Chris: Não gosto de estar assim o tempo todo... Me envergonha!

Dulce riu ainda mais.

Chris: É demais para eu encostar em ti...assim...e não sentir nada... (fechou os olhos encostando o queixo na cabeça dela) Mas vai passar... (suspirando) Já passa...

Dulce franziu a testa, acomodando a cabeça na curva de seu pescoço.

Chris: Vamos falar de coisas broxantes...

Dulce gargalhou.

Dulce: Sobre o que, no caso? (roçando os lábios em seu pescoço)
Chris (nervoso): É... (aclarou a garganta) O que vamos fazer depois?
Dulce: Hummm... (rindo)

Christopher arregalou os olhos ao sentir os dedos dela em sua nuca, enquanto a ponta de sua língua resvalava por sua garganta.

Chris: Dulce, por favor... (apertando os olhos, repreendendo-a, e repreendendo-se por sentir como seu coração disparava) Nós poderíamos andar um pouco a cavalo... Não SEI...

Ele alçou o volume de sua voz ao sentir como as mãos dela baixaram de seu pescoço, até agarrem com força as suas nádegas. Ele quis se afastar antes que fosse tarde demais. A segurou pelos ombros e a afastou de si, sentindo como seu corpo começava a se colocar a prova do que ela estava fazendo. A empurrou para o lado e mudou a temperatura do chuveiro. Caindo embaixo. Dulce começou a gargalhar, quando ele ficou de costas para si.

Chris: Queria ver se você faria uma coisa dessa se estivéssemos em outro lugar...
Dulce: Eu já fiz, não se lembra?
Chris: Quando?
Dulce: Bem pertinho daqui...

Dulce saiu do boxe e pegou uma toalha para se secar.

Dulce: Lembra da última vez que viemos aqui...onde você enterrou seus filhos...(se secando nos braços, com um sorriso no rosto)

E riu ao escutar a gargalhada dele.

Chris: Aquele dia! Como esquecer? (rindo) Dulce Maria andando com preservativos nos peitos... Não, não! Essa merecia uma matéria! (gargalhando)
Dulce: Muito engraçado... (séria) Quando eu te deixar na mão, não venha reclamar! (enrolou a toalha na altura dos seios e se encaminhou para a pia)

Pegou sua escova de dentes, passou pasta e começou a escovar seus dentes. Enquanto Christopher cantarolava uma música qualquer enquanto se banhava. Dulce ria à mudança de timbre dele, de grave a aguda... E olhava sua silhueta pelo espelho, vendo que ele dançava e pulava.

Era um homem com alma de garoto. Voz de homem e atitudes de garoto. Esse era Christopher... O homem que queria. Com ele sua vida seria muito divertida, sem dúvida. Vivendo com ele sua vida nunca seria monótona. Seriam dias de muito carinho, de noites ardentes e amanheceres risonhos.

Olhou pelo espelho...

Ainda se questionava de não ser merecedora disso tudo. Seu passado com ele fora tão conturbado. Tudo fora tão difícil. Será que o futuro seria também? Dulce apertou os olhos, não querendo mais pensar nisso. Sabia que só sofreria com essa paranóia. Precisava viver o momento... Precisava querer o momento... Precisava só pensar no mommento... Não queria sentir medo, não queria nem pensar no medo. Christopher a amava... Havia lhe dito de todas as formas possíveis. Ela também o amava. Havia lhe demonstrado de todas as formas possíveis.

Então por que não apostar nessa relação?

Já não havia como esconder. Todos já sabiam. Sofreram como condenados esse último mês pelo assédio, pelas criticas, pelas diversas opiniões...mas com certeza esse sofrimento não chegou aos pés, do sofrimento de não estar juntos...de passar por tudo aquilo ali...completamente sozinhos.

Se era para sofrer...muito melhor sofrer junto. Abriu os olhos e deu um sorriso com a escova ainda dentro da boca.

“Viva a cada dia como se fosse o último.”

Sim, era o que faria. Poderiam tachá-la de louca, de muitas coisas... Mas viveria sua vida intensamente...com Christopher a seu lado. Já perdera muito tempo se importando com o que os outros falariam. Agora havia chegado a hora de se importar com o que ela pensaria! Com o que ela viveria! Com o que sonharia! Com o que ela amaria!

O barulho da porta de vidro se abrindo, fez com que Dulce acordasse de seus pensamentos. Abaixou a cabeça para lavar a boca e cuspiu a água fora. Lavou sua escova de dente e colocou-a no mesmo lugar em que estava. Olhou pelo espelho e o viu envolver a toalha em sua cintura... Sorriu quando ele colocou os cabelos molhados para trás, e ficou como boba olhando aquele corpo másculo, aquele rosto perfeito... E se deu conta de que queria senti-lo. E se deu conta de que a cada gota d’água que deslizava em seu corpo, fazia como que seu ventre se revolvesse.

Chris: Você tem uma escova reserva aqui?

Dulce tragou a saliva, não conseguindo desviar o olhar das gotículas de água que rodavam pelo seu corpo. Fechou a boca de uma vez, com medo de que sua língua voasse para enxugar aquelas gotas.

Dulce: Não vai se enxugar? (acompanhando a trajetória de uma gota que deslizou de sua garganta, até deslizar em sua toalha)
Chris: Não...hoje faz calor... Acabei de sair de um banho relativamente gelado, e estou suando.

Dulce tragou a saliva mais uma vez, apertando sua mão na toalha com força, até que seus dedos se volveram brancos. Bufou de uma vez e saiu do banheiro.

Chris: Ei...

Mas ela já tinha saído. Christopher coçou a cabeça. O que houve? Bom, nem idéia. Vasculhou a pia de Dulce encontrou uma escova de dente novinha. Era rosa e de ursinho, franziu a testa e fez uma careta... Aaaahhh, só uma vez não mataria ninguém. Passou pasta, e começou a se escovar...

Dulce no quarto dava voltas, ainda apertando a toalha entre seus dedos. Lutava contra ter que tomar a iniciativa e não tomá-la. Lutava entre o certo e o errado. Era tão errado assim fazer amor com a pessoa que você ama na casa de seus pais? Por que teria que ser errado justo agora que ela queria? Revirou os olhos, contrariada. E cobriu o rosto com as mãos.

Chris: Que passa, Dulce?

Ela descobriu o rosto e olhou para ele séria.

Christopher franziu a testa. Ela estava diferente. Mais ruborizada do que o normal, mordia o lábio com a impaciência de sempre, como quisesse pedir algo.

Chris: Você está bem?

Ela negou com a cabeça. Ele franziu a testa e foi se aproximando dela. Dulce desviou-se de seu caminho, e lhe dando as costas disse:

Dulce: Quero que você saia...
Chris: Que? (surpreso)
Dulce: Sim! Quero que saia daqui.

Olhou para ele suplicante.

Chris: E por quê?
Dulce: Porque... (suspirou, fechando os olhos para não vê-lo) eu estou fragilizada...

Christopher não entendeu muito bem.

Chris: E por que, meu amor? O que eu fiz pra te deixar assim?

Dulce não se agüentou e riu da cara dele.