Dulce que nessa hora vinha saindo, conseguiu ouvir quase tudo o que a mãe de Christopher. E se quando Dulce lhe falou mil e umas barbaridades ela ficou mal, agora ela estava muito pior. Dulce se sentiu mal por isso. Se sentiu mal por ela, por ele, por seu relacionamento... Respirou fundo, descendo o degrau para a varanda e colocou a mochila nas costas, desviando o olhar de onde Alexandra estava junto com sua mãe. O silêncio foi pesado quando passou pelas duas, mas mesmo assim não ousou dizer nenhuma palavra. Continuou andando para o celeiro, onde há qualquer momento Christopher poderia estar acordando, ou até mesmo, já acordado.

Elena: Papai... eu quelo a Rapunzel...

Christopher parou imediatamente de ler o roteiro de sua mais nova novela para ver sua filha, quem estava sentada brincando com uma casinha de bonecas que havia ganhado nos seus três anos de idade, completados na semana passada.

Chris: Quer quem, meu amor?

Elena ficou olhando-o com seus olhinhos amarronzados e logo depois olhou para sua boneca “Barbie Rapunzel” em seu colo. Com suas mãozinhas pegou a boneca pelas tranças e levantou-se para levá-la até seu pai que estava sentado no sofá. Deu a boneca a ele, quem ficou reparando nela com a testa franzida.

Chris: Quer que o papai brinque com você? (disse ele passando uma mão por seu cabelinho liso escuro, colocando-o atrás da orelha)
Elena: Alexandla...

Christopher franziu as sobrancelhas, fazendo com que seu óculos de grau escorregasse um pouco por seu nariz. Por que sua filha havia perguntado por sua mãe? O que Elena sabia dela?

Elena: Vovó Rapunzel...me disse que vinha hoje e que vai me trazer muitos chocolates...

Christopher encarou-a nos olhos um pouco incrédulo, mas logo lhe sorriu ao ver que a menina estava com muita expectativa sobre o encontro. Como a menina sabia de sua mãe? Alexandra nunca quis saber de sua neta, nunca quis nem ao menos vê-la nem sequer uma vez. Nunca esteve presente em nenhum momento na vida de sua menina, por não aprovar seu relacionamento com a mãe dela, com Dulce. As duas se odiavam a ferro e fogo, fazendo com que sua mãe também odiasse a sua pequena. E mais uma vez a vítima de todo essa intriga era ele, que teve que optar por uma das duas, e claro, optou por Dulce e Elena, quem agora eram sua família.

A pegou nos braços, colocando-a em seu colo.

Chris: Essa menina está muito gorda, se continuar assim você que terá que carregar o pai... (a menina sorriu, enquanto ele levava as mãos para a barriga dela, fazendo-lhe cócegas)
Elena: Papito, nãoooo...

Christopher começou a rir vendo-a se contorcer, a abraçou de uma vez deitando-a sobre seu peito. Era tão pequenininha ainda. Como o tempo passara rápido. Por Deus, parecia que fora ontem que a viu pela primeira vez no berçário, com uma roupinha amarela, dormindo placidamente seu soninho de recém-nascida. E sorriu ao constatar que seu pequeno “acidente”, era a melhor coisa que a vida lhe tinha dado.

Elena: Ela disse que vai me ensinar a fazer bolinho...e nós vamos fazer roupinha para Cassandra para eu dar a mamãe...Tia Iva disse que tenho que só fazer coisa boa, senão mamãe não me dá a boneca que faz xixi....

Christopher riu a escutar o que Ivalu disse a sua filha. Elena se desencostou do peito de Christopher, para vê-lo.

Elena: Agora eu quero o Fan e o Sapo...

Christopher riu outra vez. Elena pulou do colo do pai, correndo para frente da grande TV, e como já sabia ligar, a ligava e como via todo dia o DVD Tour Generación RBD, Christopher já o colocava em cima da mesa. E assim a menina pegou o controle e o DVD colocando-os nas mãos de Christopher, quem ainda estava intrigado com a repentina vinda de sua mãe na boca de sua filha... Mas mesmo assim lhe sorriu, levantando-se da poltrona para colocar aquele DVD pela milésima vez. E o pior que não estava enjoado, era muito engraçado ver como ela pulava e agitava as mãozinhas para o alto dançando a qualquer música que começava. E a propósito, o “Fan e o Sapo”, eram as músicas “Me he enamorado de un Fan” e a música “Baile del Sapo”, músicas essas famosas que tiveram o prazer de interpretar no primeiro DVD do RBD.

