Chris: O que foi?
Dulce: Não está com um cheiro bom. Tira isso da minha frente! (agora com as
duas mãos tampando o nariz)
Chris: Mas Dulce...
Dulce: Por favor! Não vou comer isso!

Ele ficou sem saber o que fazer. Não era o que ela gostava de comer? Olhou para
o prato e arriscou comer um, o mastigou, tentando perceber algo errado...mas
não havia nada, tinha o mesmo gosto de todos.

Chris: Não está ruim. Está gostoso. (comendo outro)
Dulce: Ótimo, então você come isso e eu como seu creme de camarão. (já pegando
o prato dele)
Chris: Sushi não enche meu estomago.
Dulce: Ayy, somando com sanduíches e toda essa batata vai encher sim. Tenho
certeza!

Christopher franziu a testa confuso com tudo aquilo, mas concordou, não
brigaria com Dulce por causa de comida. Jamais! A viu começando a comer,
fazendo uns ruidinhos de que a comida estava excelente. Christopher foi
comendo, não deixando de observá-la. Realmente era fome o seu problema. Dulce
agora comia com tanta avidez que ele ficou com medo de que ela pudesse se engasgar.
Levantou-se da cama e pegou os dois copos com suco que havia pedido. A deu um,
enquanto tomava um gole do seu. Sentou-se de novo na cama e pegou o controle
com a mão desocupada. Pediu para ver o guia da TV e encontrou vários canais de
filmes, até os canais internacionais que as emissoras de televisão do México
disponibilizavam. E colocou em um canal de filmes, viu as opções de filme e
colocou em um que estava começando naquele momento.

Chris: Inglês ou espanhol?
Dulce: Você não precisava perguntar isso! (falando de boca cheia)

Christopher riu e colocou a legenda em espanhol com o áudio em Inglês.

Dulce: Que filme é esse?
Chris: Não faço a mínima idéia.

O filme começava com dois atores em uma sauna, vendo um termômetro que media
mais de 40º graus acima de zero, e Christopher reconheceu um ator.

Chris: É o cara que faz Velozes e Furiosos.
Dulce: Vin Diesel?
Chris: Não, o outro. Não sei como se chama.
Dulce: Humm...e esse outro é do American Pie.
Chris: Ele mesmo. (os dois sorriram) Você já assistiu os quatro?
Dulce: Não, não vi o do casamento e outro que eu não o nome.
Chris: O melhor foi o primeiro, nem perca o seu tempo.

Dulce estirou uma mão para o lado e pegou um punhado de batatas fritas para
colocar no seu prato.

Chris: Acho que pedi pouca comida.
Dulce: Pensando bem...acho que foi. (deu um sorrisinho enquanto colocava duas
batatinhas na boca)
Chris: Eight Below?
Dulce: O nome do filme. (mastigando)

http://www.interfilmes.com/filme_15891_Resgate.Abaixo.de.Zero-(Eight.Below).html

Dulce: Ayy Cielo...olha os cachorrinhos! Quero
Simba! (fingindo choramingar)

Pouco a pouco o filme foi conquistando aos dois. E após comerem, deitaram-se na
cama para assistir melhor. Dulce estava com a cabeça recostada no ombro de
Christopher, e sua mão envolvia-o na barriga. Os soluços dela voltaram a ser
escutados à medida que o filme continuava. Christopher franziu a testa,
sentindo como suas lágrimas quentes resvalavam por seu peito. Dulce chorava
quase desesperadamente na última cena do filme. Realmente o filme era
emocionante algumas partes, mas não era para aquilo tudo. E quando filme
acabou, ela se sentou na cama aplaudindo enquanto soluçava compulsivamente.

Dulce: Que...lindo...

Christopher abriu um sorriso e se sentou na cama também. Quando Dulce se voltou
para ele, descobriu um rosto vermelho, os olhos vermelhos...e sentiu sua pele
quanto quando a tocou no rosto.

Dulce: Quero que Maya...cruze...com Simba...

http://media.movieweb.com/galleries/3579/2303/lo/cot.jpg

Ele caiu na gargalhada, enxugando as lágrimas dela. Tocou a testa dela outra
vez, percebendo-a quente e desfez o sorriso.

Chris: Você se sente bem?
Dulce: Não... (soluçando)
Chris: O que você tem? (disse ele tocando-a no pescoço, sentindo-lhe a
temperatura, que estava elevada por sinal)
Dulce: Acho que...estou com...dor de cabeça...(levou as mãos e agarrou sua
cabeça)
Chris: Humm...melhor se deitar e dormir um pouco...

Mas Dulce continuou chorando.

