Claudia: Odeio ser estraga-prazeres...mas a senhora não pode se permitir...

O que Claudia falou, atraiu a atenção e o olhar de todos. Ela sentou-se na beirada da cadeira e olhou para sua mãe que franzia a testa.

Claudia: Ainda está tomando antibiótico...por causa do joelho, álcool vai tirar o efeito...
Blanca: Ayy meu amor, acabei ontem os medicamentos! (rindo) Por fim, estou livre dessa prisão!
Dulce: Menos das cicatrizes, sim?
Blanca: Essas eu não consegui... (suspirou olhando a Dulce) Mas acabou, vou me lembrar pra sempre, porque enfim...quase morri...(rindo)

Blanca e Alexandra sentaram-se em outras cadeiras que lá existiam.

Dulce: É, mas não gosto de falar disso... O que importa é que tudo já passou e que a Senhora está aqui hoje, quase recuperada, para contar a história...

Blanca riu. Não estava cem por cento recuperada. Ainda tinha que andar com auxilio ou de muletas ou de uma bengala. O médico havia lhe dito que talvez nunca mais voltasse a andar como antes, mas se fizesse diariamente sua fisioterapia teria boas chances de recuperar a velha forma. E Dulce não havia nem pestanejado, ela mesma foi atrás de um fisioterapeuta para sua mãe, e trouxe um dos melhores e mais caros também. E junto à força de vontade de Blanca com a experiência do fisioterapeuta, o resultado estava sendo extraordinário.

Depois de algum tempo, Fernando e Luis também se juntaram ao grupo. E aquilo fez com que Christopher se calasse. O fato de ver sua família no meio da família de Dulce calou até sua alma. Mas não por tristeza, e sim, imensamente, pelo contrário. Era como se aquela cena fosse irreal aos seus olhos. Várias vezes já havia imaginado isso, mas nunca pensou que a realidade ainda fosse melhor. Obviamente, com a exceção da brigas. Ele riu por baixo. Isso era uma coisa a se acostumar ainda. Pois haveriam muitas mais adiante. Mas aquele momento em si, ressalvou o que ele sentia por Dulce, e o que imaginava com ela... E, obviamente, como seguiria com ela.

Viu Alexandra sorrir das coisas que o pai de Dulce dizia... e não evitou rir também. Dulce parecia totalmente relaxada no meio de todos, ao contrário dele, que estava com medo de falar algo que acabasse com aquela magia. Porém, à medida de copos que passava por sua mão, era como se a cada gole ele perdesse o medo e receio de que aquilo acabasse algum dia.

Dulce levantou-se para sentar-se ao lado da mãe, Alexandra e Claudia, deixando os homens conversando coisas de homens.

Blanca: Orale... a rodada da tequila começou.
Dulce: Quero ver quem vai cair primeiro... (suspirou, ao olhar para a cena dos quatro homens entornando um copinho de tequila)
Alexandra: Se Christopher já fez isso...então, é porque ele já esteve bêbado aqui? (as outras três riram)
Claudia: Ihhh Dona Alê... nem imagina o quanto. (rindo)
Alexandra: Ayy que vergonha, ela deu muito trabalho?
Blanca: A mim não, mas a namoradinha dele eu já não sei...

Dulce riu por baixo, evitando subir a mirada que estava enfocada em seus dedos. Agora era a hora de falar com Alexandra... Discretamente, respirou fundo e foi subindo seu olhar devagar. Tomou um gole da bebida de Claudia que estava em suas mãos e riu para a Senhora Loira.

Dulce: Que nada... (suspirou) foi uma diversão...minha mãe bolava de rir dele e meu pai juntos.
Alexandra: Ahh sim... (suspirou) Estava com medo de que ele tivesse feito alguma coisa errada.
Dulce: Ele nunca faz nada de errado.

Alexandra abriu um sorriso, enquanto levava o copo até sua boca. Dulce virou o olhar para Christopher, quem a estava observando e sorriu. E essa pequena conversação entre as duas, se tornou cada vez mais freqüente. Alexandra lhe perguntava isso ou aquilo, e Dulce lhe respondia com cortesia e educação, às vezes um sorriso era agregado a uma resposta, fazendo com que Alexandra deixasse o receio de lado e fizesse com que Dulce também se soltasse.

