Dulce: Quero fumar um cigarro...

Disse Dulce com a voz chorosa ao entrar no quarto e jogar a mochila em cima da cama. Christopher quem vinha logo atrás dela se deteve para fechar a porta e logo se virou para ela com um sorriso no rosto.

Chris: Sem comentários...
Dulce: Quero fumar! Vou ficar louca!

E saiu andando atrás de um cigarro dentro de sua bolsa. Quando encontrou uma das carteiras, sentiu sua língua nadar dentro de sua boca. Cheirou o cigarro com um sorriso no rosto e foi logo pegando o isqueiro.

Dulce: Vou fumar...só um...

E ficou olhando para sua mão vazia. Christopher acabava de arrebatar a carteira de sua mão. E o isqueiro também.

Chris: Ninguém é mais criança aqui, Dulce. (disse ele pegando a lixeira, jogando o isqueiro no lixo e esfarelando os cigarros para que ela não pudesse mais utilizar nenhum)

Dulce ficou olhando-o com a boca aberta, perplexa. Enquanto seu cérebro captava as palavras de Christopher. Tragou a saliva que quase transbordava de sua boca, e suspirou resignada a aceitar o que ele havia dito.

Dulce: Tudo bem... (ergueu-se) Não vou fumar. Mas cada vez que eu tiver vontade...você tem que me dar um pirulito, ou um chiclete. Fechado?
Chris: Fechado! Estrague seus dentes, mas não seus pulmões. (disse ele rindo)

Ela estendeu a mão a ele para selar o acordo e ele prontamente agarrou a mão dela com a sua.

Chris: Enquanto sua mãe não está aqui, eu que mando, ok?
Dulce: Ok, general. Estou às suas ordens. (e bateu continência)
Chris: Certo... (sorriu) então vá logo se banhar, que eu vou pedir sua comida. (disse ele virando-se para sentar-se na cama, estendendo as mãos ao telefone)

Ela se abaixou para pegar uma toalha e ele chamou o serviço de quarto, fazendo seu pedido. Quando ele baixou o auricular, ela já estava de pé somente com a roupa interior, uma calcinha e um sutiã rosa-choque, e com outro sutiã azul-bebê por cima. Ele franziu a testa, não entendendo o porquê de dois sutiãs.

Chris: Por que dois?
Dulce: Deixa maior. (comentou ela com um sorriso)

Ele riu sem acreditar naquilo.

Dulce: Christopher, não venha me dizer que são grandes, porque não são.
Chris: Bom...não são exageradamente grandes como todos falam, mas está em uma medida ótima. (ela sorriu ao ver o sorriso dele) Eu gosto deles assim.
Dulce: Ok...mas você acha bonito eles assim? (disse jogando os cabelos para trás, dando uma visão quase privilegiada aos olhos de Christopher)

Ele deu um sorrisinho com o canto da boca com a resposta na ponta da língua.

Chris: Talvez se me deixasse vê-los um pouco melhor...eu possa te dar uma resposta.

Ela gargalhou, jogando a toalha sobre o ombro.

Dulce: Canalha!

Dito isso, ela deu meia-volta entrando no banheiro.

Christopher riu, desabotoando a camisa xadrez. A arremessou em cima de uma cadeira e caiu na cama, suspirando por esse intenso dia...e pelas revelações que ele trouxera. Ainda havia mais coisas a serem discutidas, mas isso eles fariam com o tempo...aprenderiam com o tempo, e conseguiriam com o tempo.

Depois de duas horas, Christopher colocou os óculos de grau e sentou-se se encostando à cabeceira da cama, com o notebook em cima de um travesseiro. Observara Dulce comer, ele próprio comeu também, tomou banho, escovou os dentes, vestiu uma cueca qualquer e agora estava pronto para começar mais um rojão diante da tela do notebook. Ergueu os olhos e viu Dulce passando mil e um cremes pelo corpo. E aproveitou esse momento para começar logo de uma vez uma das últimas etapas de seu projeto, começado há muito tempo antes de Dulce, há exatamente três anos. Ele deu um sorrisinho, estava bem adiantado... E mais ou menos em um mês, por fim, mais uma etapa de sua vida se encerraria, para logo começar outra...