Dulce: Que filme...lindo...(passando as mãos nos olhos para enxugar as
lágrimas) Foi lindo...
Chris: Sim, agora deita aqui.

Ela fez o que ele pediu e Christopher levantou-se, a cobriu até o pescoço.

Chris: Talvez dormindo um pouco você melhore.

Ele se agachou até ela e lhe deu um beijo na boca, somente encostando seus
lábios nos dela.

Dulce: Você já vai? (ela sussurrou ante seus lábios)
Chris: Sim...

Ele lhe deu um beijo mais e se afastou dela. Dulce somente ficou encarando-o,
sentindo como seus vales de lágrimas não secavam, mesmo que tivessem silenciado
um pouco. vendo como ele desligava a televisão, colocava os trastes sujos sobre
a mesa e logo depois se encaminhava para onde suas roupas estavam, vestindo-as
uma por uma. Mas não calçou os sapatos, os levou na mão até a porta.

Chris: Boa noite.
Dulce: Te amo...

Ele girou a maçaneta e abriu a porta, ainda virado para ela com um sorriso no
rosto.

Chris: Eu também... (desligou as luzes) Até amanhã.
Dulce: Até, bebê...

Christopher então deu as costas para o quarto
escuro, fechando a porta atrás de si. Olhou para os lados e foi caminhando
rapidamente para o seu, que ficava a três quartos do de Dulce. Quem ainda
estava com os olhos abertos tentando se acostumar com a escuridão. Mais de um
mês sem ele...e Christopher nem cogitou a possibilidade de dormir com ela. Por
quê? Queria que ele ficasse! Necessitava sentir os braços dele em volta dela,
amparando-a a qualquer momento. Queria tanto que ele estivesse ali... Fechou os
olhos com os pensamentos voltados a Christopher...

Queria que ele estivesse ali, que abraçasse seu corpo...e que lhe desse um
beijo na nuca, tão suavemente que nem sentisse.

E não soube responder se o que estava acontecendo ali, fosse ou não...um sonho.

Dulce levantou a cabeça pela oitava vez naquela
noite. Noite? Abriu os olhos devagar e via alguns feixes de luz penetrar no
quarto pelas frestas da cortina. Estava com tanto sono que sentia a cabeça
pesada, e seu corpo se negava a se mexer, como se estivesse totalmente
anestesiado. Foi assim a noite inteira. Mas agora já não podia agüentar segurar
a bexiga. Doía-lhe em proporções infernais. E constatou que felizes eram os
bebês que não precisavam se levantar para fazer nada. Faziam nas calças, mesmo
dormindo. E ela queria fazer isso. Não queria precisar se levantar para ir ao
banheiro. Mas pela a oitava vez, sua bexiga doía mais que o pensamento de se
levantar.

E tomando coragem, afastou a coberta e se sentou na cama de uma vez, sentindo
como os pêlos de seu corpo se eriçavam por causa do vento gelado do
ar-condicionado. E com um olho fechado e o outro aberto foi se encaminhando
para banheiro. E bocejando, apertou os olhos ainda caminhando, só que não
contava com um empecilho em seu caminho...

Tropeçou em algo, se projetando para frente com violência. E somente não caiu
porque abriu os olhos de uma vez e se segurou na parede que estava perto. Dulce
disse um palavrão e virou-se para ver o que era. Estava escuro, não conseguia
ver absolutamente nada. Foi até as janelas e correu as cortinas iluminando o
quarto. Virou-se para ver o que tropeçou...ainda com raiva, sentindo que depois
desse susto estava totalmente desperta. Não adiantaria mais se deitar, porque
ela sabia que não mais iria conseguir dormir.

Dulce: Quem colocou essa bosta aí?

Coçou os
olhos devagar e foi caminhando para o banheiro. Quando ia trespassando a porta,
voltou-se rapidamente, notando algo estranho. Aquela mala não era a dela. A
dela era verde escura e não preta. A dela era muito maior do que aquela. Aquela
não era sua mala! Como em câmera lenta ela levantou a vista para a cama...e o
encontrou ali.

Bateu as pestanas duas vezes para se certificar que ele realmente estava ali.

Ele estava ali, deitado de barriga para cima, com a cabeça voltada contra a
janela. O lençol o cobria até sua clavícula, pois seus braços estavam de fora
do cobertor, um descansado ao lado da cama, e o outro em cima de seu peito,
cruzando o corpo. Tragou a saliva se perguntando o que ele estava fazendo ali.
Lembrava muito bem que ele disse que não dormiria ali. Mas isso estava longe de
ser uma coisa ruim para ela. Elevou as comissuras dos lábios em um meio sorriso
e deu a volta entrando no banheiro.