Fanfic: Nos Cαminhos dα Vidα ~☆

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Alexandra: Uns dias antes daquela festa que Pedro nos ofereceu...mantive uma conversa com meu filho sobre você...e ele me disse que você nunca falou nada mal de mim para ele, e eu tirei a conclusão que não o disse nada sobre o que havia passado aqui tempos atrás. E eu queria saber... Por quê? (franziu a testa) Você teve a chance de perguntá-lo sobre tudo o que eu lhe disse, mas não o fez. Você sabia que ele acreditaria em você. Por que não o fez quando teve a oportunidade?

Dulce: Porque eu acreditei em tudo o que a Senhora disse.

Alexandra: Dulce, eu não sou uma mulher de me arrepender das coisas que eu faço...porém... (tragou a saliva)

Dulce aceitou aquele silêncio, assentindo com a cabeça. A viu respirar fundo sem saber como continuar, e percebeu que aquilo era muito difícil para ela.

Dulce: Eu entendo.

Alexandra: Se eu pudesse voltar no tempo... (suspirando)

Dulce: Mas não pode, por isso...vamos esquecê-lo, já está no passado.

Alexandra: E por que não disse para ele depois que voltaram?

Dulce: Não achei que seria uma boa coisa a se fazer...colocar o filho contra a mãe, não gosto desse tipo de coisa.

Alexandra sorriu ao sentir a ofensa nas palavras de Dulce.

Dulce: Christopher teria ficado muito chateado se soubesse da verdade. (Alexandra assentiu)

Alexandra: Sim.

Dulce quase gargalhou ao sentir o tamanho do orgulho da mulher que estava a sua frente. 

Dulce: Só espero que isso não volte a suceder.

Alexandra: Não haverá outra vez.

Dulce: Então que esqueçamos aquilo, se a Senhora me disse que não haverá mais diferenças entre nós, creio que possamos começar diferente dessa vez.

Alexandra: Propõe uma trégua?

Dulce: Pode ser.

Alexandra: E quanto ao meu filho? Continuará emburrada com ele? Ele não fez nada, me explicou tudo... Ele estava bêbado e a garota se aproveitou dele, mas não fizeram nada, porque não a desejava...

Dulce abriu a boca para falar, mas foi impedida devido a:

Chris: DULCE, TEMOS QUE CONVERSAR! NÃO VOU DESISTIR ASSIM TÃO FÁCIL, NÃO! 

Alexandra se sobressaltou ao ver Christopher descendo das escadas, somente de cueca. Voltou-se a ver Dulce, quem ergueu as sobrancelhas com a expressão divertida. Alexandra franziu a testa com o misto de irritação e diversão.

Christopher quase tomou um susto ao ver sua mãe ali. Tragou a saliva, e piscou os olhos milhares de vezes.

Chris: Mãe? O que faz aqui?!

Dulce imediatamente levantou-se, reprimindo o riso.

Dulce: Me desculpem...mas tenho que ver algo na cozinha.

Os dois a viram sair e Christopher se acercou de sua mãe.

Alexandra: O que você está fazendo aqui?

Chris: Eu que pergunto! (exclamou ainda surpreso)

Alexandra baixou os olhos para a falta de roupas do filho e ficou ainda mais irritada, ao se dar conta de que tudo o que fizera foi em vão. Ao parecer, Christopher já havia se reconciliado com Dulce. Suspirou, resignada. Dulce era uma arpía, pronta para contra atacar a qualquer movimento. Apesar da irritação, Alexandra sabia muito bem reconhecer uma virtude, e com certeza, ser esperta era mais uma virtude que apreciava naquela garota. Levantou-se, aproximando-se dele.

Chris: O que veio fazer aqui?

Alexandra: Vim falar com Dulce.

Christopher se irritou de sobremaneira, trincando os dentes imaginando o que a mãe poderia fazer ali. E ficou ainda pior ao ouvir a voz nervosa de Dulce, arranjando qualquer desculpa para sair da presença da sogra.

Chris: O que queria com ela?

Perguntou carrancudo, esperando a pior resposta possível. Se sua mãe tivesse ido ali criticar Dulce, ou até ele mesmo, ouviria muitas coisas dele.

Alexandra: Eu pensei que... (tragou a saliva) eu pensei que vocês estavam brigados...

Chris: E estávamos como lhe disse...mas já não estamos.

Alexandra: Humm...que bom. (logrando abrir um sorriso) Vejo que meu intento de interceder por você falhou, você se mostrou que sabe lidar sozinho com estas questões.

Chris: E com muitas outras, não só em isso.

Alexandra sorriu, assentindo regozijada pela valentia com que ele falava. Como estivera cega, meu Deus! Seu filho já era um homem, não o menino frágil no qual ela o tratou por quase vinte anos. Christopher franziu a testa, confuso pelas atitudes da mãe. Ela parecia tão perdida, tão carente, tão vulnerável...tão humana. Deu um passo a frente e a puxou pelos ombros, para posteriormente abraçá-la, sentindo que ela precisava disso. Alexandra se aferrou ao corpo do filho, emocionada. Por quê? Ela não sabia, somente sabia que sentia tanta falta de abraçá-lo. Sentia tanta necessidade de se mostrar arrependida pelo que fizera com ele no passado. Não queria nunca mais ver Christopher quando terminou com Dulce. Não poderia suportar o peso da culpa, teria que contar, precisava de seu perdão. Afastou-se dele, e elegantemente, enxugou os cantos dos olhos que estavam úmidos.