A menina ficava olhando para a TV com os olhos arregalados, esperando que a música começasse. E depois que afastou a mesinha de centro para que ela tivesse espaço para dançar, Christopher sentou-se no chão estirando as pernas, enquanto se recostava na poltrona. Deu play na música, e quando começou os toques a menina olhou para ele com os olhos arregalados e abriu um sorriso enorme como se aquilo fosse uma surpresa, e como todas as vezes que ela fazia essa carinha, ele ria batendo palmas para que ela começasse a dançar e pular.

http://www.youtube.com/watch?v=5jB5OWkNZ1g

“Cuando salgo a cantar
Te veo ahí
Me miras y yo
Me pongo a temblar”

Elena: Mami…(dizia ela apontando enquanto pulava e girava)

“Te salgo a buscar
Y nunca te encuentro
Siempre te vas y yo grito”

Christopher ria do jeito que sua filha dançava, deixava uma perna endurecida, enquanto a outra impulsionava fazendo-a pular. E então olhou para a tela suspirando. Quando se viu, gargalhou sozinho. Era um moleque comparado ao homem que era hoje. Haviam se passado cinco anos desde esse show e ainda podia lembrar-se de cada um de seus detalhes, poderia lembrar da excitação, do nervosismo, da ansiedade, de Dulce... com Poncho. Abriu um sorriso nostálgico... Quem diria que tudo disso poderia estar acontecendo hoje? Agora ele estava com Dulce, e tinham uma princesinha louca... Gargalhou quando Elena começou a cantar a parte dele de umas das músicas.

Elena: [...] Automático, sistemático, hidromatico... es Rebeldeeeeeeee! Papi, papi, papiiiiii... (correndo pra pular em cima dele)

Ele quis abraçá-la, mas ela o empurrou para ficar novamente em pé, começando a pular com a música. Christopher suspirou, não daria nem mais meia-hora para ela estar roncando em seus braços, esperando Dulce chegar.

Chris: Filha, não faz isso com a boneca...dê aqui, dê a boneca...

Elena agora tinha sua “barbie” na mão, quer dizer, rodava a boneca pelas tranças, sem parar de dançar. A menina nem piscava os olhos vendo a TV, estava totalmente vidrada na tela, nem ao menos ouviu o que ele lhe falou. Christopher virou o rosto para a mesma, vendo como Dulce dançava com alegria. Dava pra ver no sorriso dela que estava satisfeita com o que estava fazendo, e que estava imensamente feliz de estar ali, diante daquele público, ao lado de seu namorado... Depois daquele show, o namoro de Dulce com Poncho tinha os dias contados. Sorriu. Ainda bem, porque se assim não fosse, ela nunca teria conhecido Memo. Memo nunca teria desconfiado dela com ele e assim provocado aquele incidente que os aproximou...e que os transformou em tudo o que eram hoje. Se sentia feliz com isso, por mais que a banda não existisse mais, todos estavam felizes por tudo o que conseguiram através dela.

http://www.youtube.com/watch?v=9T5q3fOfirk

Elena: Sapo, Sapo...! (gritando)

Apontou a garotinha quando a música “Baile del Sapo” começou a tocar. Christopher bateu palmas, fazendo-a pular, enquanto jogava a barbie pra cima. Christopher se projetou para frente alcançando a boneca antes que ela caísse no chão. A guardou em cima da mesinha. Voltou a prestar atenção e deu boas gargalhadas ao ver a coreografia da música. Não evitou começou a mexer os pés ao ritmo da música.

Dulce: Que bagunça é essa?

Christopher e Elena viraram a cabeça na mesma hora que a música acabava, para dar de cara com Dulce sorrindo, vindo até eles, jogando a bolsa de lado, enquanto gargalhava vendo cantando a última música do Medley Um, Me Vale, com aquele cabelo arrepiado de gel e àquela roupa horrorosa. Ele somente deu os ombros com um sorrisinho na boca.