A mãe de Christopher cuidou muito bem das palavras que proferiu, assim como Dulce também. Blanca e Claudia sentiam a pressão que pairava no ar e faziam todos os intentos de apaziguar ainda mais aquilo. Dulce percebeu a receptividade nas duas para com a mãe de Christopher, e também sentiu vontade de estar relaxada daquele jeito. Mas a trava não foi do todo quebrada, faltava uma parte essencial. Faltava uma conversa que tinha que acontecer... em um momento ou outro...

Por enquanto somente ria e sentia realizada, ao ver como Christopher levava seu sobrinho para a piscina. Tragou a saliva pela emoção, e se limitou a suspirar. Sem dúvida era um homem maravilhoso, seria um pai maravilhoso... Mas será que seria um marido maravilhoso? Bom, não tinha idéia... Porém, com certeza Christopher era um namorado maravilhoso. Era como se nunca tivesse namorado antes em sua vida. Nunca nenhum homem a fez sentir-se do jeito que ele o fazia. Não sabia como explicar... Não sabia como classificar cada um dos sentimentos que ele lhe despertava, mas sabia que o conjunto deles, era o amor. Dulce o amava por isso... por ele ter quebrados as barreiras do seu coração, deixado-o novinho em folha e pronto para amar...

Havia reduzido a nada sua experiência com outros homens. Por certo, fazia com que a lembrança dos outros...evaporassem como se nunca tivessem existido. Queria esse homem. Por Deus, queria esse homem! Tinha idéia de como viver com Christopher abalaria as estruturas, tanto de sua família como da própria família dele. Mas não conseguia evitar o desejo de ser, inteiramente e oficialmente, a mulher dele.

Há dois dias atrás, havia sonhado desperta com casamento... Há dois meses atrás, quando estava de bobeira na internet, depois de um show... ficara vendo vestidos de noiva. E ela sabia que seu subconsciente queria isso mais que tudo. Tanto a festa dos seus sonhos, como o homem dos seus sonhos...fossem verdadeiramente seus. Era engraçado...tinha tudo isso nas mãos, mas sua consciência teimava em lhe dizer que não era permitido. Tinha dinheiro, tinha o homem... Ele queria, tudo estava favorável...e no final ela não se animava. Tinha medo das conseqüências. Tinha medo de que aquilo interferisse em seu trabalho, uma das coisas mais importantes de sua vida. Tinha medo de tudo o que ameaçava sua estada no RBD. E, infelizmente, se casar COM ELE... seria uma delas.

Bebeu um pouco para aplacar a frustração. Mas esqueceu um pouco ao virar-se para sua mãe, irmã e sogra para entabular outra conversação. Nada referente à RBD, nem mundo de famosos... Blanca não se permitia conversar sobre RBD quando Dulce estava ali, sempre dava o tempo dela, se ela quisesse falar alguma coisa, seria ouvida e só aí daria sua opinião. No mais, quando Dulce estava em casa, deixava de ser a Dulce María famosa, para ser a Dulce filha, uma mulher normal como todas as outras.

Christopher estava brincando com Enrico dentro da piscina. Jogava o garoto para cima e o pegava nos braços antes de ele submergir. Enrico gargalhava, gostando da brincadeira. E quando Christopher fazia menção de parar, o menino pedia que ele continuasse. Apesar da pouca idade, era impressionante como ele conseguia se manter na superfície da água sem a ajuda de ninguém. Mexia os bracinhos e os pés ritmicamente, como se soubesse que aquilo o manteria na superfície. Enrico era um menino muito simpático e inteligente, e se sentiu estranho ao se ver tão ligado a uma criança. O segurou nos braços e Enrico o abraçou para empurrá-lo na piscina.

Aquilo era diferente. Crianças gostavam de vê-lo cantando, atuando... Havia situações em que estavam muito perto de crianças. Mas ele não tinha jeito com elas. Não sabia como tratá-las, ou o que dizer a elas. Sempre fora o mais retraído do grupo com as crianças. Dulce também era um pouco, mas pelo fato de ela ser mulher ajudava a ser um pouco mais amistosa. Tragou a saliva... O máximo que esteve com uma criança foi com Enrico há meses atrás, em as visita passada. Havia trocado sua fralda. Ele riu, relembrando. Não era uma coisa tão difícil, mas obviamente não o fez perfeitamente. E Dulce, ele riu se recordando, saíra correndo assustada.

Seu sonho lhe veio à mente... Todos os cuidados, as palavras, os gestos... Tragou a saliva franzindo a testa. De onde havia saído esse Christopher tão jeitoso com crianças? De onde havia saído Dulce tão amável, atenciosa...essa mãe coruja que rezou com sua filha antes de dormir? Afinal de contas, esse sonho era seu consciente imaginando uma vida que não vivia mas que queria viver, ou era seu inconsciente retratando algum lapso do futuro? Não tinha a mais mínima idéia daquilo. Mas com certeza, seria muito louco se imaginar com um filho nessa altura do campeonato.