Teria que dizê-lo. Nem que isso lhe custasse o respeito de seu filho. Nem que lhe custasse o seu carinho. Necessitava livrar-se do peso da culpa.

Chris: A Senhora está bem?

Alexandra negou. E ele franziu a testa em preocupação, enxugou as lágrimas da mãe, se angustiando do sofrimento dela.

Chris: Me diga o que está acontecendo.

Dulce presenciou aquele momento. E por meio de intuição, ou qualquer força oculta, pressentiu que chegara a hora da verdade, por fim ela diria o que houve nessa sala há meses atrás. Suspirou, em dúvida se aquilo seria a melhor coisa a se fazer. Por um lado, seria bom Christopher saber o motivo real que fizera Dulce se afastar dele. Por outro lado, com certeza Christopher não seria nenhum pouco compreensivo com a mãe, por mais que ela estivesse mudada. Poderia até imaginar como ele a desprezaria depois que soubesse da verdade. E por mais que fosse o correto ele saber, não queria que ele sofresse com o que a mãe fizera no passado, nem ao menos queria que ele sofresse com o afastamento no presente, no fundo do coração, estava angustiada também pela mãe dele. Imaginava como seria ruim perder o carinho e o respeito do filho, por mais culpada que ela fosse. Não, não poderia deixar que aquilo acontecesse. O que estava no passado, ficaria lá. Não deixaria mais que esse passado interferisse no presente, nem que causasse mais dano a ninguém.

Dulce: Perdão por interromper um momento tão íntimo... (os dois voltaram à cabeça para vê-la, parada na entrada da cozinha) mas vim perguntar a Senhora, se gostaria de almoçar conosco...

Christopher arregalou os olhos diante a petição de Dulce, logo olhou para a mãe radiante. O que havia passado ali antes dele chegar? Sobre o que falaram? Por que sua mãe estava tão triste? Mil e uma perguntas pairavam ao mesmo tempo na cabeça dele. Porém estava tão excitado pelo tom de voz com que Dulce usou para falar com os dois, que não conseguia pensar em outra coisa. A mãe de Christopher viu nos olhos do filho, um brilho que há muito não vira, aquilo sim era felicidade, não tinha dúvida...as barreiras foram todas quebradas.

Alexandra: Você cozinhou? 

Perguntou com a expressão divertida, fazendo com que Dulce e Christopher rissem.

Alexandra: Espero não encontrar veneno de rato junto com a carne. 

Christopher explodiu em uma gargalhada gostosa, que fez Alexandra abrir um sorriso, enquanto era levada até Dulce.

Dulce: Veneno de rato não, mas já não pude evitar exagerar um pouco no laxante.

Dulce sorriu, ao ver a mulher e seu filho gargalharem ao seu encontro.

Alexandra: Essa menina cada vez ganha mais pontos comigo.

Dulce: Devo agradecer?

Alexandra: Não, eu que devo.

Dulce se enterneceu com o dito, e se ruborizou ao constatar como sua sogra apertava seu ombro. Tragou a saliva, ainda não acostumada com tudo aquilo que estava acontecendo, mas retribuiu-lhe com um sorriso, enquanto se virava para chegar até a cozinha.

Christopher sentia que sua alma havia escapado do corpo. De certo, não dava para explicar como estava se sentindo nesse presente momento. Somente conseguia rir, rir, sorrir, gargalhar diante essa nova situação. Quando sua mãe tocou o ombro de Dulce e a fitou com a expressão amistosa, sentiu um aperto no peito e uma vontade imensa de gritar, e se conteve somente ao perceber que estaria sendo ridículo se fizesse isso. Olhou para a sua mãe que passou na frente dele para ajudar Dulce a aprontar a mesa, lhe elogiando pelo que fez. Sentiu como sua respiração se tornou ofegante e seu coração disparou. Por fim, seu maior sonho estava sendo realizado. Suas rezas, preces e bênçãos foram realizadas. Tinha vontade de cair de joelhos na frente das duas e agradecer-lhes por tudo o que estavam fazendo por ele. Tinha vontade de se ajoelhar na frente das duas e chorar de agradecimento como nunca havia feito. Tinha vontade de ajoelhar-se na frente das duas, chorar com as mãos juntas por fazê-lo feliz. E ainda estava mais feliz por ver que aquilo não era falso, era sincero...tudo era verdadeiro, e o mais impressionante, ele estava ali para comprová-lo. Suas duas mulheres...sobre o mesmo teto, comportando-se como o que eram, sogra e nora, sem diferenças nenhuma. Compartilhando palavras amenas, compartilhando essa paz que reinava no ambiente.

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