Ela se segurou na cadeira apreensiva e temerosa. Agora ela havia explodido de vez e estava gritando com tanta fúria que dava para ouvir desde o interior da casa.

Chris: POR DEUS! (se levantando) SEMPRE FEZ QUESTÃO DE ME INSULTAR, DE ME CRITICAR, DE ME COLOCAR PRA BAIXO! POR DEUS! DÉBIL MENTAL! (gritou com ênfase) SOU UM DÉBIL MENTAL! (andando de um lado para o outro) IDIOTA, BURRO, FRACO, INFLUENCIÁVEL, INÚTIL...! É ISSO QUE SOU PRA SENHORA! AHHH...É UM DÉBIL MENTAL TAMBÉM!
Alexandra: Pare de gritar, por favor...

Christopher andou de um lado para o outro, mordeu a mão tentando aplacar um pouco a fúria que só fazia crescer. Sua respiração estava mais escassa, seu coração batia mais e mais rápido fazendo com que seus hormônios revolverem em seu corpo. Estava com a adrenalina a mil, e não conseguia raciocinar...somente queria feri-la, do jeito que ela sempre fizera com ele.

Chris: E sabe que? (virando-se para ela, e só de encará-la nos olhos, sentiu como seu sangue fervia) JÁ QUE EU FUI A MAIOR DECEPÇÃO DA SUA VIDA, A SENHORA TAMBÉM FOI A MINHA! POR ISSO ESTAMOS QUITES!
Alexandra: Por favor... (se desmanchando em lágrimas) não diga isso! Você é a pessoa que mais amo na vida! (se levantando para encará-lo) Por favor, não se afaste de mim! Não deixe que a raiva nos afaste, meu amor! (desesperada)

Alexandra tentou abraçá-lo, mas ele a afastou de si como se ela fosse queimá-lo.

Chris: Eu não confio mais na Senhora!

Ela tentou se aproximar de novo e ele a repudiou mais uma vez. E a viu desabar em choro.

Chris: A Senhora não entende?!

Christopher sentiu como o nó em sua garganta se fechava ainda mais, enquanto as lágrimas não-derramadas lhe empanavam os olhos. Não por vê-la assim, mas por lembrar de como tudo poderia ter sido diferente.

Chris: Não entende como foi ter passado por tudo aquilo sozinho! (fungou) Eu precisei de você...e a Senhora me falhou! (franzindo a testa para conter as lágrimas) Me falhou em tudo! E tudo o que eu precisava era de você ao meu lado!
Alexandra: Eu errei, Christopher! Eu sei! Mas quero me redimir! Quero participar de sua vida, quero ser uma mãe melhor, quero estar a seu lado para o que der e vier! (chorando) Sei que é pode ser tarde para isso, mas eu quero tentar!

Ele balançou a cabeça negativamente e passou a manga na camisa nos olhos, enquanto suspirava para descongestionar sua garganta.

Chris: Agora é tarde demais... (suspirou) Isso foi sempre o que mais quis esse ano. Foi que a Senhora fizesse parte da minha vida, que a Senhora me aconselhasse e que conversasse comigo... (passou a mão no cabelo) Tudo eu tive que aprender sozinho! A Senhora não tem idéia do quanto eu fiquei assustado ao me deparar pela primeira vez na vida... tão apaixonado assim por uma mulher... (a olhou de soslaio) Eu precisava tanto de um conselho... ou pelo menos uma palavra amiga, um apoio... que nunca existiu de sua parte. Tudo o que saia da sua boca eram criticas, criticas, ameaças...histerias... E eu precisava só de um pouco de compreensão, mamãe... (com a testa franzida) Agora não há nada mais a se fazer. Já aprendi tudo o que deveria aprender. Não preciso mais de seus conselhos, nem de suas palavras amigas, e, muito menos de suas críticas e mentiras...

Ele foi saindo e ele se agarrou às costas dele, no intento de impedi-lo.

Alexandra: Não vou deixar você nunca... (abraçando-o pelo torso) Eu te amo! Eu dou minha vida por você! Me dá uma chance, filho, por favor... estou te suplicando. Eu vou morrer se não estiver comigo! Não posso viver com o seu desprezo...

Christopher fechou os olhos e pendeu a cabeça para trás, deixando que o sol lhe cobrisse o rosto. Suspirou e tirou os braços dela de si... Aquelas palavras o haviam atingido. Ele também não seria feliz sem ela. Ela era sua mãe, e apesar de todos os erros, ele a amava... a amava do jeito que era, a amava simplesmente por amar... E aquilo era muito maior que seu orgulho e que sua raiva. Mas, inegavelmente, tudo não poderia se resolver de um dia para o outro. Alexandra havia destroçado a confiança que ele mantinha nela...e àquela confiança, nunca mais se restauraria.

Chris: Eu achei que eu era impotente... (disse ele olhando para sua mãe, que ainda estava destroçada)

Ele riu com escárnio.

Chris: Além de um débil mental...eu era impotente...

Alexandra franziu a testa sem entender o que ele estava dizendo, vendo-o gargalhar.

Chris: Foi nisso que me transformou, mamãe. Foi isso no que transformou minha relação com Dulce! Me transformou em um nada sem ela... (rindo) Nós fizemos sua vontade... nos separamos, nos gritamos, nos insultamos, destruímos a confiança que tínhamos um no outro...choramos, sofremos...todo esse tempo, por sua causa. (continuou rindo com sarcasmo) Você ganhou, não? Pois parabéns! (começou a bater palmas) Conseguiu que minha relação com Dulce fosse um fiasco desde o começo até o fim. Mas então... (franziu a testa pensativo) por que eu e Dulce estamos juntos hoje? Eu, particularmente, não sei... (sarcástico) Mas algum motivo deve ter, não?!
Alexandra: PÁRA COM ISSO!
Chris: Parar? E por quê? A Senhor se dói com tudo o que eu estou dizendo? (ele riu) Que lástima...mas isso é a mais pura verdade! A Senhora conseguiu me destruir, me humilhar...como homem, como ser humano... Mas Dulce não deixou! Dulce me ama e fez de tudo para me ver feliz, ao contrário do que sempre fez...sempre para me depreciar, para zombar de mim, para me manipular.

Alexandra sentiu aquilo como um cuspe na cara. Suas mãos se volviam cada vez mais trêmulas e sua cabeça rodava como se o oxigênio de seu corpo, não subisse para o seu cérebro.

Chris: E vou lhe dizer uma coisa. Não foi culpa de Dulce por eu ter me afastado da Senhora...a única culpada dessa história é você! (apontando para ela) Você que mentiu para que Dulce me largasse, você que nos fez sofrer, que nos fez chorar...que nos afastou. Me afastou daquilo que eu mais amava, daquilo que mais me fazia feliz! Destruiu tudo o que eu e ela tínhamos! E tudo isso pra quê? Me diz, pra quê? Qual o motivo para esse ódio? O que ela lhe fez? O que eu lhe fiz?

Alexandra tragou a saliva e sentou-se outra vez. As pernas já conseguiam sustentá-la. Ele apenas seguia mirando-a com rancor.