Submergiu com o garoto e saltou fora para a superfície, ouvindo-o sorrir. Penteou seus cabelos para trás com seus dedos. Realmente seria muito louco ter um filho...

Ele gargalhou junto ao menino, e o colocou nas suas costas, fazendo com que ele rodeasse seus bracinhos por seu pescoço. Christopher o segurou pelas pernas e saiu nadando com o garoto nas costas.

Dulce, já mais animada, estava agarrada ao seu pai, enquanto o ouvia cantar uma música velha e engraçada, fazendo-a gargalhar. Fernando percebeu que sua filha estava como ele, um pouco ébria, depois de uma tarde incessante de pura diversão familiar.

A noite começava a se fazer presente... E Dulce pensou que morreria de felicidade esse dia. Conversaram, cantaram, riram juntos... E Dulce estava orgulhosa de sua família. Se portaram bem, fizeram os pais de Christopher realmente se sentirem em casa. E lhe deixava ainda mais surpresa a amizade de Blanca e Alexandra. Riam juntas, fofocavam, conversavam sobre várias coisas... Eram tão diferentes e ao mesmo tempo se compaginavam tão bem entre si. Não havia mais se aproximado de Alexandra como antes. Só chegava perto dela porque Christopher não saía de seu lado nenhum segundo. Sabia que Christopher era atencioso, mas não sabia que ele chegava ao extremo. Passou a tarde inteira conversando com sua mãe, sua irmã, seu cunhado, até mesmo brincava com seu sobrinho, fazendo o pequeno gargalhar. Estava impressionada... Mais que impressionada, diria.

Agora via Christopher como ele era, e por mais impressionante que fosse, via um Christopher família. E sorriu ao se dar conta de que tinha algo em comum. As vezes parava para ficar observando-o fazer sua mãe gargalhar... Observava o cuidado com que ele tratava sua mãe. A beijava, a abraçava com tanto carinho que a fazia sorrir sem nem ao menos perceber. Ele estava um pouco de álcool na cabeça, e o álcool deixava as pessoas sentimentais, porém o álcool também deixa as pessoas a vontade para mostrar o que tanto reprimiam. E os beijos e abraços sobraram tanto para ela, quanto para Blanca, quem ria gostosamente das coisas que ele dizia.

Blanca: Meu Deus, Alexandra...se esse menino não casar logo com a minha filha...eu vou ter que ter outra filha para que ele se case. (Christopher gargalhou, dando-lhe um sonoro beijo na bochecha) Não admito que não seja meu genro.

Ela o abraçou forte, e logo se soltaram.

Chris: Se fizer outra Dulce, eu largo essa... (olhando de soslaio para Dulce que ria encantada)
Blanca: Ah sim?
Chris: Sim, essa veio com defeito de fábrica... (caminhando até ela para abraçá-la)

Dulce fez uma careta e virou de costas a ele, enquanto ouvia risadinhas e piadas.

Claudia: Se fosse eu, não queria mais...
Chris: Mas ela quer... (abraçando-a por trás, enquanto levava a boca a seu pescoço) E como quer! (olhando de soslaio a irmã de Dulce)
Dulce: Se for por isso, também quero outro Christopher Dona Alexandra...um que seja mais alto, mais forte e menos mandão.
Alexandra: Ayy, nem que eu tivesse trezentos filhos, nenhum sairia perfeito como esse... (disse orgulhosa)

Dulce olhou olhos de esguelha e ele estava sorrindo.

Dulce: É, tem razão...não sairia mesmo... (se virando para ele) Diga que quer outra e eu te mato! (disse beliscando o braço dele)
Chris: Auch! (coçando o braço) Estão vendo como ela me trata? (olhando para todos que davam risadinhas)

Dulce foi até a mesa, pegou seu copo e deu um gole. Mal acabou de colocar o copo de volta na mesa, e sentiu como ele a puxava pela mão, fazendo-a quase voar para ele.

Chris: Venha cá... (os dois se olharam) Vamos dançar...

Saiu com ela de mãos dadas, ao outro lado da piscina onde o som estava tocando. Christopher foi até onde os Cd’s estavam e procurou algum que tivesse alguma música dançante, e o encontrou. Deu um sorriso e desligou o som e tirou o CD anterior, tudo sob a mirada de Dulce.