Começou a dedilhar rapidamente no notebook, sem fazer muito ruído. Para não despertar a curiosidade de Dulce...

E alargou ainda mais o sorriso ao ouvir como celular de Dulce tocava, isso dizia que ele teria tempo bastante de adiantar mais ainda seu projeto...

Blanca: Te acordei?

Dulce: Não, ainda não estava dormindo.
Blanca: Como está, meu amor?
Dulce: Mais conformada.
Blanca: Me alegro em ouvir isso. E como estão as coisas? Está se sentindo melhor hoje?
Dulce: Um pouco.
Blanca: Se sentiu mal? Algum enjôo?
Dulce: Não, isso não. Mas hoje foi um dia bem difícil... (suspirou encaminhando-se para a porta da varanda que estava aberta)
Blanca: E por que?
Dulce: Conversei com Christopher.
Blanca: E como foi?
Dulce: Difícil...muito difícil. (ela se afastou mais um pouco para ter mais privacidade)
Blanca: E como ele reagiu?
Dulce: Não reagiu, ficou perplexo assim como eu.
Blanca: E se distanciou?
Dulce: Não, muito pelo contrário se aproximou ainda mais. Cuidou de mim, me empurrando comida...e a tarde conversamos melhor.
Blanca: Fico aliviada. (suspirou) Sinceramente, não esperava nada diferente a isso. Christopher é muito jovem, mas parece ter a cabeça muito boa.
Dulce: Eu fiquei com medo...
Blanca: A paranóia de sempre. (debochou ela)
Dulce: Mas mamãe...por mais que ele esteja do meu lado...eu sinto que ele está tão ou mais abalado do que eu. Eu o conheço, sei que no fundo ele está sofrendo e muito.
Blanca: Claro que está, Dulce! Daqui a oito meses ele será pai! É normal que ele esteja com medo assim como você também está. Vocês são jovens, tinham um futuro inteiro pela frente...mas agora terão uma criança, uma responsabilidade muito grande pára alguém tão jovem. Você tem que entendê-lo, também.

Dulce: Eu sei! Eu o entendo! E sinto como se estivesse arrancando algo dele! (falou baixo para que Christopher não pudesse ouvir) Ele é quase um adolescente!
Blanca: Você também! Mas o que podemos fazer? Aconteceu porque Deus quis que acontecesse assim.
Dulce: E se ele me deixar mais adiante? Se ele não agüentar a pressão?
Blanca: Vai demonstrar que ele não te ama tanto assim como disse.
Dulce: Não estamos falando de amor, eu sei que ele me ama.
Blanca: Se você sabe, não há motivo algum para ter medo.

Dulce suspirou, e logo mudou de assunto.

Dulce: Onde a Senhora está?
Blanca: Em Madrid.
Dulce: Já chegou?!
Blanca: Sim, quase agora. Só deu tempo de entrar no quarto do hotel e pegar o telefone.
Dulce: Talvez só cheguemos a Madrid depois de duas semanas.
Blanca: Pela sua agenda, depois do primeiro show vocês terão uma semana de descanso.
Dulce: Sim, pelo menos isso.
Blanca: Acho que devemos ir a algum lugar calmo para conversarmos. Longe da imprensa. Longe de seus companheiros. Longe de tudo o que os cercam. O que você acha?
Dulce: Sim, precisamos disso.
Blanca: O que acha de Ibiza?
Dulce: A ilha?
Blanca: Sim. Praia, sol...e muitas emoções.

Dulce franziu a testa escutando sua mãe rir desmedidamente, e de uma hora para outra ela parou e aclarou a garganta. Aquilo estava estranho...

Blanca: Temos que ir a um médico também, você sabe. Por falar em médico...você está bem?Está comendo direitinho?
Dulce: Tanto que já sinto minha roupa apertada demais.
Blanca: Eita que exagero!
Dulce: É sério, estou ficando gorda!
Blanca: E vai ficar mais ainda. (rindo)
Dulce: Nãooooooooo... (choramingou ela) Não quero!
Blanca: Talvez devamos ir a uma nutricionista também. Talvez com uma dieta rica, você possa não engordar muito.

E as duas fizeram silêncio por um instante. E Dulce sentiu que uma pergunta brincava em seus lábios...