo atrás, bem perto de mim, até
chegarmos no posto salva-vidas, que fica bem aí na frente. Será
rápido.

O primeiro impulso dela
foi rejeitar a sugestão, mas por outro lado não
tinha outras a fazer.

Suas opções
eram permanecer ali até escurecer o suficiente, ou sair da água
como se nada tivesse acon­tecido como se fosse nudista. Como nos sonhos.

-
Está bem.

Por um instante ficaram
ali, sem se mover. Em seguida Alfonso voltou a falar.

-
Acho que primeiro vai ter de ficar em pé, Anahí. Naturalmente. A
posição em que estavam era mais embaraçosa

do que a própria
nudez. Provavelmente deixara parte de seu cére­bro com os óculos,
na areia. Ainda segurando o pescoço dele, ela retirou as
pernas cruzadas ao redor da cintura dele, sentindo-se pairar sem peso por
alguns instantes antes de encontrar o apoio da areia. Só
então percebeu o quanto ele era alto.

Ela mesma não
se considerava pequena, com um metro e setenta e cinco, porém
o salva-vidas a olhava muito de cima. Tinha tam­bém ombros bem mais largos
que os dela. Anahí baixou os olhos, como se esperasse que a água
começasse a ferver com o calor que seu corpo emanava.
Só
então lhe ocorreu que não
se colocara to­talmente em pé, mas de joelhos na
areia, pois assim conservava os seios protegidos.

-
Vire-se - pediu ela, com um gesto da mão
que facilitava o entendimento.