Dulce: Que é isso? Sessão Flashback? (perguntou ela ao se abaixar para abraçar a filha que vinha correndo com esse intuito)

Dulce grunhiu ao abraçar sua filha. A levantou em seus braços, fazendo a menina abraçar sua barriga com as pernas, enquanto deitava a cabeça em seu ombro. Passou a mão no cabelo dela e beijou seu pescoço, que por sinal estava suado de tanto pular. Dulce sentou-se na poltrona com a filha ainda agarrada a seu corpo. Era sempre assim quando Dulce chegava à noite, só soltava a mãe quando tinha que dormir. E Dulce gostava, na verdade, chegava em casa na ansiedade de vê-la, de receber seu abraço. Às vezes não suportava sair para trabalhar e deixá-la sozinha com Dolores.

Chris: Como foi hoje sem mim?
Dulce: Pois...uma correria como sempre.

Ela sorriu se abaixando um pouco para que ele lhe desse um beijo. A menina também reclamou um beijo na boca do pai, e Christopher lhe deu um beijinho enquanto os dois sorriam.

Dulce: E como esteve a pré-estréia depois que saí?
Chris: Como você viu...foi ótimo. Todos foram, graças a Deus.

Dulce abriu um sorriso, contente de ter visto seus amigos de banda mais uma vez.

Dulce: Deu muitos autógrafos?
Chris: Minha mão dói...não tem noção. (Dulce riu compreensiva) Depois que você saiu, ainda ficamos lá até seis da noite.
Dulce: Raul quase não deixou eu sair, tive que chegar para ele e dizer: “Olha, hoje é pré-estréia do filme do meu marido, vou sair e pronto!”
Chris: Tem que ser assim mesmo, cuidando para não perder emprego, querida! (sorrindo) Mas me diga... o que achou do filme?
Dulce: Uma beleza! A história é ótima...tenho certeza de que vai ser um sucesso. (apertando o ombro dele com uma mão) O elenco está ótimo, mas óbvio você é o melhor. (ele riu comprazido)
Chris: Teve algo de que não gostou?
Dulce: E você ainda pergunta?! (arregalou os olhos, contrariada)

Christopher jogou a cabeça para trás gargalhando, sabendo que Dulce se referia a cena de amor que havia gravado no filme com ninguém mais e ninguém menos do que Belinda, sua ex-namorada.

Dulce: E não digo pela cena, nem por vê-la agarrando a tua língua entre os dentes, nem por ter te visto passando a mão pelos peitos dela... Mas por Deus! Um dia desses, ela era quase a Virgem de Guadalupe em pessoa e agora... fazendo cena como aquela! Foi um baque para todos os mexicanos. (perplexa)

Chris: Dulce, ela é uma profissional assim como eu. Sobre o que ela faz ou não em sua vida pessoal não é problema nosso.
Dulce: Sim, ok. Mas me impressionou! Além de coincidirmos em ter o mesmo namorado, o mesmo papel, ainda coincidimos com o mesmo “cabrón” que nos f...

Dulce se calou, enquanto ria relacionando o papel de prostituta que Belinda fazia com Christopher no filme, assim como ela mesma fazia o papel de uma prostituta numa novela, e que pela segunda vez consecutiva e para sua alegria estava trabalhando por segunda vez sendo par romântico dele, e os dois sendo protagonistas outra vez.

Chris: Ainda não passou nada conosco na novela...
Dulce: E quero que demore ainda muito tempo! A publicidade dessa cena já está acontecendo. Tem revista que já publicou a cena inteira... E o pior, como eu tenho um papel de uma... (aclarou a garganta, olhando para baixo) você sabe o que, nossa cena vai ser muito quente...
Chris: E qual é o problema nisso? (sorrindo)
Dulce: Bom, nunca fiz um papel desses antes...e nem ao menos fiz uma cena assim com você. Bom...pra todo mundo ver. (ele riu da cara dela)
Chris: Melhor ainda, porque sou seu marido.
Dulce: Mesmo assim espero que demore...
Chris: E quanto mais demora, mas você se agarra com outros, não? Porque só pelo que eu sei, foram cinco... (arregalando os olhos por trás dos óculos de grau, fazendo-a gargalhar) Ainda bem que essa novela passa tarde, não quero que minha filha veja a mamãe dela com outro.

E então Dulce percebeu que Elena estava muito quieta, baixou o rosto para a menina e sorriu ao vê-la dormir. Christopher ao perceber, baixou o volume da TV, e Dulce levantou-se com ela, quem nem ao menos se mexia.