Fanfic: Aconteceu no Verão (Terminada)

Não
se tratava de pudor, mesmo porque ele não só
vira como sentira seus seios quando passou o braço em seu torso e depois
percebera os mamilos rígidos se esfregando contra o próprio
peito, como seria se estivessem fazendo amor. Queria, porém,
manter um resquício de dignidade.

Alfonso já
não
era levado pelo sentido de urgência e perigo que o
levava a reagir automaticamente para salvar sua vítima. Apesar da
tempestade que se aproximava, não havia risco imediato,
a não ser para as reputações
envolvidas. Ainda era o chefe salva-vidas, e isso envolvia o profissionalismo
da posição, que precisava ser pre­servado. Não
se tratava de mais uma vítima de afogamento, nem havia cuidados médicos
envolvidos no assunto. Não custava nada fazer o que ela pediu.

Assim que ele se virou, Anahí
baixou as mãos e ajustou a parte inferior do biquíni,
sentindo-se imediatamente melhor. Os moti­vos, obviamente, seriam mais de
efeito moral, pois estava cinco por cento vestida ao invés
de três por cento. Em seguida, utilizando a coragem
que a impulsionara através do estudo na faculdade de Medicina,
levantou-se. Procurou manter-se o mais próximo pos­sível
de Alfonso, de forma que seus mamilos tocavam as costas largas e fortes.

A sugestão
fora dele mesmo, para protegê-la dos olhares dos
surfistas que ainda permaneciam na zona de rebentação,
na esperança de pegarem a onda de suas vidas. Um dos
efeitos cola­terais não previstos é que o contato quase a
fazia gemer de prazer.

Comprovando essa visão,
sentiu a contração rápida da muscu­latura
entre suas pernas, testemunhando a ação dos hormônios.
Controlou-se, mas era tarde, pois sua imaginação estava ativada; cerrou
os olhos, pronta para um devaneio sobre o que poderia acontecer.

E se fizessem amor na
praia, com Alfonso, o chefe dos salva-vidas? Ou mesmo ali na água,
antes de chegarem à areia? Em sua ima­ginação
ativada, ela o puxava pelos ombros, de forma que ele caísse
na água rasa, e então o cavalgaria como uma
amazona, dei­xando que o próprio peso auxiliasse o
que pretendia fazer, até que ela gritasse de prazer e ele perdesse
totalmente o controle, explo­dindo com ela num orgasmo marinho. Usou toda a sua
força de vontade para cessar o devaneio, antes que a
conduzisse para onde não pretendia. Suas coxas, porém,
agindo de forma completamente independente do cérebro, inclinaram-se
para a frente, roçando no traseiro consistente à
sua frente, num convite para o restante do corpo.

Um arrepio percorreu-lhe
o corpo. Anahí tentou, com todas as forças, pensar em sorvetes
de limão ou injeções de vitamina B, ou
qualquer coisa que distraísse seu corpo o suficiente para que pa­rasse de
produzir pensamentos eróticos.

Ainda nem haviam saído
do lugar, e Alfonso já abandonara evitar o que ele realmente desejava.

Certamente aquela loira
fora enviada em seu último dia para colocar à
prova sua disciplina e seus conceitos morais. Não haviam ainda se
passado dez minutos desde que seus olhos haviam exa­minado a água
e avistado os cabelos loiros de Anahí entre as ondas. Não
deixava de ser um absurdo o que lhe passava pela cabeça.
Principalmente porque ele, de certa forma se orgulhava do controle obtido em
conter seus impulsos físicos na praia, onde qualquer alteração
seria quase imediatamente percebida. Fazia parte de sua profissão
controlar esses impulsos naturais para a corte e um nível
de imaginação que só o poderia levar
profissionalmente à ruína. Conseguira encarar o
corpo humano exposto como algo a ser pro­tegido, não
a ser adorado com luxúria. Até agora.

Aquela seria a prova
final, e o objetivo de Anahí com certeza seria torturá-lo.

Os dedos dela tocavam as
costas de Alfonso, dançando ali como que para confundi-lo, levá-lo
a pensar que era só o que acontecia por ali. Como se ele não
reconhecesse o toque de um mamilo entre os outros.

Havia uma espécie
de eletricidade involuntária, que en­tre outras coisas era capaz de
provocar uma ereção instantânea.

 Deu graças por não
se encontrarem numa praia repleta, pois então quem não
teria coragem de sair da água seria ele, pelo menos no estado de excitação
em que se encontrava. Se algo parecido tivesse ocorrido dois ou três
anos antes, com certeza ele teria começado a usar outro tipo de
calção, para evitar novas tentações
como aque­la. Estava convicto que o destino preparara algo especial para seu último
dia de trabalho; só era preciso reconhecer e evitar a arma­dilha.
Pelo menos no cumprimento do dever, depois disso, ele poderia comportar-se como
um homem comum.

Inspirou profundamente.

-
Está pronta?

-
Estou - murmurou ela, com a voz alterada.

Como se realmente
acreditasse que aquela se constituía na prova

final, Alfonso começou
a pensar enquanto avançava devagar pela  água rasa. Sua
personalidade nunca fora do tipo que se envolvia com garotas por apenas uma
noite, como vários amigos seus que desejavam experimentar os
prazeres sem o encargo da responsa­bilidade. Puxando pela memória,
podia dizer que jamais sequer marcara um encontro com uma garota que tivesse
conhecido na praia, quando estava trabalhando, embora tivesse sua cota de fler­tes
inconseqüentes. Havia muitas garotas que esperavam isso
de todos os salva-vidas, já que a fama vinha com o
trabalho, prin­cipalmente para os que possuíam cabelos loiros e
descoloridos pelo sol. Na verdade, Alfonso detestava essa posição,
pois vinha jun­tamente com a fama dos surfistas e dos que passavam a maior
parte do tempo na praia. Nenhum desses grupos era reconhecido por sua
capacidade mental, determinação ou seriedade,
qualidades que Alfonso julgava possuir, ou pelo menos perseguir. Seria parecido
com a fama das garotas muito bonitas, jamais citadas* por sua in­teligência
ou capacidade de trabalho. Viviam num mundo que va­lorizava, acima de tudo, a
aparência física, e era extremamente
difícil escapar das imagens estereotipadas.