Fanfic: Aconteceu no Verão (Terminada)

Alfonso ressentia-se de
que as pessoas presumissem que ele era um vagabundo de praia, feliz em passar
sua vida sentado numa cadeira de praia.

Na verdade, ninguém
entendia a extensão do treinamento, das horas e do esforço
aplicado para se tornar um salva-vidas, e eleja se cansara de explicar tudo
isso às pessoas. Depois daquele dia, iria para a
faculdade, tornar-se médico, pronto a assumir o desafio, que seria a próxima
fase em sua vida, uma fase de estudos e sa­crifícios.

Porém
antes que isso acontecesse, não seria apropriado que
fizesse jus à imagem que as pessoas tinham? Justificar a
tentação representada por Anahí, molhada e agarrada a
ele.

 A verdade é que a maioria de seus
colegas não hesitaria um segundo antes de tentar sua sorte
com a bela loira. Alguns a teriam agarrado ali mesmo, na água.

Antes de sair do mar, Alfonso
ajustou seu calção de banho, sen­tindo-se mal com seus
pensamentos. Afinal de contas, Anahí só queria que ele a levasse
para fora da água, com a virtude intacta, e não
que a levasse para o interior da cabine dos salva-vidas para lhe aplicar ali
uma erótica respiração boca a boca. Afinal,
sua função ali era salvar vidas, não
complicá-las.

Além
do mais, Alfonso não era do tipo que sai apenas uma vez com uma
garota. Sempre acreditara que isso era um tipo de rela­cionamento totalmente
egoísta e desrespeitoso; o fato de usar outra pessoa
para extrair prazer, depois dispensá-la. Mesmo que seu corpo
sinalizasse esse desejo, o cérebro não
conseguia ausentar-se do assunto. Sempre acreditara que uma das diferenças
entre o ho­mem e os animais, talvez a principal, era que o homem conseguia
dominar seus instintos, o que já não
acontecia com qualquer ani­mal, que sempre agia de acordo com a vontade do
corpo. Nem era típico de qualquer homem, apenas os que
reconheciam sua natu­reza divina. Talvez isso fosse motivado pelo espírito,
talvez apenas pelo raciocínio, capaz de prever os acontecimentos e
escolher o melhor curso de ação. Muitos chamavam
aquilo de consciência.

Um dos problemas
envolvidos, no entanto, era que os desejos e vontades conseguiam embotar a
capacidade de raciocínio dos indivíduos, como por exemplo,
acontecia com as pessoas apaixo­nadas, que cometiam tolices em cima de tolices
e eram os únicos capazes de ignorar todos os fatos, por
mais óbvios que parecessem a todos os outros.

Anahí pressionou o corpo
contra o dele, com um pequeno gemido de aflição. Uns poucos surfistas
olhavam na direção deles, movi­dos, talvez, pela estranheza da
posição de Anahí, que agia como se fosse sua
"sombra", sincronizando os passos com os dele, num bailado que devia
parecer estranho à distância. Isso para não
men­cionar a ausência do sutiã nas costas. Alfonso
esticou o braço para trás e tomou a mão
de Anahí entre as suas, entrelaçando os dedos e apertando
um pouco, para infundir coragem. Percebeu que ela re­laxava um pouco e começou
a caminhar mais rápido, determinado a realizar sua tarefa antes
que ela visse sua ereção e saísse correndo e gritando.
Ou, pior ainda, que não corresse.

Relanceou os olhos para
cima quando ouviu outro trovão acima_; de
suas cabeças, e reparou que as nuvens mais escuras estavam
agora sobre suas cabeças, e que o vento aumentara sua velocidade.