Chris: Você gosta...quando chegamos de uma viagem e temos que nos separar? Você gosta...quando temos dias livres e nos afastamos? Se você gosta disso... eu não gosto. Meu amor por você chegou em um estágio que necessito te ter ao meu lado 24 horas por dia. (Dulce riu divertida) Estou falando sério Dulce!

Ela desfez o sorriso imediatamente.

Chris: Você acha que eu brincaria com uma coisa dessas?
Dulce: Não, mas... Morar juntos? Casamento? Você não acha...
Chris: Que somos muitos novos pra isso?

Completou ele por ela, e logo depois suspirou pesadamente e se afastou suavemente de seu corpo. Rodou para o lado e ficou de barriga para cima, sem nem ao menos tocar nela.

Dulce: Mas isso é a verdade, somos novos pra assumir esse tipo de relacionamento tão sério.
Chris: Se eu dissesse que estou disposto a ser sério você não acreditaria em mim. Eu levo a sério isso o que temos aqui, Dulce. Mas acho que você não chega a tanto como eu.

Dulce franziu a testa com consternação.

Chris: Você fala como se não tivesse certeza do que sente por mim... (suspirou) Como antes.
Dulce: Isso não tem nada a ver, Christopher. Sei muito bem que te amo, e tenho plena certeza disso. Só não sei se estaremos fazendo a coisa certa em casarmos. Isso não é uma coisa que se tome de uma hora para outra. Precisa ser muito bem planejado.
Chris: Pois comecemos agora. Quem vai se mudar... Eu ou você?

Dulce arregalou os olhos e se ergueu, se apoiando em um dos cotovelos para conseguir ver-lhe a cara.

Chris: Se for você, amanhã mesmo eu vou mandar um caminhão para pegar suas coisas. É só você falar com Dolores que...
Dulce: Christopher... (ele a olhou e se calou) Eu não vou me mudar!

Ele ficou calado, ainda a encarando por alguns instantes. E logo desviou o olhar para o outro lado e suspirou com chateação. Sentou-se na cama e levantou-se de uma vez, caminhando para o banheiro sem dar nenhuma palavra.

Dulce ficou olhando-o sair assim e sorriu com incredulidade ao perceber que ele estava com raiva disso. Casamento em uma hora dessas não daria certo. Seria mais uma pressão para suas coleções. Dulce tinha certeza disso. O melhor era esperar essa poeira baixar e pensar nisso depois. Talvez depois de alguns anos. Talvez no fim da banda...

Tragou a saliva se sentindo mal por tais pensamentos. Quando a banda acabasse, com certeza a metade da vida dela também estaria sendo enterrada no mesmo túmulo. Esse projeto lhe trouxera tudo de bom. Levantara-lhe a auto-estima caída na época em que participou do grupo Jeans. Fizera com que ela se encontrasse e que se sentisse bem com aquilo o que fazia. Trouxera admiração, orgulho e principalmente o amor. O amor de seus fãs, o amor de Christopher... Algumas coisas ruins, como sempre. Mas estas se quedam mitigadas ao serem comparadas às boas.

Sentou-se também na cama, um pouco atordoada. Que, em total uso de suas faculdades mentais, diria não a um pedido de casamento de Christopher? Tragou a saliva. Nenhuma. Então o que? Ela era louca? Franziu a testa e suspirou, apanhando sua toalha no chão. Embora ele não tenha feito uma proposição como se deve, foi algo tão espontâneo que a encheu de ternura e de incredulidade também. Nunca imaginou na vida que um dia um homem faria isso por ela. E ele o fizera. Tragou a saliva mais uma vez, vendo-o sair do banheiro um pouco molhado e, ainda, totalmente nu. O viu estender a mão à toalha que estava no chão e o viu enxugar-se, como se não houvesse ninguém ali em sua companhia.

Chris: Melhor desligar a droga desse som. E ainda nem sei como ele ligou sozinho...sua casa é mal assombrada por acaso?

Dulce riu, olhando para o chão.

Dulce: Não...mas também não sei como o controle caiu da mesinha de noite.

Christopher a olhou pensativo.

Chris: Eu acho que posso imaginar o momento em que ele caiu...(com um meio sorriso no rosto)

Dulce riu por baixo e se enrolou na toalha, levantando-se também. Ela desligou o som e deixou o controle em cima da mesa. Foi andando para o banheiro, mas Christopher a puxou para si antes que ela passasse pela porta. A abraçou por trás e lhe beijou o pescoço sonoramente.

Chris: Te amo, Naca... (suspirou contra seu ouvido) E por mais que me doa o fato de que não deseja minha presença do mesmo jeito que eu desejo a sua...vou lhe respeitar. Vou te dar mais esse tempo. Mas te digo, não vai ser fácil...

Dulce virou-se para ele e o rodeou o pescoço com os braços.

Dulce: Eu não disse isso. Não ponha palavras em minha boca, niño... (apertando os lábios dele entre os dedos) Eu desejo sua companhia tanto quanto você a minha. Mas não podemos decidir uma coisa séria dessas de uma hora para outra.
Chris: Tudo bem... (roçando os lábios com os dela) Mas não vou desistir. Quero lhe dar meu sobrenome...(rindo)

Dulce gargalhou alto.

Blanca: Dulce?

Dulce se calou na mesma hora, e os dela se arregalaram, assim como os de Christopher. Blanca estava do outro lado da porta.

Chris: É sina ou o que? (sussurrando no ouvido dela)

Dulce riu baixinho e se separou dele.

Dulce: Oi mãe...(falando um pouco alto)
Alexandra: Sua mãe entrou no quarto, mas queria te perguntar se Christopher passou por aí?

Ela tragou a saliva, agora ficou nervosa por ouvir a voz de Alexandra. Olhou para Christopher que ria, como se aquilo não fosse nada demais. Mas para ela, era sim, e muita coisa. Ainda ficava nervosa na presença de Alexandra. Não sabia qual tom de voz usar ao falar com ela. Não sabia as palavras a dizer a ela. Ainda era tudo muito confuso. E fez um esforço sobrenatural para não gaguejar.

Dulce: Ele...(tragou a saliva) Não, não passou.
Alexandra: Humm...tudo bem então. Só quero que me faça o favor de avisá-lo que vou passear com Blanca no bosque, e que na hora do almoço estarei aqui. Ok? Ahhh...e que Luis e Fernando já voltaram da cavalgada.
Dulce: Tudo bem, pode deixar... Eu o aviso. (com os olhos arregalados)
Alexandra: Obrigada. E tenha um bom dia.

Era impressão dela ou Alexandra havia avisado, de propósito, que seu pai chegara do passeio? Humm. Não tinha a mínima idéia, mas isso a havia ajudado. Pelo menos não seriam pegos de surpresa. Os dois trocaram olhares. E logo depois Dulce entrou no banheiro e ele a seguiu.

Chris: Você acha que ela se deu conta?
Dulce: Não sei, só saberemos quando a virmos.
Chris: E se a resposta é sim?
Dulce: Contanto que ela não conte ao meu pai... Tudo bem.
Chris: Fomos silenciosos, não?
Dulce: Mais do que o permitido... (rindo)
Chris: É, tem horas que não dá para controlar.
Dulce: É melhor você ir... Meu pai chegou, e não que ele sonhe nem que você chegou perto da porta do meu quarto.
Chris: Ele pensa que você ainda é...?

Ela o olhou pelo espelho com uma risada gostosa.

Dulce: Claro que pensa!
Chris: Sim, tem razão então para me querer fora daqui. (tragando a saliva)

Ele inclinou o rosto para ela e Dulce lhe deu um rápido beijinho. Christopher sorriu e saiu correndo para o quarto. Dulce tirou a toalha e entrou no boxe outra vez. Mas se assustou quando Christopher abriu a porta de vidro, já com a calça posta e lhe disse:

Chris: Espero que as próximas vezes sejam tão boas como foram hoje. (ele riu) Vou te esperar na piscina...e como só estamos em família, não precisa colocar um biquíni muito curto... Seu pai não vai gostar!
Dulce: Só meu pai, né?

Dulce gargalhou e ele riu, fechando novamente a porta. Dulce ouviu o barulho da porta se fechar e começou seu banho. Que não demorou muito por sinal. Sorriu penteando os cabelos na frente do espelho, lembrando-se das coisas de Christopher.

“Hora de tomar pílula, hora de tomar a pílula...´se você não tomar, depois de nove meses você vai ver no que é que dar!”

Dulce arregalou os olhos e, imediatamente, deixou o pente na pia e saiu correndo de volta ao quarto. A gravação no celular com sua própria voz ainda soava no quarto. Havia esquecido completamente do remédio! Agarrou sua bolsa que estava em cima de uma mesa e a abriu com rapidez, extraindo a cartela de medicamentos contraceptivos que ingeria todo dia, no mesmo horário rigorosamente. Tirou a cartela da embalagem e a virou para que pudesse extrair o comprimido. Estava quase vazia. Que dia era aquele? Sábado. Achou o comprimido correspondente a este dia e foi extraindo o comprimido... De repente parou para pensar ao ver algo errado... Se hoje era sábado, por que diabos o de sexta ainda estava ali?!